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                   ELIAS DE OLIVEIRA E  SILVA 
                  (  Brasil   -  Piauí  ) 
                   
                  Nasceu  em Piripiri, a 15 de fevereiro de 1897.  
                    Membro da Academia Piauiense de Letras.  
                    
                                      Por Elias de Oliveira e Silva,  neto do poeta...
                   
                  CRIMONOLOGIA DAS MULTIDÕES  
                    
                  Elias de Oliveira e Silva nasceu na  terra piauiense de Piripiri. Cultivou o soneto, quando moço - o soneto terno,  voltado para a mulher nos seus atrativos físicos. Conheci-o em Fortaleza -  elegante, cabeleira basta, olhos amortecidos de carcamano, inteligência ágil.  Vi-o mais de uma vez na tribuna do júri. Argumentador seguro e culto. Palavra  fácil, por vezes irônica. Grande estudioso de ciência penal. Escreveu valiosas  obras jurídicas, discutindo impostos, intervenção federal nos Estados, crimes  de incêndio e outras matérias. O livro que o colocou entre os mais conceituados  no assunto chamou-se "Criminologia das Multidões", estudo de  psicologia coletiva aplicada ao direito criminal. Problema curioso e complexo o  da multidão criminosa. Franceses e italianos lançaram os fundamentos de um  estudo longo e difícil, mas lacunoso. O mais integro que conheço é o de Scipio  Sighele, nomeado "A Multidão Criminosa".  
                    
                  No campo da arte, ninguém ofereceu  pintura magnífica do crime coletivo como Zola, em "Germinal".  É verdade que outros escritores célebres procuraram revelar a psicologia das  multidões, como d'Annunzio, Sienkiewicz, Hugo, Manzoni - mas Zola mostrou-se  real com os seus neuróticos, os seus anormais, os inoculadores do veneno da  loucura no corpo coletivo.  
                    
                  No meu entendimento, Sighele tem  falhas que foram supridas por Elias. Certíssimo o conceito de multidão no  jurista piauiense: multidão não é o povo que circula, as massas que compõem a  Nação, o público que enche as artérias de uma cidade. Há de compreender-se a  multidão, inicialmente, no seu sentido psicológico. Não há multidão sem  organização, embora provisoriamente, casual, provisória. Sustenta Elias que a  multidão é o agrupamento provisório e heterogêneo de pessoas, instantaneamente  organizado, com um objetivo qualquer e cujos caracteres reproduzem, exagerados  pela sugestão, finalidades comuns inferiores da maioria dos componentes,  preponderando especialmente as tendências instintivas e bestiais reclamadas ao  inconsciente.  
                    
                  Esse recalque constitui o grande  responsável pelo crime da multidão. Elias fez o que raros fizeram: buscou um  gênio para a explicação da violência das multidões - Freud. Ainda não houve  quem derrotasse Freud. Certa vez observei que os recalques freudianos estão até  nas manifestações dos campos de futebol, como nas arenas das touradas  espanholas.  
                    
                  Grande jurista esse hoje esquecido  Elias Oliveira e Silva. Talvez não o conheçam os universitários piauienses dos  cursos jurídicos ministrados pela Universidade Federal do Piauí. O Piauí será  sempre assim: despreza os talentosos homens de inteligência que aqui nasceram.  Só os de fora prestam. Santo de casa não faz milagre.  
                  Fonte:  http://profcarloselias.blogspot.com/ 
                    
                  
                  ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por]  Félix  Aires.  [Teresina: 1972.]   218 p.      Impresso no Senado Federal Centro  Gráfico, Brasília.                                 Ex. bibl.  Antonio Miranda 
                    
                    
                   REVELAÇÃO 
                     
                    Sei que pensas em mim, sei  que, em teu seio, acesa, 
                      Brilha a flama do amor, perfumada de  incenso... 
                      Sei que sorves também, como sorvo, agro  e intenso 
                      Fel, que é amar e trazer, ao silêncio, a  alma presa... 
   
                      Sofres muito talvez... Quem ama sofre imenso... 
                      Mas, no amargo sofrer, quanta delicadeza! 
                      Quanta suave esperança, ao teres a certeza 
                      De que te amo e que em ti a todo instante penso!... 
   
                      Quero ver-te feliz, ligada ao meu destino... 
                      Buscas anseios de vida! Esta dívida louca 
                      Que te oprime e tortura é um martírio divino. 
   
                      Não te canses! Confia! E os tormentos e abrolhos, 
                      Ao sol da fé, serão risos em tua boca 
                      E esplendores de estrela a fulgir nos teus olhos!... 
   
  
                    
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                  http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/piaui/piaui.html  
                    
                  Página publicada em março  de 2023 
                
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