| MARIO  LIMEIRA ALVES   Nasceu em Santa Cruz  do Capibaribe, Pernambuco, em 1918.  Funcionário do Ministério da Saúde. Em 1962, à época da edição da antologia  aqui abaixo, ele também figurava na “Antologia da Nova Poesia Brasileira”,  organizada, em 1945, por J. G. de Araújo Jorge. Colaborava em “A Ordem”, órgão  do Centro D. Vital, do Rio de Janeiro.
            NOVELO
 Nunca foi tão longo o  olhar
 Nesse  envolvimento a si mesmo
 Como  de infinito fio de seda.
 
 Cresce,  cada vez mais, o novelo
 E  só o olhar existe em sua massa.
 
 Não  o olhar de mar — peixe,
 O  dorso nu roçando no lodo
 Acumulado  em séculos, oh, não!
 
 Nem  o olhar ele mesmo
 —  Mas o olho, a visão
 Que  se contempla sem espaço
 
 E,  lenta — dentro do finito
 Tempo  — te tece, ó Morte!
            RESUMO-SONO
 O sono da noite  chegou. Chegou
 Com  a noite, chegou a noite.
 
 Dormir.  Dormir, sim, dormir
 Deixando  o passado sem lembrança. Dormir
 Deixando  toda a possibilidade de futuro
 Como  se já fosse para a sepultura.
 Dormir,  oh, dormir, esquecendo
 Que  é preciso acordar.
 
 Chegou  o sono à noite
 Chegou  a noite do sono
 Chegou  o sono da noite
 
 Sono,
 Noite  ave-agourenta
 Quando  o coração é pesado.
 Noite,
 Sono  ave-de-libertação
 Quando  quanto mais profunda
 Sob  as pálpebras da alma
 Tão  leves como asas
 Ao  vento...
 
 Sono  da noite, irremediavelmente noite.
 Noite  do sono, irremediavelmente sono.
 Ressumo-sono  de todas as noites.
 Resumo-noites  de todos os sonos.
 
     TEXTOS  EM PORTUGUÊS – TEXTO EN ESPAÑOL       OLIVEIRA,  Joanyr de, org.  Poetas de Brasília.   Brasília: Editora Dom Bosco, 1962. 107 p    16 x 22cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda
       TEXTO  EN ESPAÑOL    SOLEDAD
 En el cielo, como una  estrella
 estoy  solo.
 Solo  como una oración
 que  sube plena
 hasta  Dios.
 
 ¿Quién  puede agarrarse al viento
 si  no los ventos mismos
 que  se dan las manos
 y  se vuelven a los espacios
 “leve,  leve”?
 
 La  noche está sin luna —
 solamente  con su oscuridad,
 su  soledad, su silencio.
 
 Hay  una estrella, solitária
 en  el cielo... (me quedo,
 pensativo,  ante su destino).
 
 |