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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


MÔNICA DE AQUINO

Foto: www.armadilhapoetica.com

 

MÔNICA DE AQUINO

 

 

         Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1979. Colabora com suplementos literários de Minas Gerais. Publicou o livro de poemas Sístole (2005).

 

“No livro Sístole, com 35 poemas divididos em 4 partes (“Ponto-cego”, “Extra-sístole”, “Fibrilação” e “Refluxo”), Mônica de Aquino transita com suavidade pela concisão, oferecendo ao leitor versos delicados, sensíveis e repletos de musicalidade.

 

Com um lirismo encantador, Mônica seduz os leitores com versos como ( "Agora desabotoa-me a pele/atravessa-me/Veste-me teu corpo/de seda e silêncio").  Marcel Alan (2007)

 

 

Estreito labirinto

de memória.

Carícia em cadáveres

insones.

 

Culto de esqueletos

na negação

da pedra.

 

                                                  Sístole (2005)

 

 

Sopro e sono

no cais do corpo.

Relógios úmidos.

Sístole

diástole

contagem regressiva:

 

explosão esquiva

dispersão e números

vapor no prazer

que é véspera.

 

Amor

sem ponteiros.

 

                                                                                                       Ibidem

 

 

Não mais a faca cega do desejo

o corpo cego rente ao tato.

És, agora, noite abstrata

que disseco

com a lâmina da língua.

Se te ausentas em minha cama

subjugo-te a uma fome outra sem face

estreito -quase-pouco

no livor da fala

uso-te:

câmbio clandestino

sensações pensadas.

 

Às vezes, escolho amar-te.

                                                          Ibidem

 

 

 

Rasgos

no acaso:

o olho

espreita.

aceita.

 

Rasgos

no afago:

o olho

acolhe.

Acusa.

 

Rasgos

no espaço:

o olho

camufla

Condena.

 

Rasgos

na senda:

o olho

expõe

e escolhe.

 

Rasgos

na série:

o olho

recusa.

Arrisca.

 

Rasgos

na vida:

o olho

se fecha.

Perscruta.

Ibidem

 

 

 

Poemas extraídos do
SUPLEMENTO CULTURAL DE SANTA CATARINA
JUL. 2014  ISSN 2318-3063  [ô catarina] p.

 

 

José adotou a dor como método:

 

para curar um problema

que se fez carne, entranhado

colocava todo dia

uma pedra no sapato —

assim mesmo, sem metáforas

ou meios-termos: era homem de atos.

 

A dureza da pedra — e da técnica

mantinha em José o foco

a alma sóbria

a mínima cicatriz como aviso.

 

(José, quando ainda jovem

- habitou o calor do norte

e teve amigo matador—     

ex-matador, na verdade

do tipo que extirpa o mal

pela raiz:

decepou o próprio dedo

para vencer o gatilho.)

 

Aos poucos a pedra gasta

a pedra assimilada

fez-se corpo pele lastro.

 

 

O pai encantava abelhas

 

Discreto alienígena

no reino do ruído negro amarelo

a tela grossa sobre o rosto.

 

Levava fumaça branca

silêncio branco

a roupa branca

 

e com precisão de lâmina

de incisão que não sangra

rente bem rente ao favo

sem luvas, colhia o mel.       '

 

Trazia nas mãos o doce

e as picadas vermelhas

que conta serem abelhas

na defesa do excesso.

 

A conta de abelhas mortas.

 

Mas ele ignora a dor -

ou cede a pele de cera.

 

A filha é que se assusta

com os perigos do pai

    [com esta flor descoberta

 

com a mão que extrai doçura

de tantas colmeias secretas.

 

AQUINO, Mônica de.   Fundo falso.   Belo Horizonte: Relicário Edições, 2018.   104 p. Apresentação por Edimilson de Almeida Pereira.  Coordenação editorial: Maíra Nassif Passos.   Capa,
projeto gráfiao e diagramação:     Caroline Gischewski.  
ISBN 978-85-66786-65-1    Ex. bibl. Antonio Miranda

Este livro venceu o Prêmio Cidade de Belo Horizonte de 2013.

“Em Fundo Falso se destacam duas coordenadas de acesso a uma
paisagem poética que filtra os apelos da afetividade através de uma cuidadosa operação reflexiva. Trata-se, inicialmente, da evidência de um método de escrita que permite à posta apreciar o seu processo de
criação.”   EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA



PENÉLOPE ASSUSTADA

O amor é cheio de dedos
o amor é cheio de patas

aranha inexata
espreita o mínimo erro

e espera.

O que teço do amor
é a mortalha.

 

 

 

PENÉLOPE INDECISA

Como escolher entre
cem pretendentes
sem saber quem se aproxima?

Posso estar a apenas um ponto
de conhecer quem não deixa dúvida.

Não poderia escolher o primeiro
não confio em quem chega tão rápido.

Por outro lado, qualquer um
que não chegue agora
parecerá sempre atrasado

feito para a demora.

Espero o tempo de Ulisses
ou um homem que desvende
minha trama

aprendendo, para mim
um amor que não existe

enquanto espero.

Como escolher alguém
que fique?

 


PENÉPOLE E AS PARCAS

A morte exige tessitura delicada
tecer um sudário é tramar uma asa, véu de noiva
camada de nuvem, teia que floresce em casulo.
Forma que exige fazer, desfazer, sobrepor
não simulo, antes, é este o método da mortalha.

Não se entra duas vezes no mesmo rio
nem no mesmo mar, cama, corpo
não se recupera um fio, é sempre outra urdidura
na sombra do exercício: tecer, destecer,
construir uma ruína sem vestígios,
sudário como cidade em chamas
que ilumina a noite.

A morte exige outra pele, tela composta
faço, desfaço. Moira que confunde agulha, linha
tesoura
enquanto a distância joga como as Parcas
entendo:
é de Odisseu o sudário que teço.

 

 

*

 

 

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Página publicada em fevereiro de 2021

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2009; ampliada e republicada em julho de 2014

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