NADJA NAIRA SILVA E SILVA

Nasceu em 28-07-1949, em Pernambuco.  É psicóloga, poeta e artista plástica.

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO  ESTADO DO MARANHÃO.   Dilercy Adler, org. São Luis: Estação  Produções Ltda, 1998.  108 p.  Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil        Ex. bibl. Antonio Miranda

MISTÉRIO DIVINO

 

Sentir o coração pulsando,
Mãos se entrelaçando,
Sangue latejando,
Carinho desabrochando
É um mistério divino.

 

É sonho, terna esperança,
Candura, paz, criança,
Entardecer, luar,
Cantiga de ninar.
Manhã que vem surgindo.

 

Meu coração se alegra,
Está pronto para a entrega,
Bate feliz e descompassado.
Como é simples e bela,
Mesmo com longa espera
A emoção de estar ao teu lado.

 

Nossos olhos se encontram.
É ternura que espanta
E um brilho resplandece.

             De repente,
Alegres, úmidos
Não sei se de lágrimas,
De amor,
ou simplesmente
É uma prece...

TAREFAS

 

 

Olho o céu, o mar, o sol.
Sinto o vento, o frio, o calor.
Compreendo que tudo, numa reação de amor,
se funde
na participação com o universo...
Vejo as pessoas a se cruzarem,
se encontrarem
se entrelaçarem.
Percebo, então,
uma rede de relações,
De tarefas, a serem compartilhadas,
Semelhantes àquelas,

                   amorosamente, divinamente
vividas pela natureza...
Esta dança mágica me deslumbra,
enternece,
para que eu,
no meu mais profundo ser,

                   possa encontrar-me.
E junto a cada um
com quem compartilhe,
realize com simplicidade
minha tarefa de amor...
Amo o sol, o vento, a luz, a vida, o mar.
a flor, a alegria, amo a dor
e, acima de tudo, amo o amor.
Assim, amo as pessoas,
amo a ti
num desejo profundo
de partilha, paz
e luz...

APENAS NÓS...

 

 

Eu te olhei, tu me olhaste

Te toquei, me tocaste,

Me assustei, sorriste.

Um mundo de ternura nos invadiu

                   Por inteiro.
Então, é só viver e amar,

                   Simplesmente ser.
Lentamente, o sentimento flui, e,
Te inquietas, me inquieto
Te angustias, me angustio
Tens medo, me amedronto.

 

                   Aos poucos,
Te acalmas, me acalmo
Como no aconchego do ninho;
Tudo é simples, doce,

                   Mágico e lindo.
E nos perguntamos:

                   —O que é isto?

                   Que envolve tanto, tornando-nos tontos?

                   Amedrontados?

                   Talvez impotentes?

                   —O que é isto?
Senão o que:

Nos deixa frágil,

Nos faz criança,

Nos transforma em pessoa,

Nos permite ser,

Nos torna homem e mulher,

Apenas nós... 

 

         OFERENDA

Mais uma vez, com toda a saudade,
Estou a ofertar-te o meu carinho,
A se expressar com serenidade
Em cada flor do caminho...

 

À noite, no céu estrelado,

Brinco contigo a sorrir.

Na madrugada, num jasmim orvalhado,

Desejo tua vida florir.

 

O tempo não é estático... Assim, corre e avança.
Conservo, entretanto, docemente na lembrança,
A alegria infinda do sonho que sempre quis.

 

O laço que, na eternidade, firmei contigo,
Reafirma-se, na força, do abraço amigo,
Na amizade, que me faz tão feliz...

 

 

Página publicada em outubro de 2019