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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SÉRGIO VAZ

 

 

Sérgio Vaz (Ladainha, 26 de junho de 1964) é um poeta brasileiro. Mudou-se com a família para São Paulo aos 5 anos de idade.
Mais tarde, estabeleceu-se em Taboão da Serra, na região metropolitana. Fundou em 2000 a Cooperativa Cultural da Periferia
(Cooperifa). Também foi o criador do Sarau da Cooperifa, que semanalmente reúne cerca de 400 pessoas no Jardim Guarujá
para ler e criar poesia.

Promoveu em 2007 a Semana de Arte Moderna da Periferia, inspirada na Semana de Arte Moderna de 1922.
Criou outros eventos, como a Chuva de Livros; o Poesia no Ar, em que papeis com versos são amarrados a balões de gás e
soltos no ar; e o A joelhaço, em que homens se ajoelham na rua para pedir perdão às mulheres no Dia Internacional da Mulher.
Foi escolhido pela revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes de 2009. Foi homenageado pela escola de samba
Imperatriz do Samba, do primeiro grupo de Taboão da Serra, que apresentou o enredo Sergio Vaz, o poeta da periferia.

Seus primeiros livros foram edições independentes. Só veio a ser publicado por uma editora em 2007,
quando a Global lançou Colecionador de Pedras.

 

 

 

OS MISERÁVEIS

 

Vitor nasceu no jardim das margaridas

Erva-daninha nunca teve primavera

Cresceu sem pai sem mãe sem norte sem seta

Pés no chão, nunca teve bicicleta.

Já Hugo não nasceu, estreou

Pele branquinha, nunca teve inverno

tinha pai, mãe, caderno e fada-madrinha.

Vitor virou ladrão

Hugo salafrário

Um roubava por pão

O outro para reforçar o salário.

Um usava capuz

O outro gravata

Um roubava na luz

O outro em noite de serenata.

Um vivia de cativeiro

O outro de negócio

Um não tinha amigo, parceiro

O outro, sócio.

Retrato falado Vitor tinha cara na notícia

Enquanto Hugo fazia pose pra revista.

O da pólvora apodrece impenitente

O da caneta enriquece impunemente

A um só resta virar crente

O outro é candidato a presidente.

 

 

(*do livro "Colecionador de pedras" Global Editora)

 

 

                  

 

                   GENTE MIÚDA

 

 

Daniel não tinha documentos,
RG, certidão ou carteira profissional.
Não tinha sobrenome,
não tinha número, nem cidade natal.
Quase um bicho, dormia na rua sobre as notícias
e acordava na sarjeta, na calçada ou no lixo.
Os dentes, em intervalos,
mastigavam as migalhas do mundo,
as sobras do planeta.
Era soldado
das tropas dos famintos.
Os trapos — fardas dos miseráveis —
cobriam-lhe apenas o peito, a bunda e o pinto.
Sangrava de dia
o açoite do abandono.
Amigos? Só os cães,
que o protegiam dos seres humanos.
Morreu
velho e abatido
depois de viver, todos os dias,
durante trinta e sete anos,
como se nunca tivesse existido.

 

 

***

 

 

Poema extraído de

DF LETRAS. A REVISTA CULTURAL DE BRASÍLIA. Câmara Legislativa do Distrito Federal. Ano V. No. 59/62:

 

 

                      ESPERMATOZÓIDES

 

        Hitler
Gandhi
Idi Amin
Nelson Mandela
Imelda Marcos
Irmã Dulce
Pinochet
Pablo Neruda
Médici
Chico Buarque
Bush
Fidel Castro   
Rosane Collor
Fernanda Montenegro
Napoleão
John Lennon
Sadam Hussein
Raul Seixas
Baby Doc
Charlie Chaplin

Meu Deus!
Como os
espermatozoides     
são contraditórios!



 

UM SARAU COOPERIFA - - COLETÂNEA DE POEMAS RECOLHIDOS EM 24.O1.07, VÉSPERA DO ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO, NO SARAU DA COOPERIFA, POETAS DA PERIFERIA DE QUE SE REÚNEM TODAS AS QUARTAS.-      São Paulo: Dulcineia Catadora, 2007.           32 p.  capa cartão  pintado
a mão.                                                    Ex. bibl. Antonio Miranda

 


Sabotage (o invasor )

Mauro
Era um negro de asas.
Um pássaro
Com pés no chão.
Som de ébano
Com pele de couro,
O mouro faz ninho no canão.
O passado,
Que o futuro queria
Escrito em carvão,
Deixou de ser pó
Para ser pão,
Ao se viciar em poesia.
O poeta
Das plumas negras
E a voz de pedra
Cravou teu canto
Preto e branco
Nas vidraças
Do mundo colorido.
Filho banto,
Em carne e carcaça
Serviu a taça
Com vidro moído
Aos traidores da raça.
Navegante
De mares insolente,
,             Sem bússola
Apontava sempre para a periferia.
A rima era o rumo
O remo da sina.
No ar,
Como fumaça de fumo
E a vermelha retina
Era frio,
Era quente,
Mas nunca banho-maria.
Um dia,
Num voo curto,
Depois de uma longa metragem,
Um disparo sem rosto,
Uma bala sem gosto
Calou o personagem.
Diante disso,
E sem nos esperar,
Desfez o compromisso,
Seguiu de viagem,
E foi cantar em outro lugar
Num bom lugar.

*

 

Página publicada em outubro de 2022

 

 

 

 

 

 

Página publicada em junho de 2020


 


 

 

 
 
 
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