HENRY CORRÊA DE ARAUJO
De
Henry Corrêa de Araujo
Valacomum
Belo Horizonte?: Vereda, 1966. 70 p.
O MURO
o muro é menos
sua ruina
o lôdo móvel
que o rumina
o muro é onde
a cal confina
o barro duro
que o germina
o muro é só
o que confisca
a pedra e o pó
em que se fixa
o muro é quando
o olho elimina
o que é nele
silêncio e urina
o muro é mais
quando consigna
a própria ira
de quem conspira.
CORPO A CORPO
olho a olho
procuro
onde teu corpo
no escuro
frente a frente
concentro
onde melhor
te adentro
palmo a palmo
penetro
onde animal
te adentro
corpo a corpo
te sugo
onde mulher
o teu suco
pouco a pouco
retorno
à situação
vegetal.
50 POEMAS ANOS 60 seleção e organização Ana Caetano, José Maria Cançado, Marcelo Dolabela. Belo Horizonte: Prefeitura de B.H., 1993. (Temporada de Poesia - Fascículo 3) N. 00 030
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA
Hiroshima em 3 atos
1 - a paz
como se faz?
- a guerra
é fácil
um risco
no mapa
um disco
compasso
de longo
alcance
a marca
a marca
a marca
em Hiroshima
2 - a paz
como se faz?
a guerra
é fácil
o preço
do homem:
o medo
voo
de longo
alcance
a bomba
a bomba
a bomba
sobre Hiroshima
3 - a paz
como se faz?
- a guerra
é fácil
um corte
no azul:
a morte
lance
de longo
alcance
os mortos
os mortos
os mortos
de Hiroshima
Página publicada em junho de 2011
|