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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SIMBOLISMO – POETAS SIMBOLISTAS

DOMINGOS DO NASCIMENTO

DOMINGOS DO NASCIMENTO

 

 

Entre os precursores do simbolismo, Andrade Murici concede um lugar a Domingos do Nascimento, asseverando que em Trenos e ArruÍdos (1887) mostrava tendências para o novo estilo. Silveira Neto, citado por Murici, toma a poesia de Domingos do Nascimento como "típica desta linha de transição".

 

Pré-simbolista ou não, o fato é que Domingos do Nascimento colaborou nas revistas do simbolismo, participando do movimento; mas não publicou livros posteriormente a Trenos e Arruídos, ficando esparsa a sua produção.

 

Nasceu Domingos Virgilio do Nascimento em Guaraqueçaba, no litoral do Parana, em 31 de maio de 1863. Foi republicano e seguiu a carreira das armas, chegando a major de artilharia. Exerceu o jornalismo e atividades políticas, conseguindo uma cadeira de deputado estadual. Faleceu em Curitiba, em 30 de agosto de 1915. Muito relacionado com os simbolistas do Paraná e mesmo gaúchos, foi figura de certa evidência nos círculos sulinos da escola.

 

BIBLIOGRAFIA DO AUTOR

 

Revoadas, Rio, 1883; Trenos e Arruídos, Rio Grande do Sul, 1887. Anunciava Dona Mística.

 

PÉRICLES EUGÊNIO DA SILVA RAMOS, in  POESIA SIMBOLISTA Antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1965, p.294-296.

 

 

 

MEU LAR!

 

(CANÇÂO)

 

 

Eu sou da terra dos lírios bravos

Que pendem a haste por sobre o mar.

Por entre lírios vermelham cravos...

Branco e vermelho... fico a cismar!

Fico a cismar nos lírios e nos cravos

Que pendem a haste por sobre o mar.

 

Minha casita branca de neve,

Com telhas rubras, era um primor.

Minha casita que encantos teve...

Hoje tapera, sem riso ou flor!

 

Fico a cismar na graça que já teve...

Com telhas rubras, era um primor!

 

Olha as moçoilas subindo os montes,

Chapéu de palha, saiote curto!

Belas morenas descendo as fontes,

Bilhas à coifa, pezinho a furto...

Fico a cismar nas moças lá dos montes,

Chapéu de palha, saiote curto.

 

E a minha dama era alva de neve,

De lábios rubros, botão de flor.

A minha dama que olhos já teve,

Escrava agora de outro senhor!

Fico a cismar nos olhos que já teve,

De lábios rubros, botão de flor.

 

Eu sou da terra dos brancos lírios,

Dos lindos mares, bravos, chorosos...

No céu escuro crepitam círios,

E os ventos gemem, tristes, saudosos!

Fico a cismar que velam tantos círios

Os lindos mares, bravos, chorosos...

 

A dor eterna seja contigo,

Coração fiel, mar tormentoso!

Meu companheiro, meu velho amigo!

Quando te sinto soberbo e iroso,

Fico a cismar em ti, que estás comigo.

Coração fiel, mar tormentoso!

 

Eu sou da terra dos liriais...

...Branca de neve... seios de amora...

— Que lindo rastro nos areais!

A noite foge, resplende a aurora...

Fico a cismar por sobre os areais:

— Branca de neve... seios de amora...

 

0 mar soluça beijando a praia...

— Não mais te beijo, botão de flor,

A onda ruge, a onda desmaia...

Gemo... Saudades de tanto amor!

Fico a cismar se aquela flor desmaia...

...Não mais te beijo, botão de flor!

 

 

Murici divisa nesta canção influência pastoril portuguesa, embora "temperada por fresca e delicada cor local". Nas sextilhas o 6.° verso repete o 2.°; o 5.° verso é decassílabo; os

outros, eneassílabos.

 

 

 

SEMPRE

                                                                 

Quando outrora parti, era em plena alvorada,

A estrela –d’alva ardia ao cimo da montanha.

E do planalto olhando, oh surpresa tamanha!

Morria a estrela-d’alva à beira-mar  tombada...

 

E me vendo passar nessa corrida estranha

Da mocidade em flor, me disse a sorte airada:

- Como hás de ser feliz em tua glória, ganha

Nesta da vida esconsa e misteriosa estrada?!

 

Desci: e anos sem fim, sempre visões ignotas

Que almas fazem gemer, como naus entre fráguas

Numa desolação atroz de velas rotas...

 

Ó taças de cicuta! Ó flores de ópio! Trago-as

De parceis em parceis, de ilhotas sobre ilhotas,

Olhos para o alto-mar das infinitas mágoas!

 

 

 

 

MURICY, Andrade.  Panorama do movimento simbolista brasileiro. Volume 1. Revisão crítica e organização da bibliografia por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, Instituto Nacional do Livro, 1952. 382 p.  Impressão Departamento de Imprensa Nacional.  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação família de Marly de Oliveira.  

 

VERSOS DE UM DECADENTE

Grotas vencendo, túneis bifurcando,
Garimpa o comboio o Cubatão; — parece
Uma enorme serpente aos silvos curveteando,
Guizos tinindo, a cauda e S...

Alma! Contempla o vasto panorama.
Ergue o olhar, se inflama,
V}e como rola célere a torrente...

Rilha o comboio, rilha sobre os trilhos,
Ringe entreabrindo a luz, ronda fechando a treva;
Salta os abismos, rasga as densas matas.
Na corrida precipite que o leva,
Rilha o comboio, rilha sobre os trilhos,
Entre rumores de cascatas...

Chéu... Chéu... Chéu...
Uma nesga de mar! A orla da serrania!
Fremem as matas, ri a casaria;
— O abismo... o nevoeiro... a serra... o céu!;;;
Grotas vencendo, túneis bifurcando,
Grimpa o comboio o Cubatão; — parece
Uma enorme serpente, a cauda em S...

Como o animal bravio
Que a flecha transpassou, ruge, redobra o salto,
Cambaleia, e de novo arranca em disparada,
Para cair além... para não mais se erguer;
— Galga o comboio a borda do planalto,
As entranhas em chama, o flanco luzidio,
Num bramido possante de metais,
Num bramido que vai de quebrada em quebrada,
Para cansar, para morrer
Entre coxilhas e pinheirais.

Perdendo a vida ardente que a acrisola,
A serpe enorme — de aço resfriado —
Não mais ruge, nem rilha, nem mais rola
Pelo destino que lhe foi traçado.

Já não ruge, nem rilha, nem mais rola...

— Tal um comboio, após a impetuosa carreira,
Ó alma, não mais tens a tua nevrose ardente!
Outra nova clareira no presente?

(1893)

 

 

Página publicada em setembro de 2009; amplidada e republicada em abril de 2015

 

 

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