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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LEONARDO DE MAGALHAENS

 

Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1977.  É tradutor, crítico literário e autor de poesias e contos.

 

 

POESIA SEMPRE. Ano 17 / Número 35. 2000 Número 3 — 2000. Editor Marco Lucchesi.   Rio de Janeiro, Fundação Bibioteca Nacional, Ministério da Cultura,  2000.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

não tenho  

habe keine MP3 non ho MP4 have not facebook
no tengo pendrive je n'ai pas orkut habe kein netscape
je n'ai pas youtube have not deviantART non ho notebook
sou desplugado...

 

non ho hi5 je n'ai pas blog no tengo messenger
have not ICQ habe kein flog non ho skype
je n'ai pas wikipedia have not netlog no tengo explorer
continuo desplugado...

 

je n'ai pas second life non ho wireless habe kein podcast
have not telEduc no tengo modem non ho CD-player
habe keine google have not sonico no tengo vodcast
ainda não pluguei...

 

have not linux no tengo hotmail non ho homepage
habe keine chat have not macintosh je n'ai pas twitter
non ho ílickr no tengo 4share habe kein myspace
sou mesmo desplugado...

 

 

Ditadura do relógio

medido com precisão
ajustado cronometrado
segundo a segundo
reavaliado regurgitado

testas franzidas
quantas horas são?
diante do tempo
carrasco preciso

entronizado cultuado
o tempo do relógio
em açoite pessoal
do mundo civilizado

comida-rápida
proteínas sintéticas
indigestão fabricada
no trânsito genocida

o suserano de vidas
submissas de vassalos
marcados adestrados
segundo a segundo

a ampulheta digital
do mercado regulado
na produção global
sempre JUST IN TIME

 

Sobre a inutilidade de todas as coisas

A inutilidade da existência na mesa do bar
A futilidade da existência ao pé do altar.

A banalidade da existência ao sobreviver
A irrealidade da existência diante da TV.

A incapacidade da existência nas repartições
A insaciedade da existência após as refeições.

A irresponsabilidade da existência em tanto consumir
A incompatibilidade da existência quando se quer construir.

A insanidade da existência os diálogos de sempre
A desonestidade da existência ainda que não se lembre.

 

 

 

Página publicada em setembro de 2018

 


 

 

 
 
 
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