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                    Foto:  http://soloinblue.blogspot.com.br/2010/11/jorge-emil.html
                   JORGE EMIL
 Nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em  1970.  Ator e poeta, formado pelo Teatro  Universitário da Universidade Federal de Minas Geris.  Participa de espetáculos teatrais e filmes,  além de livros de poesia.   EMIL, Jorge.  O olho itinerante. 2ª. Edição.    Rio de Janeiro: Editora Record, 2013.    13,5x21 cm.   ISBN  978-85-01-40065-9  Ex. bibl. Antonio  Miranda    BAILE DE MÁSCARAS  A alma humana não vê beiradanem  boia nenhuma para apoiar-se.
 Solta na bruma, no espaço  nebuloso,no  mar de sargaços revolto de espuma.
 Foge o tempo, num átimo foge  obraço  que transportava o relógio.
 Cada minuto afoga um  disfarce.Ninguém  chega ao ponto de conhecer-se.
 
 
 O PRONTO  ATENDIMENTO Vento fraco, barco a vela,navego  e divago
 devagar.
 O mar revela não mostrar,tão  cedo,
 terra.
 Acendo a velhae  boa vela
 que  invoca "um tempo novo".
 Vêm nove nuvens.Cai  negra neve.
 Ai:  chove navalha.
           A FESTA DO  ANTAGONISTA
         I         É um jogo! — descobriu. Sem folheto  explicativo,segue  às cegas. É preciso consertar, não, destruir
 um  secreto mecanismo que vem brincando consigo
 de  inimigo. Mês a mês indo atrás do prejuízo,
 munido  de crença até o último nível,
 será  impossível que vença uma vez?
 
         II         Ele bem que se aplica, se dedica,porém  nunca identifica o vulto.
 O  estulto vai ajuntando dicas
 e  mais dificultoso tudo fica.
             ESCAPADA         A alma, fumaça fujona,  abandonaa  carcaça que ainda funciona.
 Vitória?  Ligeira, pois não se demora.
 E,  enquanto pervaga sobrevoa sobrepaira
 (morta  de medo de desertar).
 a  carne em segredo comemora
 essa  libertação provisória.
           CLÍNICA PARAÍSO         Esta é nossa primeira,  últimaconversa;  e já vai longa.
 Bem-vindo:  e já vou indo.
 Relaxe:  relatos
 estão  descartados.
 Descanse;  discursos,
 aqui  — como ursos
 bipolares  de grande porte
 à  caça de jugulares —,
 são  caçados até a morte.
           CONFIDENCIAL         Espero que não me ouçamos  poucos que me leem, mas
 não  esperem contar comigo.
 Meu  verso melhor, mais pródigo,
 será  redigido em código,
 não  vai entrar para a história
 ou  escória literária.
 Vou  dizê-lo em teu ouvido,
 afagando  teu cabelo.
 Escreve  o que te digo,
 guarda  isso que te falo:
 minha  glória verdadeira
 é  que tu queiras guardá-lo
 —  de primeira, mas é claro —
 numa  privilegiada
 clareira  de tua memória
 à  prova de violação.
   Página  publicada em outubro de 2017                       
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