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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LENILDE FREITAS

De pais pernambucanos, a autora nasceu em Campina Grande, Paraíba.

Possui Mestrado em Teoria da Literatura pela ÜFPE e Pós-graduação

em Literatura Brasileira pela Faflrc. É poeta e tradutora. Fez traduções para

o jornal Folha de S.Paulo, revista Escrita, Calibán e outras.

 

Estreou na literatura, em livro, no ano de 1987. tendo publicado: Desvios

(1987); Esboço de Eva (1987); Cercanias (1989); Espaço neutro (1991); Tributos (1994); Grãos na eira (2001): A casa encantada (Infantil -2009).

 

Prémios recebidos :

"All Nation Poetry Contesf (USA);  "Prémio Emilio  Moura de' Poesia (MG),"Augusto dos Anjos" (PB), "Arriete Vilela" (AL), “Prêmio Pasárgada” (SP), “Nestlé de Poesis” (SP).


Lenilde Freitas
A corça do campo: coletânea poética
Recife: Ed. da autora, 2010. 
184 p.   ISBN  859105270-7

 

 

Momento íntimo

 

O cheiro de café

passa e para

 

junto à tosse metálica

que golpeia o meu nervo acordado.

 

O mar — espelho de Deus —

se contorce.

 

Aproximo-me da vida

e ilumino o abismo que me tira o fôlego.

 

Uma cigarra toca seu clarim

— acorda os que dormem dentro de mim.

 

 

Narciso*

 

A flor narciso

tem seu mistério.

 

Depois que brota no topo da haste,

vive alguns dias e fenece.

 

Suas folhas curvas em dor

morrem também.

 

Como o bulbo vivo permanece,

levá-la ao escuro é o que convém,

 

deixar que o tempo passe.

Ao voltar à luz a flor renasce.

 

* De uma conversa com Mary Lou Daniel.

 

 

FREITAS, Lenilde.  Esboço de Eva.  São Paulo: Roswitha Kempf / Editores,  1987.  s.p.  ilus.  14x21 cm.  Ilustrações da capa e miolo: Ismael Nery. Apresentação: Adélia Bezerra de Menezes.  Col. Bibl. Antonio Miranda 

 

Esboço de Eva se constrói em referência ao poema Ébauche d'un Serpent de Valéry. No entanto, enquanto o poeta francês se dedica, como ele próprio escreve nos "Cahiers", a penser en serpent, aqui Lenilde parece propor-se a penser en Eve, a "sentir como Eva". Seu poema desdobra aos olhos do leitor a experiência aurorai da mulher como ser de Desejo.

                                                                     Adélia Bezerra de Meneses

 

(fragmentos)

 

À semelhança fui feita

e, como as estrelas, na unidade

desfeita.

Herdei a fragilidade

daquele em quem sopraram vida

eu, parte dele dividida.

Feita de barro que sou,

habitam em mim seres famintos,

pronta prà queda estou:

Deslizo em seus labirintos.

 

(...)

 

Quem me vedou,

para além desta ribeira,

enquanto viva eu for,

a macieira?

— Não toque os frutos, não .toque a planta.

Como não sonhar ventura tanta?

Ó longa sede não saciada,

por que minha boca a esta fonte se adapta,

se à minha alma ela está interditada?

Alma também de argila, mas intacta.

 

 

FREITAS, Lenilde.  Espaço neutro.  São Paulo: Estação Liberdade, 1991.  70 p.   21x14 cm   “3ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira”  Capa: Valdir de Oliveira e Ary de Almeida Normanha.  Orelha do livro: texto de Marcus Accioly.  Col. Bibl. Antonio Miranda

(fragmento)

 

O segredo






é desvendar o     “      do indizível

 

 

enquanto é tempo

 

enquanto o pires do arcabouço nos sustenta

—meu senhor——

 

ou a rotina      que mastiga     nos engole

aqui

assim curvados          como um arco-íris

 

                                                                               mas sem cor

 

mas sem corpo

que vire e revire

na esteira

 

a sarna

a tosse

a sujeira

a asma

 

entre ossos e coração

 

a alma expirando pasma                pasma

 

                                     do sonho        menor que um grão

 

menor qtie a voz do infinito

 

                                 que entre uma nuvem e outra desafina

 

e nem chega à varanda

 

onde rosas           — labirintos de insetos —

 

cochilam

 

e um gato

 

                   tange as moscas de seu sonho

 

                                                                 interminável

para que                     no calor da hora

 

                                               protegido pela sombra

 

outro figo

              amadureça

 

                                                       de dentro para fora

 


ROTEIRO DA POESIA BRASILEIRA  anos 80.  / direção Edla van Steen; seleção e prefácio Ricardo Vieira Lima.  São Paulo: Global, 2010.  (Coleção Roteiro da Poesia
 Brasileira)   ISBN  978-85-260-1155-7     No. 10 317
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda

 

                                          ESBOÇO DA EVA
                       
(fragmentos)

 

      Deito-me sob o azul desta tenda.
        Luz sobre prata é sol — por entre a fenda —
        bordando o chão
        em ponto de cruz e fogo com as linhas de sua mão —
        candeia ardente donde me inundo,
        itinerário de espelhos sobre o mundo.
        “Ó vaidade! Causa primeira!”
        Quem pôs diante de mim
        este fogo-espelho para que eu me arda inteira
        e me faça bela assim?
                         (...)
        Longe está o paraíso;
        Sombra da sombra, os devaneios

        Ah, gesto quase indeciso
        de sugar os próprios seios!

        Ser dona de seu destino
        e cantar o próprio hino,
        isto somente exijo
        à mulher que ora dirijo.
        Neste escolhido rumo,
        o amor serve de prumo.

        E assim vou: escrevendo-me nos dias que nascem,
        descrevendo-me nas noites que morrem;
        Sendo a mãe que os filhos vela
        e sendo os filhos que dormem;
        A semente que gera o início
        e o fim que a semente gera,
        sendo o útero quase-vício
        e o embrião que espera.
        Meu nome grito bem alto, para que eu mesma não o
        negue:
        Sou EVA. Seguindo a Eva que ainda me segue.

                                                             Esboço de Eva (1987)

       
       
CANÇÃO QUASE ELEGÍACA 

      
Quando você foi embora
       por becos de nuvem e vento,
       os pés presos entre ramagens             
       à tona do anoitecer
       por onde escoou o momento                
       de inanição dos seus passos;
       errante de outras margens,
       todo fechado em meu ser
       o sol se pôs em pedaços.

                                              
Desvios (1987)

          
A DYLAN THOMAS

      
Eras feliz à beira-mar, somente.
        Sonâmbulo na manhã salgada
        quando o vento rodopiava ao sol
        e à noite guiava a estrela cadente.

       Eras feliz à beira-mar, mais nada.
       Nas barbatanas do amor-espuma
       que morde a areia sem que as presas foram
       a pele fina da esperança dada.

       Eras feliz à beira-mar, na bruma
       verde-azul em que pousaste as asas.
       Gaivota namorando a água,
       eras feliz à beira-mar, em suma.

                                                    
Tributos (1994)

*
Página publicada e republicada em abril de 2025.


 

 

 

 

 


 

 

 

 

 
 
 
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