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FERNANDA NICÁCIO GOUVEIA
Fernanda Michelle Nicácio Silva Gouveia - Cursou as disciplinas do Mestrado em Educação Tecnológica (CEFET-MG), possui Especialização em Gestão de EAD pela UFF (Universidade Federal Fluminense), possui Especialização em História da Ciência pela UFMG, disciplinas isolados do Mestrado em História da Ciência pela UFMG, Especialização em Gestão de Projetos Educacionais pela (UNA-MG) e graduação em História pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (2002).
ANTOLOGIA DO DESEJO / VÁRIOS AUTORES. LITERATURA
QUE DESEJAMOS. PARATY 2018. Editor e organizador; Eduardo
Lacerda. Ilustração e projeto gráfico: Fernando Mathias. São Paulo:
Patuá, 2018. 358 p. 13,5 x 20, 5 cm. ISBN 978-85-8297-614-2
Ex. bibl. Antonio Miranda
AUTO mar
Entre o que imagino e o que realizo
O concreto
Entre o que sonho e o que se forma
O incerto
Entre o que vejo e o que julgo, um fragmento
Entre o real e a realidade, minha interferência
O superego entre o sexo e a fantasia
Entre nudez e transparência: o manto
Entre todo o ciclo, o corte da melancolia
Entre o que se diz e o que se faz, o espanto
Entre a vida e a morte, a mutável distância
Entre o impulsivo e o ilegal, a punição
Entre o mundo e a inteligência, a percepção
Entre o começo e o fim, o soneto
Calmaria
Era uma vez...
no princípio
existiu um homem
liberdade e tradição
se digla diavam
na arena mental
de repente
não paga mais ingresso
não mais comparece
se esquece
agora respira
sereno natural:
ouve o coração
vida, poesia
vidapoesia
experimenta:
vivências
ambivalências
suas reticência...
CENA POÉTICA 10 — poesia & prosa. Belo Horizonte, MG: RS Edições e Baroni Edições, 2024. 216 p.
Exemplar da biblioteca de Salomão Sousa
Anatomia de uma queda*
Anatomia de todas nós
Anatomia de como somos vistas
Julgadas dissecadas perscrutadas
Incessantemente
Culpadas
Previamente
Desde Eva
Eva
Ela foi culpada
Adão se esconde
Não se responsabiliza
Desde a queda
Queda original
Não se responsabiliza
Culpa Eva
Anatomia da queda original
Que imputam a todas nós
Incessantemente
Obsessivamente
Em olhares métricas
Do nosso peso corpo do que bebemos
onde andamos em que horário
o tamanho da nossa saia
se tinha muita ou pouca maquiagem
O que ela fez par provocar:
A queda
Todas as quedas imputadas a nós
Somos culpadas previamente
E Adão não se responsabiliza
Pelos próprio atos
Precisa culpar alguém
Eva
A primeira e completa serventia
Culpada
Da queda e de tudo
Somos sempre suspeitas
Não temos o bônus da credibilidade
Só o ônus da culpa prévia
Anatomia da queda
Costela... osso!
Eva
A Anatomia é outra
Vocês nasceram de mulher
Vocês vieram do útero
Respeitem as mulheres
Mulheres levantem-se
Não somos culpadas da queda
Não ficaremos quedadas
À amarra do mito
Ergueremo-nos
Já começou!
Como cachorro morto
Vamos nos reerguer
E correr de novo
Livres!
*(baseado no filme do mesmo nome)
Perda
A perda se instala rápida
A morte passeia lenta
Em cheiro sutil
Narinas aguçadas farejam
A morte vai adensando
Morada orvalhada
Nos tecidos conspícuos
De carnes
Humanas animais
Unhas meias
Extremidades
Tentacular
A lembrar
A extrema hora
Da morte
*
Página ampliada e republicada em dezembro de 2025
Página publicada em agosto de 2019
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