Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Foto: romerioromulo.wordpress.com

ROMÉRIO RÔMULO

 

 

Nasceu em Felixlândia, Minas Gerais. Professor de Economia Política da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Prefaciou a primeira edição das poesias eróticas de Bernardo Guimarães, O Elixir do Pajé (Dubolso, 1988), mais de cem anos depois da edição original. Até então eram clandestinas.

 

Publicou vários livros de poesia, entre eles Bené para Flauta e Murilo (1990), a caixa Tempo Quando (4 livros em 2 volumes, 1996) e o Matéria Bruta (São Paulo: Altana, 2006), de onde extraímos os poemas seguintes.

 

É possível falar de um hermetismo lúcido, de um enredo que se enreda em palavras que se espelham pelo avesso... discurso em curso que diz, mas não se revela senão por despistamentos...  Assim é a poesia de R.R.  como o próprio poeta se anuncia:  

 

é texto de palavra atada e fugidia.

rasgo de alma, fosse chuva e sol.

antípoda gerado eixos: fome, alimento.

alma súcuba de traços: vento e chumbo.

tiro borracha e madeira, certeira testa.

 

O solto, o desastre, o aço preso do corpo,

em pétalas e mãos, estardalhaço.

 

 

(o poema)

 

*****

RÔMULO, Romério.  Matéria Bruta.  São Paulo: Altana, 2006.  136 p   ilus.  15,5x22 cm.  “ Romério Rômulo “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

         o tumulto do corpo pode ausências.

         calar tem por demais, arrefecido

         instante da manhã chamado vento.

         uns mistérios, dizer o mais que sono

         sem a palavra livre revelada.

 

quando uma carne concebe, intimamente,

uma outra carne rasura seu instante

mais breve de pedra. e saber

aquilatar é tudo, face o tempo.

 

que outros mais dizer irão, somente,

sabedorias se nem cabe a rouca

lamúria que no lábio sempre espera

pelo espaço de só ser lamúria.

 

 

 

(o corpo pode ausências)

 

 

*****

 

         sou, por meus inteiros, vários.

         minhas frações se fazem de repente.

         o olho, de inteiro e faces,

         disseca os cacos da manhã (lavada).

         múltipla mão, da luz, me regurgita

         uma estranha verdade, um denso espanto.

 

 

                            (minha doce face fuzilada)

        

*****

 

uma poesia deserta, texto de pedra e secura.

poesia de ferreiro: metal e martelo.

uma poesia brasa candente. cozer tudo,

ato do verso, dure tanto ou nada.

 

 

                            (abertura)

 

*****

 

o vento do sertão que ainda me sopra

me rasga em ventania o caldo e o corpo

qual um tijolo tange, em pedra nua,

cada parede sem cal, de cada boca.

 

o meu pavor é duplo, o meu horror,

quádruplo.

no triplo do meu topo é minha boca.

o pálido sertão que ainda me lambe

sabe o horror que cabe em cada corpo.

 

são muitos os vieses, quando

matizes cimitarram quadro

que sai do olho, encanto diferente.

 

 

*****

 

 

“a carne é reticente; a noite cega.” (r.r.)


ATO – REVISTA DE LITERATURA.  NO. 6 Belo Horizonte: Gráfica e Editora O Lutador,  janeiro de 2009.  Editores: Camilo Lara, Rogério Barbosa da Silva e Wagner Moreira.  21,5 X  52 cm.  52 p.
                                                    Ex. biblioteca de Antonio Miranda

               rio acima duas canções se fazem.
            alargado meu peito desfalece.
            que arcos hão de vir, sombriamente,
            falar, cerrado puro, do meu lastro.

            e se os risonhos da manhã me deceparem?
            acaso sou poesia ou sou manhã?
            acaso uma nascente é tão nascente
            que só se faça romper pela clausura?

            vou de saberes, que saberes estes
            são uivos que caminho pelas águas
            e águas são de um sólido mais brusco
            que desfalecem os ranços já chegados.
            cauda selvagem, se me sobra toda
            a vida por parir mais que selvagem.

                        (raso de delírio: o meu cão morto)

 

 

 quando atrozes instantes te fizeram noite?
 quando manhã te nasce do torpor?
 é vida, se vivida à fome e frio?
 vida assim, se retalhada em noite
 te cabe do vazio a só morada
 de um tempo que é manhã sobrevivida.

 recanto, atroz de instantes tão perdidos
 nas vidas regaladas destes olhos,
 olhos da fome, doces, extirpados
 de um saber ser vida toda noite.

 vou, por agora, recorrer da noite.

          (quando manhã te nasce)

 

 

           estar e ser são textos do momento.
           há um caudal de tempos intrincados
           que se revelam no quadro de um só tempo.
           efervescências pisam sobre nós,
           num tempo que se sabe renascer,
           a cada novo tempo revelado.

           dizer-se mais, que o tempo se trabalha
           por corpos, vilas, rastros ecumênicos,
           vilarejos de trás, menos que tanto,
           de se saber o íntimo nascido.


 
 se pouco te disser da noite brusca
 do teu relevo em mim todo ele espanto,
 chaga, poder, ditongo, dissonância,
 escada  de relato, alvo de potros

 se lábio tens, quebranto, alvéolo meu,
 de pura mansidão, latido louco,
 sobre o meu corpo arrasas mansidão.

 tão tempestade, dizer meu braço teso.


            

         a noite é um mistério solto,
         a vaga solidão me é manhã.
         quando cabido, sou homem, sou bêbada,
         ave que deserta madrugada

         estes saberes breves são ausências
           que a solidão revela no meu rosto.


*

Página ampliada e republicada em março de 2024


       

 

 

 

 

Página publicada em março de 2008



Voltar à página de Minas Gerais Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar