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GERALDO VALENÇA


 

Natural de Pemambuco (Pesqueira, 8 de maio de 1926 — Recife, 13 de junho de 1991). Magistrado. Publicou A Rosa Jacente, ultimo lançamento do Gráfico Amador, com desenhos de Adão Pinheiro (Recife, 1960). Em 1989 publicou "A Rosa Total" pela editora Belo-Belo, de Maria de Lourdes Hortas. Colaborou ativamente no Suplemento Literário do Diário de Pemambuco na fase de Mauro Mota.

 

 

 

BALADA DO MORTO

 

Senhores de tantas terças,

Que me olhais com tanto enfado,

Vos dispenso a companhia,

Que agora aqui deste lado,

Espada não tem valia,

Não tem valia soldado,

Não tem vento ou calmaria.

Não é noite, não é dia,

Que é o mesmo tempo parado

Senhores que assim me olhais

Com esse olhar de espanto e medo,

Vos dispenso a companhia,

Que aqui neste degredo,

Já não vale este engomado

Paletó sobre o meu peito,

Nem no rosto contrafeito

Este cravo perfumado

Senhores de tantas penas,

Doravante, doravante,

Cada um para o seu lado,

Que esta porta de alfazema

Nos separa a cadeado

Nesta estrada que começa

No lençol branco e estirado,

No farol de espermacete

Que mostra o rumo enjeitado

Senhores de tantas arcas,

Que me olhais com tanto sono,

Vos dispenso a companhia,

Que há tanto a contar sem dono

Nesta alfândega tão fria,

Neste ermo almoxarifado,

Que a ferrugem já corrói

Os brincos da arquiduquesa,

A pulseira da princesa,

A medalha do herói

Senhores de tantos truques,

Que de soslaio me olhais,

Vos dispenso a companhia,

Vossos pombos, vossos coelhos,

A capa, vossa bengala,

0 lenço, vossa cartola,

Que por trás desta alfazema,

Sei entrar na vossa sala,

Sei tomar a vossa fala,

Sei transpor o vosso muro,

Vos achar dentro do escuro,

Sei sair sem ter chegado,

No parto que o susto inventa,

Um siamês em vós pregado

Flutuar e ser levado

Por esses ventos tão tristes

Com que a noite arrebanha

Os que são da sua escolha,

Senhores de tantos risos,

Tantos frisos, tantos guizos,

Tantas vinhas e caminhos,

Tantas rosas, tantas prosas,

Vos dispenso a companhia,

Que ora aqui neste apertado

E oco distrito comum,

Lado a lado, ai, lado a lado,

Dormem a dama e os seus sapatos,

Qual se atados num cadarço,

No grude de um só cansaço,

No sono somente de um

Doravante, doravante,

Cada um fique calado

Nossa conversa não quer

Resposta do perguntado

Cada um com seu soluço,

Seu porão de esconderijo,

Seu amuo, sua quizila

Cada um com sua algema,

Seu queixo duro, entrevado,

Que esta porta de alfazema

Fecha somente de um lado,

Nos separa, nos separa,

Faz de mim vosso intrigado

 

OFERENDA

 

Vos dispenso a companhia,

Que logo serei levado

Por esses ventos tão tristes

Com que a Noite arrebanha

Os que são da sua escolha,

Os que são do seu cuidado.

 

 

 

Extraído de POETAS DA RUA DO IMPERADOR. Recife: Pool, 1986.  Coletânea em homenagem ao Dr. F. Pessoa de Queiroz  e ao jornalista Esmaragdo Marroquim.

 

Página publicada em outubro de 2009.

 


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