Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MARCOS VINICIUS


Marcus Vinícius de Andrade nasceu em Recife – PE, em 18 de abril de 1949. Fez os primeiros estudos de música com os maestros Arlindo Teixeira e Pedro Santos e com o pianista Gerardo Parente. É licenciado em Educação Musical pelo Instituto Villa Lobos.

 Paralelamente ao trabalho musical, foi um dos integrantes do Grupo Sanhauá, lançando, por esse grupo, dois livros de poemas: Poema Quase Canto (1964) e Cinco Tempos do Olho (1965).

Em 1967, ganhou os 1º , 2º e 4º lugares da Feira de Música do Nordeste, realizada em Recife, Pernambuco, sendo ainda escolhido o “Melhor Autor-Compositor”  pelo conjunto da obra apresentada. Trabalhou no projeto de Marcus Pereira de resgate da melhor música do país.

 

ORDEM UNIDA

I


já não há

não há já:

           haja

 

a ordem!

a de ontem, onde?

o deo endiabrado deu

         as ordens.

 

já não há

ah não já

não aja não

                       a ordem morde:

enquanto você

dorme

de medo

e

M 0 R R E.. .

 

II

 

enquanto você dorme

         - ou morre -

a dor me percorre:

         é limpa

         e corta

         é certa

 

         e torta
                   mas é
a dor que roda
que doura:
         os frutos e os
         trunfos
                   — os triunfos,
         os triunfátuos fogos
                   da ordem.

é a dormeordemorde
         só
   a mordeordemdorme.

d o r m e o r d e m o r d e n d o – m e!



III

mas a dor-dem
com que boca morde
         ou
dorme com que olhos?

oh: a dor me diz
      que a ordem é
      que a ordem faz
                    de mim
                    o que sempre quis:
quem me morde é minha boca
quem me dorme são meus olhos.

minha dor é minha ordem!



IV

ah, corrente
que me traz nos pés:
dano
         e dano
                    murchando!

no mais e mais
nada dó
            nem doerá:
            a ordem morde
                     ou dorfme.

mas é unida,
        e vencerá...

 

 

POEMAS DO BOI SEM SINTAXE

 

ah, boi
         eu que não fui
hoje não
         sou: o que você foi
                                  boi!

na cancela da eletricidade
no clã  da terra e da idade
a cela e o toque do teclado
         nos cascos:
os restos do boi jogados e
         o falido boi
                    foi

                     marcado.

ferrado e morto meu boi:
         (ah, boi danado)
na cerca de papel encurralado
         abadonado...

somente um boi: poemorto
                          e sem sintaxe.


rês
relho...
— assim estão as coisas, boi
    sem os seus espelhos...

a esmo ensimesmado pensa
         no malho:
a arma, a amarra do chocalho
         prende
só as coisas de teu nome, boi
         e a tua arenga!

sic sunt res: o relho
baixa nos costados, crê
                   assim como é a rês

                                        o  r
                               ou o rê...


ECCLESIA  ECCLESIA

1.   Pátio

a)
por onde se escoa um mar de pátio
pátio de mar, igreja, patamar
fundidos: barroco o leão
oco o barro do santo
— tosco o barro do mangue.

b)
cruz cruzada este cruzeiro
— frade reza e seu capuz —
uma igreja
(à espreita uma praia)
se espraia, traz a raiz
do que foi e do que fiz.

c)
fiz o que fiz: o poema
o troco da nota desta noite.
o nulo pulo ao não do mangue perto
igreja
onde pulula o arisco
         —  o risco certo.

5.  Missa

a)
o sino, o silêncio
o dão e o dim
repicam missa à messe:
moça acorda/corre
         mulher acorre
correm véus  (vôo)
                   e vida.
e lida — luta — luto
e tudo e tanto:
clerical e claustro
         a custo a missa.

b)
pão e vinho — vão e pinho
cristo na  cruz  acre  e  cru
cruzado   corpo,  corpocruz
                              — luz?
tilintam  os tlins, o tilintar:
                                  fim.

 

 

OLHO E CANA / OLHO DE CANA

o olho  (mão e objeto)
está  dentro  da  cana,
como se qualquer coisa
o engana.

o olho  vê
— sentido oblíquo
da cana cai no rama —
centro verde sem sustento: pau

o olho tem — dentro da cana —
tecido maior do verde
se plantado.
olho sim — braço em deslize
maior ainda que o próprio jogo:

Dado.


 

Extraído de ANTOLOGIA POÉTICA GRUPO SANHAUÁ, org. Sérgio de Castro Pinto et al.  João Pessoa: Editora Universitária/ UFPb, 1979.  (Coleção Miramar, 5)

Página publicada em novembro de 2009



 

 

 

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar