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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA MINEIRA

 


 

WAGNER MOREIRA

 

 

é de Belo Horizonte, formado em letras pela UFMG e mestre e doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, pela PUC-MG. É editor da Scriptum Livros e da ATO – Revista de Literatura. Publicou “Eu não sou Vincent Willem van Gogh” (poesia, edição do autor, 1998), “Selêemcio” (poesia, edição do autor, 2002), “transversos” (poesia, Scriptum Livros, 2003), “Blues” (poesia, SAC-Dazibao, 2004) e A escrita como lugar de encontros (ensaios, Universidade de Itaúna, 2005). Participou da antologia “O Achamento de Portugal” (poesia, Anome Livros, 2005), do catálogo/antologia “Terças Poéticas jardins internos” (poesia, Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, Suplemento Literário de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado, 2006) e experiência (Dezfaces, 2007).

 

 

escritos na cousa amada já ficais
para sempre o amador transforma-se

lugar lusitânia língua mais que forma
geografia imaginária bem aqui
dizendo saudade do porvir
espaço aberto em absoluta borda

matéria posta em toda parte
fluxo reverso enquanto dobra
flexão sonora em jandalamarte
sem assento em meio que soçobra

irrelevante imprescindível mutante
gigante em sua metamorfose
sempre a mesma sempre distante
força bruta a instaurar simbiose

escritos o amador a cousa amada
já transformam-se em ficais para sempre

 

Extraído da obra O ACHAMENTO DE PORTUGAL. Wilmar Silva, org. Belo Horizonte: Anome Livros, 2005.  112 p.

 

 

 

 

(POEMA INÉDITO)

 

é preciso estar firme e forte na fala de um oblíquo estado delirante em sua deriva pelo espaço humano mente a disparar toda a sua energia nas direções possíveis todas as sensações em alerta máximo não há inimigo não há amigo alerta máximo as sensações todas em ação em uma dor incontrolável de existir dor imensurável de perceber a pouca nenhuma importância de ser nesse momento que promove uma espécie de suspensão da historicidade do eu que ninguém vê lê crê dê crédito de espécie alguma coisa acontece coraçãomente tão de leve que não há esquina que se encarregue de espelhar beleza feiúra nem campo que se aproxime de uma verdade nem nada de cinza pó chumbo nada desfaz o sofrimento em processo transbordante presente em todos os poros de um corpo arruinado pelo desdobramento celular porcaria de cinqüenta e poucas vezes de desdobras pura bobagem limiar impostura de uma pseudo naturalidade às vias de se mostrar artifício e botar no lixo um monte de preconceitos tudo política de espaço e gerenciamento de número de corpos em relação ao que se quer produzir sob a vontade impotente de relações frágeis em um planeta do rabo desse universo descomunal sensação desagradável nas terminações nervosas que vibram com a própria função em descompasso com o ritmo dos desejos de cor variável cérebro explodindo conexões sexo jorrando o vitalício em quantidade animal animal danado em seu passamento progressivo lento quase não perceptível no momento e tão claro na duração longa e sua máxima diferença exposta na derradeira vontade de se perder de tudo quanto é ligação mediada pela cultura e sua sociedade de regras e regras desregrar o que se é para sumir o dano de si no momento na duração esquecer tudo esquecer a vontade de explodir o corpo em vagaroso desalinho com a vontade e com a potência ainda persistentes ainda a sobrar em viço flor prematura a dar com a cara na porta última dirigida para a passagem do total desapego imposto ao físico aglomerado celular ou ao conjunto de sem número de átomos desencaminhando uma vontade outra de não mais permanecerem em condição conectada e explodirem em novas interações pelo universo a fora levando sua pequena grande memória indizível perceptível de um conjunto esfarinhado em dor de perceber o esfarelar-se contínuo sem volta irreversível caminho percorrido e a percorrer o espaço tão aberto e cheio de possibilidades desmedidas um cabimento sem nome por enquanto e por isso dor fina pétala a deslizar pelo ar rarefeito em aparente queda livre de encontro ao terroso suporte massa de densidade maior a devorar tudo que se movimenta em seu corpo massa digestiva em sua renovação antropofágica sim antropofágica política universal o que é só pode ser porque fora devorado digerido excremento exposto na rolagem das forças de todas as dimensões que se apresentam no já instante arruinado porque movimento fugaz a derivar para o princípio da incerteza gás sólido líquido corpo como mutante sempre sozinho sem nenhum romantismo só só assim se chama assim é enquanto uma nau qualquer corre corre e abre o espaço no vôo

sem parar em descompasso pulsando a soledad um grito verde musgo vibrando o estreito de uma garganta gosmenta e trincada pelos dentes cerrados entrecortados no entorpecimento

