Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOSÉ GUIMARÃES ALVES

Nasceu em Belo Horizonte no dia 24 de janeiro de 1910. Jornalista militante e poeta. Incluído na Antologia da Poesia Mineira – Fase Modernista, organizada por Alphonsus de Guimarães Filho, 1946. Ex. da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, doação de Aricy Curvello.

 

          BALADA INCOMENSURÁVEL

          Na noite gelada
          Perdi meu irmão.
          Olhei para a terra,
          Para o céu e o vento:
          Perdi meu irmão.
          Estrelas luziam,
          E as nuvens passavam,
          E só, nessa noite,
          Ninguém respondia
          Perdi meu irmão.
 
          Na noite gelada
          Queria um abraço,
          Um aperto de mão,
          Um riso, um olhar,
          Uma sombra que fosse
          Pedaço ou lembrança
          Da sombra excluída.
          E muda era a terra
          E calmo era o céu
          E o vento cruel
          Nem vozes levava
          Nem vozes trazia

          Não coube na noite
          Tão grande, tão grande,
          Sentença tão curta:
          Perdi meu irmão.

                    (1934)

 

          POEMA

          Seremos formados em boiões de vidro cem por cento neutro
          Que nos protegerão como úteros científicos
          E assim flutuaremos em soluções a 37 graus centígrados
          Até serem abertas as comportas da vida.
          Receberemos números e letras de séries,
          Revivescência inevitável de nomes e sobrenomes.
          As raízes de nossa carne e de nossa mente
          Serão fáceis de achar como um frio logarítimo.
          Aprenderemos a vida com imperturbáveis olhos de célula
                                                                               fotoelétrica
          E com precisos ouvidos de afinação eletrônica.
          Comeremos rações balanceadas em restaurantes padronizados.
          Não teremos medo, não teremos ódio,
          Seremos exatos e pontuais.
          A multiplicação não será mais nenhum mistério
          E nossos filhos, subcompostos e calculados sem tristezas
                                                                               nem alegrias.
          Morreremos quando o Ministério da Energia Social
          Resolver que foi atingido o limite de nossa utilidade funcional.
          Mas não duvido que na caixa onde guardarem nossas
                                                                               cinzas de mortos
          Mãos tímidas poderão ainda colocar flores de vidro asséptico
          Num gesto cujo sentido ficou perdido nas eras.

                                       (1945)

 

 Página publicada em agosto de 2015


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar