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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





CAMILO DELDUQUE

 

Engenheiro civil, compositor e poeta. Reside em Belém do Pará.

 

“... vem, no plano da linguagem escrita como obra de arte e como cultura e como cultura, exceder assustadoramente em originalidade...”  Mário Fabino Ponte Souza

 

“Em A encarnação do bar – um cão vermelho engolido em luz amarela, está o poeta completo equilibrando suas vertigens e vísceras, permeado da luxúria de ser — total, amazônico, brasileiro, desde Beruri: igarapé de versos, publicado em 1989.”

Marcos Quinan 

 

Estado de graça

 

Escurece quando a guilhotina me corta

A porta aberta

O berro e as comportas

 

A natureza não está morta

Invariavelmente ela é torta

            sem sorte

            sem porte

Alegre como o povo que cerca o patíbulo

Que balança o turíbulo e a toga

A saga do amor violento

      do instinto

      na cabeça

 

Escurece quando tenho de me desculpar ao carrasco

E quando sinto asco

Me abalo em salamaleques

Abanando os leques nas vertigens

Deixando em cada sonho

A impressão de que não vivi

 

 

Ave inexplicável

O que mais é pássaro neste peixe

Tem escamas douradas e lantejoulas

Adornando as bordas do chafariz

 

O mais é o vício do incomensurável

Medindo o cumprimento de viver

Sem traumas - sem trompas - sem pudor

 

O conforto do pandeiro batucado

Reluz como prata lustrada

No sol de enredo carnavalesco

E enfeita com duvidosa plumagem

As ouças de louça das patativas

 

o que é mais pássaro neste conforto

Passa como o vício do carnaval

E acaba sem qualquer explicação

 

 

Nós

 

Eu contido no verso

Tu contida no avesso

 

Nós

Incontidos e entrelaçados

Entre a razão e a omissão do grito

 

Qual de nós é mais bonito?

Quem de nós é mais aflito?

 

Eu

Incontido no avesso

Avexo as lágrimas da partida

 

Tu

Incontida no verso

Controlas o peso da despedida

 

Qual de nós conhece a vida?

Quem de nós é mais ferida?

  

 

Segundo

 

Entre mim e a minha boca

Há uma reclamação

 

É parco o que escrevo

Porque há um escravo cravado na minha mão

 

Sou acha e lenha

Preso nos varais do andor

 

A minha dor não está nas escadas

É lata amassada ao chute do moleque

                        ao breque do brega

 

É cheia e lua - por quem sabe

Mais minha que tua

  

 

Pacto

 

Todos os dias o bar me toma

Para beber a minha alma

Embriagar o meu poema

 

É um pacto religioso

Com o demônio dos bêbados

 

Um gole de vidro picado

Uma taça de

 

Um copo derretido

Para derramar a mágoa

Que afaga os vícios da felicidade

Todos os dias

A minha alma

Bebe um bar  

 

Extraídos de A encarnação do Bar – Um cão vermelho engolido em luz amarela.  Brasília: Livraria Suspensa/ Projeto Editorial, 2004.  192 p.

 
 


 

 

 
 
 
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