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                   Foto: http://memoriadaliteraturadopara.blogspot.com/ 
                    
                    
                  SÉRGIO MARTINS PANDOLFO 
                    
                  Médico atuante e Prof. de Medicina (Cirurgia e Tocoginecologia.  
                  Livre-Docente Doutor da Universidade Federal do Pará - UFPA). 
                    Titular de várias associações e  academias (médicas e literárias). Do Instituto Histórico e Geográfico do Pará -  IHGP. 
                   Escritor e jornalista diletante com  assídua colaboração na grande imprensa paraense.  
                  Frequente participação em diversas revistas médicas e literárias,  coletâneas e antologias nacionais e internacionais e na internet. Cinco livros  autorais publicados (técnico; memorialístico; ensaio; poesia;  oratória/história), dois em coautoria.  
                  Prêmios e láureas em concursos literários nacionais e internacionais.  
                  Pertence à Academia de Medicina do Pará, da qual é Membro  Titular e à Academia Brasileira de Medicina Militar, de que é Sócio Honorário. 
                    
                  Possui 05 livros editados (Algumas Palavras, Metamorformas,  Português em Números, O translado da Corte Portuguesa para o Brasil -Reflexos  lá e cá, Estudo Crítico de uma Técnica Neo-Laparotômica de Acesso à Cavidade  Pélvica, assim como livros técnicos editados sozinhos ou participando de  algumas coleções da Ciência da Medicina que muito ajuda e ajudará aos novos  médicos.  
                    
                    
                  
                  ANTOLOGIA LITERÁRIA  CIDADE  - VOLUME VII: verso e prosa.  Belém: Org.  Abilio Pacheco & Deurilene Sousa.   Belém: L & A Editores, 2012.   96  p.   ISBN 978-85-89377-17-1   Ex.  bibl.  Antonio Miranda 
                    
                    
                    
                  O ARQUITETO DE BELÉM  
                    
                  Um dia nestas plagas aportou,  
                    provindo das lonjuras europeias.  
                    Na Itália, Bolonha foi seu berço,  
                    sua fonte de saber, subido engenho. 
                    
                  Com uma trupe de notáveis, escolhida  
                    por emissário do Reino português,  
                    que sob D. José proeminava,  
                    e seus domínios dalém-mar já demarcava, 
                    
                  Para a "quarta parte nova" o seu destino; 
                  a norte de uma terra de entes fádicos 
                  - onde um rio de encantamentos abismava - 
                  de natureza exuberante, água farta, clima ardente. 
                    
                  Grão-Pará... a terra misteriosa 
                  de encantos e recantos insondáveis, 
                  de uma gente diferente, diligente; 
                  uns se expunham nus, outros já recobertos. 
                    
                  Numa urbe mui pequena e graciosa,  
                    como nunca já houvera conhecida, 
                    cativo a essa magia se quedou  
                    e dela nunca mais se deu partida. 
                    
                  Do paraíso citadino flor nativa desposou,  
                    se fez parauara do Grão, influente, celebrado;  
                    saber e engenho seus aqui plantados,  
                    deitou raízes e a "atalaia do Norte" aformoseou 
                    
                  Fez palácios, fez igrejas, fez moradas,  
                    monumentos de beleza inigualáveis,  
                    que o distinguido arquiteto projetava  
                    e a indiada já polida executava. 
                    
                  Obras tantas são, do Mestre, seculares:  
                    Casa Rosada, Murutucu, Hospital Real, Governadores; Templos do Carmo, da Sé,  Conceição, Capela Pombo, Santana, Rosário, Mercês, S. João Batista. 
                    
                  Homem de sólida erudição polifacética 
                    acadêmico Clementino, desenhador, régio arquiteto, também naturalista,  capitão-mor, senhor de engenho, Antônio Giuseppe Landi, o seu nome por  completo. 
                    
                    
                    
                  NOTAS E GLOSSÁRIO EXPLICATIVOS 
                    
                  Antônio Giuseppe Landi foi um extraordinário  arquiteto bolonhês, lá formado, e professor da Universidade e da famosíssima  Academia Clementina, em sua cidade natal. 
                  Veio ao Brasil contratado pela Corte portuguesa,  sob D. José I e o Marquês de Pombal, fazendo parte da Comissão Demarcadora,  composta por membros de múltipla e alta estirpe profissional, a fim de  estabelecer os limites entre as terras sul-americanas dos reinos de Portugal e  Espanha. Radicou-se em Belém, constituiu família e nunca mais daqui saiu,  deixando obra arquitetônica civil e religiosa das mais notáveis, sendo  considerado, hoje, um dos mais importantes e renovadores arquitetos mundiais de  sua era. 
                  Cultura polimorfa foi também naturalista,  produzindo trabalhos valiosos sobre a fauna e flora da região. 
                  "quarta parte nova" - a América, nos  versos camonianos d'Os Lusíadas. 
                  rio de encantamentos - o Rio das Amazonas (o  Amazonas). 
                  parauara do Grão - paraense do Grão-Pará por adoção 
                  "atalaia do Norte" - a cidade de Belém 
                  indiada já polida - os índios aculturados. 
                  seculares - tem aqui tanto o sentido temporal (mais  que cem anos) como o de civil, não-eclesiástico (em oposição a regular). 
                  Governadores - o Palácio dos Governadores (atual  MEP). 
                  académico Clementino - da Academia Clementina, em  Bolonha, Itália, onde foi professor 
                  desenhador - função que lhe fora consignada na  Comissão de Demarcação ; desenhista 
                  10.     régio-arquiteto  - Arquiteto Régio, título com que foi galardoado por D. José I; 
                    arquiteto do Reino (de Portugal) 
                    
                    
                  
                  PÉRGULA LITERÁRIA VI   Antologia. Poesias vencedoras do VI Concurso Nacional de Poesia “Poeta  Nuno Álvaro Pereira”.  
                  Valença, RJ: Editora Valença, 2004. 202 p.    Ex. bibl.   de  Antonio Miranda 
                    
                    
                  
                     FINITUDE 
                       
                      Amar...! 
                        Amor  
                        A mil, 
                        Azul-anil. 
                        Senil,  ruiu. 
                        Estiolado, 
                        Fanado,  finado. 
                        “Finis  terra”, 
                        Quietude  sempiterna, 
                        Eternidade. 
                         
                     
                   
                  
                  PÉRGULA LITERÁRIA VI.  6º. Concurso Nacional de Poesias “Poeta Nuno  Álvaro Pereira.”        Valença: Editora Valença, 2004.  202 p.   
                                             Ex. biblioteca de Antonio Miranda
 
 
     
                  
                   
                   
                   A (À) MINHA BELÉM 
   
                    Belém  gostosa, morena, charmosa, 
                    De  vida diurna escaldante. 
                    Flamante,  suante.  
                     
                    Belém  de vida noturna agitada, 
                    Assanhada,  marcada 
                    Por  abertos à vida boêmia. 
   
                    Eu  gosto, Belém, assim como és: 
                    Vibrante,  estuante, mas aconchegante 
                    Na  chuva da tarde, que abranda teu clima. 
   
                    De  Virgem que une cristãos e pagãos 
                    Na  corda do Círio, nos pés esfolados. 
                    Que  mostra que o mundo 
                    é  de todos, irmãos. 
   
                    Que  o mundo é de paz e a via, de espera, 
                    De  ir para o céu, ao encontro de Deus. 
                     
                    Mas,  bela Belém, também nos teus vícios, 
                    Que  tanto se alternam, ao sabor dos conceitos  
                    de  bem e de mal, sacados ao léu. 
   
                   
                  
                    
                      
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                  ANTOLOGIA DEL SECCHI,   2005   Volume XV,  Rio  de Janeiro: 328 p. 14 x 21 cm  ISBN  85-8649-14-3 No. 10 231 
                    Exemplar da biblioteca de Antonio  Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, Brasília, novembro de 2024. 
   
                     
                    LÍNGUA PORTUGUESA 
   
                    Língua  que nascida do latino berço, 
                    último rebento do romântico falar, 
                    de Viriato1, a  Lusitânia2, o  chão bruto fecundaste, 
                    e, semente prolífera, tenra árvore  viraste. 
                    Bravia, rude, nas primícias te  mostraste, 
                    como toda criança que bom trato  necessita; 
                    menina-moça te foste a passo  edificando, 
                    dos burilos do cultor, bem polida  rebrotaste. 
                    Ganhaste viço, graça, encantos,  refulgência, 
                    sob lampejos dum Mestre de saber,  engenho e arte3 
                    e, fina flor dos  falares dantanho em evidência, 
                    de cultas letras lusas, que  agrandaram, 
                    te foste para tantas outras novas  aportando, 
                    que aqueles bravos navegantes  carregaram, 
                    vencendo as lonjuras dos mares, de  perigos tantos! 
                    Nos quatro cantos do Universo  vicejaste; 
                    mas na “quarta parte nova”4,  especialmente, 
                    em um nunca acabar de opimas  terras5 te  espraiaste. 
                    Solos ubérrimos, gentios bravos  mas incultos6,  
                    gente que de pronto, esperta, não  se fez ambígua, 
                    já de infindos amores por ti se  houveram 
                    e sábio te elegeram, com fervores,  brasileira língua. 
                    
                         1  Caudilho e pastor lusitano que, por longo  período, resistiu herói- 
             camente ao domínio romano. 
          2  Província romana a oeste da  península ibérica, correspondente, 
             aproximadamente, ao Portugal  de hoje. 
          3  Luís de Camões, o consolidador  e modernizador da Língua Por- 
             tuguesa. 
          4  A América, nos versos  camonianos. 
          5  O Brasil, com sua imensidão  terrena. 
          6  Os naturais e os habitantes  do Brasil. 
 
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                  Página ampliada e publicada em janeiro de 2024 
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                  VEJA e LEIA outros poetas do PARÁ em nosso Portal: 
                  http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/para/para.html 
                    
                  Página ampliada e republicada em fevereiro de 2022 
  
                    
                  Página  publicada em maio de 2020 
                
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