Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HONÓRIO ARMOND 

(1891-1958)

Nasceu em Barbacena, Minas Gerais.  Poeta bilíngue português e francês.

 

 ARMOND, Honório.   Poesia completa (com apresentação, estudos críticos e notas das organizadoras). Org. Eliana Scotti Muzzi e Nancy Maria Mendes.  Belo Horizonte: Veredas & Cenários, 2011.  324 p. (Coleção Obras em dobras)  14 x 21 cm. Capa, projeto gráfico e arte final: Marcos Lourenço Vieira.    ISBN 978-85-61508-21-0   Col. A.M. (EA)

 

UMA NUVEM NO OCASO

Viste, acaso um suavíssimo Poente
de cinza e rosa, em gamas merencórias,
iluminar-se inesperadamente,
numa rajada de clarões e glórias?

uma nuvem pequena, alta e morrente,
lembrando auroras, madrugadas flóreas,
foi tocada do Sol subitamente,
e eis que rutila em chamas ilusórias.

Há de, em breve, apagar-se ao vir a treva
que, a lento e lento, coleante adensa,
amortalhando o céu crepuscular.

Mas, ao sumir-se, no bulcão que a leva,
que sonhos trouxe!... que ternura imensa!...
quanta saudade refletindo ao luar.

 

CINIS

Eu que me sintetizo em cinza e poeira
que a nada mais aspiro e nada quero,
no pequenino círculo de um zero
consegui inscrever a vida inteira...

Duvidar ou descrer... Desta maneira
não me revolto e nunca desespero...
Sei que isto acaba...  e seu que, ao Fado austero,
ninguém pode fugir, nem se lhe esgueira.

Vida e Morte... abstrações... palavras... nada!
Valerá ser-se triste ou ser-se alegre?
Tanto dura o prazer como o pesar...

Morta a fé, morto o amor, a ânsia evolada,
espero que o que sou enfim se integre
na eterna vibração molecular...

 

PALAVRAS A UM CRENTE

—“Que vem a ser o Bem? — perguntas. Digo
que nunca, até hoje, francamente, eu pude
entre o joio do mal achar o trigo.
O pecado é irmão-gêmeo da virtude...

Chamas a todos — Meu fraterno amigo!
A tua alma ingênua, meu irmão, se ilude...
Faze como eu que, há muito, já não sigo
fogos-fátuos brilhando na palude...

Leva este mundo tal como é... Mascara
as tuas emoções, o ódio, a alegria,
cerra o teu coração, aguça o olhar,

Que hás de ver entre a turba ingrata e ignara
o Mal, que de virtude se fazia,
rir-se de gozo ao ver alguém chorar...

 

          A UM CADÁVER

          Triste herança do verme obscuro que te espera
          nessa noite sem fim pra onde vais agora;
          a fria mão da Morte, igualitária e austera,
          já de um roxo-ciano os lábios te colora...

          Sendo a Beleza e a Graça enjaulaste a Quimera!
          Foste o Sonho que embriaga e o abismo que devora!
          e já não cheiras bem... teu cheiro engulhos gera,
          não te suportarão daqui a meia hora...

          Rubra rosa aromal, teu corpo foi uma ara!
          Por ti, enchendo o céu, vibrou mais de uma lira
          nos estos da Paixão que acalenta e tortura,

          E, hoje, aqui, se algum cão de ti se aproximara,
          ó punhado de lama, o próprio cão fugira
          tal ao bafo que vem de aberta sepultura...

 

Extraído de REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS Ano 96 – Volume LXXVI 2016. 

CICLO II

Viver... Viver... rolar a pedra encosta acima
esperando a eminência ou o apogeu,
em que a Glória reluz e o Sonho prima
pelas forças ideais que à alma nos deu...

Descer sem lá chegar... há quem exprima
o horror de quem, sem culminar, desceu?
e a dor daquele que, ao chegar lá em cima,
teve o abutre? Ou o Sísifo ou Prometeu!

Viver... ser ódio, amor, ânsia, luxúria...
sentir a asa colhida e baldo o surto
que são grilhões de bronze, honra e dever!

Crer, amar, esperar... tríade espúria! ver
o pomo a fulgir e o braço é curto,
ó Tântalos do Sonho... e é tal viver!...

 

CICLO III

Morrer... Morrer... é continuar, de novo, a rota
para um longínquo e tenebroso Além...
é sem flor... animal... ou pedra imota...
a Morte um só instante, a Vida além...

Da ignóbil podridão a vida brota
e, com ela, ódio... amor... o mal e o bem!
morrer! Partir para uma terra ignota
que os meus olhos, mortais, longe, entreveem...

É uma circunferência a Vida, em suma...
de qualquer ponto que tu partas, Homem,
hás de encontrar, um dia, esse teu Ser!

Ou um sol num flóculo de espuma
as dores que hoje em dia, te consomem
terás sempre contigo!... e é tal morrer!...

 

 

 

Página publicada em março de 2012; ampliada em outubro de 2015; ampliada em fevereiro de 2017

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar