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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PEDRO SATURNINO

 

Pedro Saturnino Vieira de Magalhães, mais conhecido como Pedro Saturnino (Fazenda Bom Jesus, Cabo Verde, MG, 29 de junho de 1883 — Curitiba, 18 de março de 1953) foi um professor, poeta e filósofo brasileiro.

Filho de Saturnino Vieira e Silva e de Candida Carolina de Magalhães Vieira, era casado com sua prima Judith Magalhães Navarro (neta do segundo Barão de Cabo Verde), pai do pintor Loio-Pérsio e tio materno do, também poeta, Domingos Paoliello.Graduou-se em Letras e em Ciências Naturais e Farmacêuticas, em 1906, pela Escola de Farmácia, Odontologia e Obstetrícia da futura Universidade de São Paulo, na rua Três Rios. Cursou, no Mackenzie College, engenharia civil até o começo do quarto ano. Exerceu o magistério em várias cidades de Minas Gerais e São Paulo, lecionando Física, Química, História Natural, Português e Inglês. Era orador eloqüente, de personalidade cativante e fluente nas palavras."Ninguém, na literatura brasileira, escreveu coisas mais belas respeito aos cantores alados que povoam nossas matas" - constatação do grande Cassiano Ricardo, referindo-se a Pedro Saturnino. Publicou, Grupiaras, em 1922, Boitatás pela Editora Hélios que pertencia a Cassiano Ricardo, ao irmão de Menotti del Picchia, Jose e a Pedro Saturnino.

Principais obras: Grupiaras (1922); Boitatás; Nodoas (1947); De Galope; Salamandras; Sambaqui; Itajuba; Mãe de Ouro, premiado em 1949 no concurso Centro de Letras do Paraná, foi seu último livro publicado, em 1951.           Fonte: wikipedia

 

SATURNINO, PedroBoitatás.  São Paulo: Editorial Helios Limitada, 1926. 
131 p. 14x19,5 cm.  Col. A.M.

 

A ARVORE

 

          A Alberto de Oliveira

 

 

ERA uma arvore antiga,   a mais antiga, talvez,

nascida em plaga americana.

Ah! quanta, quanta vez, aquella copa amiga

ouviu na selva uma pocema indiana!

 

Embora o zelo das muscineas e das heras,

era o vetusto e formidando tronco,

 

á rude, á secular acção das eras,

desde o raizame, escalavrado e bronco!

Mas, assim mesmo, tudo era caricia,

entre lianas, festões e trepadeiras:

e ella vivia que era uma delicia

abraçada por todas as maneiras.

 

Epiphitas em flor, milhões de flores,

eram no caule inteiro ardentes beijos:

e ella se abria, ardendo de desejos,

numa explosão phaníastica de cores!

 

Para as vassalas como que sorria!

Leve, arredando-as, compassiva e boa,

a basta copa verde no alto abria,

          como se fosse da selva magestosa

                    a imperial coroa.

 

Borboletas azues e de todas as cores,

minúsculos colibris ou beija-flores,

bebendo mel no póllen dos estamos,

davam nós de gravatas furtacores,

punham laços de fita nos seus ramos.

 

      Vestidas de branco e coifadas de mitra,

                as mariposas, ali pela noitinha,

                á verde luz dos pyrilampos,

Como os Magos seguindo a sua estrella,

      vinham chegando de afastados campos.

E, toda a noite, era de vel-a:

                   um astro!

     digna de homéricos poemas,

resplandecendo, desde a fronde ao lastro,

numa apotheóse de milhões de gemmas!

 

Muitas léguas, em torno, tudo via: 

enxergava, de um golpe, sobranceira,

todo o pendor azul da serrania

e o mais alto local da cordilheira.

E tudo o seu olhar desvenda! e via,

ao sopé da mais longínqua serra,

casa branca, de cal, rica vivenda

de aventureiro povoador da terra.

 

Via vaiïados primitivos; verdes prados

e, nos prados, manadas e rebanhos;

outeiros espectraes; e solapados;

e pedrouços de todos os tamanhos.

 

E via rios, semelhantes a serpentes,

a immensuraveis sucurys de prata,
que, fulgidos, fugiam, chocalhando albentes

guizos tinintes, atravez da matta,

                    de catarata em catarata,

espavoridos, marulhando, aos botes,

mordendo as plantas aos cabeços calvos,

ora de manso, ora aos corcovos e pinotes,

      rendando as margens de nelumbos alvos...

 

         E via mais, alegre e satisfeita,

ao longe, onde começa o campo e a brenha acaba,

         da gente sua numa faixa estreita,

mansa e feliz, a hospitaleira taba.

 

Via o pagé sentado á porta da cabana,

         curvado de annos mais que de fadiga...

Ah! quanta, quanta vez, aquella copa amiga

         ouviu na selva uma pocema indiana!

 

 

 

 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 A "CANTADEIRA" DO CARRO DE BOIS

 

Se eu não fosse quem sou, fôra carreiro;
não fôra carreiro, fôra peão,
Teria sido um guapo cavaleiro
E amansaria muito rodomão...

Era, desde menino, ser "candieiro",
Ser o guia dos bois, minha ambição,
Já preferindo, à guasca do tropeiro,
Uma comprida vara de ferrão.

Quando o carro "cantava" pelo campo,
Se o não acompanhava, de carreira,
Chorava o dia inteiro, de paixão...

Desde esse tempo, em tudo quanto estampo,
Anda a 'cantar" aquela "cantadeira",
Que me deixou zunindo o coraçã
o...

 

 

PICA-PAU

 

 

Grimpando, tronco acima, altíssimo madeiro,
A árvore toda sonda, escruta, esgaravata...
E, qual pássaro algum possa existir que bata,
Bate o bico no pau que treme todo inteiro.

 

A casca resistente, a fibra mais compota

Do "Cabiúna" ou "Marfim" cede ao golpe certeiro:

Dir-se-ia algum perito e velho machadeiro

Em pleno coração da retumbante mata.

 

Essa mesma cautela... esse mesmo cuidado...
A pancada precisa... A madeira revessa...
A figura encardida... O topete encarnado...

 

... Ver o derrubador dentro da selva espessa,
Manejando como um relâmpago o machado,
Em mangas de camisa e lenço na cabeça.

 

 

 

 

 

Página publicada em setembro de 2013; página ampliada em dezembro de 2019


 

 

 
 
 
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