 

 

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE. Número 35 – Ano 17 – 2010.   Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, 2010. Editor Marco Lucchesi.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

blues

 

um sol gira pelo céu suas pétalas um sol
gira pela terra suas lanças iridescentes
cálidas chicote de amansar bacante sorte
de dados viciados brincadeira entre a
inércia e o movimento sobre o que gira
sobre si e faz-se pelo próprio movimento
tudo ritmo energizado feito às claras para
quem sente a música em si das
velocidades replicadas para um sempre
contido nos sentidos na imaginação na
razão do dessaber perpétuo pesado
denso longo como não se pode ser
música antes de tudo o que se quer é
ágil um princípio de corpo diálogo a cada
lance se passa o que seria um corpo que
intenso se move na inércia ao rés dos
músculos pelo correio do sangue
multiplicado na unidade move a si como
sempre

 

 

por que nao esquecer as imagens
perturbadoras as mesmas sombras de
sempre estão contando a mesma estória
de sempre às vezes a própria angústia
desaparece ou se mostra insignificante
há um ligeiro rumor de asas frágeis lentas
é a grande sombra há qualquer coisa na
sombra que lá fora há raízes tentaculares
que estão sendo arrancadas ruas céus
paisagens de lugar nenhum não fúnebre
fúnebre ninguém procurará compreender
ninguém a vida rolará indiferente todos
os vestígios da loucura inquietos e vivos
procuram uma só estrela dentro da noite
até quando essas vozes serão todas as
vozes penetra fundo em si mesmo
sôbolos rios que vão agora já é apenas o
gesto desesperado por que gritar tão alto
em labirintos de medo tudo que dói nesta
noite morre em si até hoje rápido lento
que vem do fundo dos tempos que
abismos de solidão rapidez sobre o único
corpo na sombra vozes sem sentido
destino em vão

 

 

o quê sente está ciente luz de sol sobre
sombrinha citando sombras moventes na
pele roupa solo sonoridade ondulada no
espaço ar terra fogo água em prisma
colorido não espelho reflexo refração
sensível estar aqui tão perto tão fora
escorregado na massa luminosa vibrátil
volátil voo cósmico transbordado para um
sempre aqui entre cá e cá um não sei
que há impressão receptora de estímulo
nervoso excitado vigoroso energético
robusto mundo externo aqui fragor
estrépito ruído motim tão neste ponto
lançado de si arremessado em uma não
borda que o ampare esbarre resguarde
separe bolha de sabão esgarçada
tessitura sem avesso pura extensão

 

 

 

MELLO, Regina.  Entre o Samba e o TangoOrganização: Regina Mello e Olga Valeska.     Belo Horizonte, MG: Munap e Arquimedes, 2018.   160 p.   15 x 21 cm.  Diagramação e arte final: Eugênio Daniel Venâncio. Fotos: Israrel Ferreira. Produção Museu Nacional de Poesia.    ISBN  978-85-89667-57-9  
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado por Regina Mello.

 

 

subir pelo seu corpo

subir pelo seu corpo
em saudação suprema à vida
desenhando seu contorno firme
sem alvoroço num sonho acordado
são belas e misteriosas as suas palavras
receber de você a chuva de carícias
sem baile de ostentação de plenitude
na hora máxima de lucidez e loucura
rolar no solo do verão úmido
são belas e misteriosas as suas palavras
pedra solidária as suas ondas
eu envolto por seus movimentos
sustento o mundo amor
na mulher que rente tece
belas e misteriosas palavras
flor da altura em cheio
o afeto
a subir pelo meu corpo

 

 

 

quando o amor se vai

quando o amor se vai
há o amargo esplendor
a lucidez batida no rosto
que ensombra a beleza
e o descarnar de si
que ausente pousa duro
no infinito como um fio
a voz gesto calado
quando o amor se vai
aparece a violenta solidão
em sua iluminação ofuscante
dá medo de ficar de seguir
— então se boia no tempo
até outra viagem desa
turdir

 

 

 

*

 

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Página publicada em março de 2008; ampliada em setembro de 2018


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