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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

ADRIANO SMANIOTTO 

 

Nasceu em Curitiba-PR em setembro de 1975. Publicou os livros de poemas Arcano (Editora Ócios do Ofício, 1995); primeiro poeta a ser publicado na Coleçâo Sapatos Tortos (FCC, 1997); Regra de três (parceria com David Nadalini e Fernando Koproski (Editora Ocios do Ofício, 1998); Vinte vozes de uma mesma veia (Ed. do Autor, 1999) e Versejar a voz do ser é ser de si algoz (Fundação Cultural de Curitiba/Imprensa Oficial do Paraná, Curitiba, 2000).

 

nasci em uterina. 
meu pai: um sêmen intrometido.

nenhum trauma 
a não ser o fato do dono do meu pai 
se zangar por eu lhe chamar avô 
e a rainha de lá insistir que eu devo lhe respeitar

me graduo em poesia 
stricto sensu: cacto doutor.

ganho e levo a vida 
como este abarrotado de estranhos 
vindos de curitiba, nova iorque, rei-na-barriga 
cheios de explicações e famílias

talvez por não tê-las 
é que me ocupo a jorrar estes seres parecidos com papai

dia desses 
numa uterina 
que segundo a polícia 
não era a minha 
sua dona 
imaginem 
gemia 
e insistia 
pra eu ficar

*

fui eu quem guardou 
as manhãs dos soropositivos 
e dos outros filhos deste caos

 

estão comigo... 
se não as encontro 
então os sãos 
insistem em continuar sorrindo

quem puder sair de seu almoço 
com arrotos de tudo bem 
tudo bem coma como um porco 
tudo bem coma coma um porco 
só não venha me dizer que é poeta

o vício da poesia implica algumas abstinências:
de focinheira 
de linhas 
de vida

essa/ poucos ouvidos sensíveis, nem nos quer

fui eu quem tentou apreciar o prazer dos verbos 
ganhei no lugar vãs filosofias e uma única razão:

fui eu que inventei o mundo que chamam mal-estar.

*

elas sempre ficam mais belas depois do fim. 
daí revelam as mentirinhas dissimuladas.

nada de mais se você não for daqueles 
que se matam perdida a primeira 
azar se acha que besteiras de vidas falidas a dois
são pra colecionar

vai, ferido, e aprende a namorada
que são os livros

no silêncio sem amigos 
urgem úteis conselhos

ouve: amor - mútuo egoísmo!

*

patrícia claudino das vísceras
filha legítima da dor
que falta de amor nos faltou?

foi em vão esperar pêlos brindes, 
os anos não nos medicaram

pede, por favor, poeta, 
à mãe sublime 
que me dê seio 
família em teu lar

patrícia claudino das vísceras 
quem nos roubou chama-se paz!

                                                                         (De balé mal resolvido)

*

quando cantares tua dor em poemas,
chama-os por números,
que é melhor teres no fim
uma soma ou teorema,
que sinônimos.

 

1.

considera as linhas por mim escritas
como um roubo à energia do sol 
um convite a escurecer o dia

no enfim de religar-me ao só 
iniciei uma multidão de apatias. 
versejar a voz do ser é ser de si algoz

2.

tolos nós fazemos versos.
velhos e novos
os outros se interessam por ouro.

da prata o que temos é um prato frio 
ou a leve semelhança destas palavras. 
é pra poucos ser vazio

*

tudo que for lírico em mim
terá um fim de laço.
depois é claro um invólucro de cetim

porém como enforcar e embrulhar
o ar o sangue a lástima o líquido
que insistem em coabitar um lírico?

*

não me queira pros teus dias
ainda que tenhas tudo preparado.
o meu mundo é de besteiras

repleto de ciências destrutivas
estou restrito a construir poemas
como quem odeia a ausência e depois cativa

*

agora que você namora
e já não desrespeito meus rivais
entre ais pergunto ao espelho:

pra qual amor amadureço,
se amo como quem vai embora
e indo vou olhando para trás?

 

                                                                     (De Diário da dor dos dias)

 

Poemas extraídos de PASSAGENS. Antologia de poetas contemporâneos do Paraná.  Seleção e apresentação de Ademir Demarchi.  Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 202.  428 p. (Col. Brasil Diferente)


 

SMANIOTTO, Adriano. Poemas de Adriano Smaniotto. Sapatos tortos.  Curitiba: Feira do Poeta, Fundação Cultural de Curitiba, 1997.  Folder com 17 folhas soltas.  13x23 cm. Coordenação editorial Rosana Cavalcanti de Albuquerque, tipografia Emerson Lincoln Simão.   Col. A.M. (EA)

 

10.

 

somaremos nossos ímpares.

aceitaremos o dez como limite

para qualquer minuto que vivermos

 

caso a soma seja menos

tentamos num piano e meio

algum jeito de ser vinte

 

11.

 

estou polindo os vitrais.

todos aqueles paridos

da busca por pólens e poios

 

polidos se tornam um quadro a mais

pró agrado deste mau pintor.

agora avivo-me vidrado

 

 

12.

 

os olhos lecionam os cílios.

suas aulas apontam avisos

de como agir com risos e lágrimas

 

o bem aprendido escorre dos pupilos

a todo o resto do corpo.

coração num sopro me segredou isso

 

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2009 - Página republicada em fevereiro de 2012


 

 

 
 
 
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