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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



ARCHANGELUS DE GUIMARAENS

(1872-1934)

 

 

Nasceu em Ouro Preto em 1872 e morreu em Belo Horizonte em 1934. Era o irmão mais novo de Alphonsus de Guimaraens, que o considerava "irmão de sangue, de berço e de sonhos".

Nome verdadeiro:  Arcanjo Augusto da Costa Guimarães. A latinização foi feita por influência do irmão mais velho.

Fonte: COROA DE ESPINHOS, Rio de Janeiro, Organização Simões, 1955.

 

 

                            OURO PRETO   

 

À sombra de teus cerros altaneiros 
E em ouvindo o rumor de tuas fontes, 
Eu vi florir sonhos aventureiros, 
Em busca de longínquos horizontes!

Aí sorriu-me a vida anos inteiros! 
E nas tardes de abril, nas tuas pontes, 
A surdina senti de teus ribeiros, 
A marulhar por entre escuros montes...

Julgo ouvir inda o sino das ermidas, 
Brancas, no alto, para os céus erguidas, 
Rezando Ave-Marias pelo poente.

E o teu luar em noites perfumadas, 
Lembra as falas de amor apaixonadas 
De Dirceu e Marília, docemente!...

 

 

VENDEDORA DE FLORES

Todos os dias vem-me à lembrança,
Como uma antiga canção de amores,
— Olhos trigueiros, que linda trança! -
Essa inocente e pura criança,
Que então passava vendendo flores...

Essa figura de camponesa
Todos os dias passa por mim;
Lembro-me ainda da singeleza
Dos seus vestidos que, com certeza,
Lhe deram fadas no seu jardim.

Ninguém sabia donde viera,
Corriam lendas misteriosas...
Ela era o anjo da Primavera;
Veio de certo numa galera,
Feita de lírios, feita de rosas...

—"Flores... quem compra flores tão belas?
Foram plantadas com a minha mão.
Tenho-as dobradas, tenho-as singelas,
Rosas mais brancas do que as estrelas,
E outras tão novas, ainda em botão.

Flores de neve das laranjeiras,
Foram criadas pelo luar...
Ai deste ano foram as primeiras!
Belas grinaldas p'ras cabeleiras,
Das raparigas que vão casar.

Rosas tão brancas, tão desmaiadas,
Ontem sorrindo, vi-as nascer...
Ó raparigas que sois amadas,
Nas vossas tranças tão perfumadas
As minhas rosas irão morrer!

Trago violetas, são tão mimosas!
Quanto perfume, que cheiro têm!
P'ra mãos tão brancas como essas rosas,
Eu fui colhê-las misteriosas...
Quem quer violetas? Quem ama alguém?

Ó viúvas tristes, noivas amantes,
Trago-vos flores p'ra vossa dor!
Vossos pesares são tão galantes...
P'ra amores mortos e tão constantes
Tenho a saudade de roxa cor..."

Vendendo flores, essa criança
Vinha de certo do Paraíso...
Que lindos olhos! Que bela trança!
Da flor mais pura guardo a lembrança:
Da flor tão branca do seu sorriso.

 

 

VERSOS CAMPESINOS
(a Urbano Junqueira) 

 

Os jasmineiros estão floridos 
Pelas devesas que vais trilhar; 
Invejam a alvura dos teus vestidos... 
Os jasmineiros estão floridos, 
Sabendo ao certo que vais passar...

A rosa branca que vai pendida 
Nos teus cabelos em desalinho, 
Vai orgulhosa por ser querida. 
A rosa branca que vai pendida, 
Lembra uma pomba dentro dum ninho.

Pelos valados, pelas campinas, 
Como que as aves dizem: Bons dias! 
Vozes tão frescas, tão cristalinas, 
Pelos valados, pelas campinas, 
Quando passavas, quando tu ias...

No azul sereno, no azul lavado, 
- Pombas d'arminho voando no ar -  
Teu colo branco foi invejado, 
No azul sereno, no azul lavado, 
Como a pureza do teu olhar...

Pelas longínquas serras nubladas 
- Cortinas alvas desse arrebol - 
Como num sonho branco de fadas, 
Pelas longínquas serras nubladas, 
Vinham beijar-te raios de Sol...

E como um bando de raparigas 
As laranjeiras davam-te flores 
Para a grinalda - boas amigas. 
E como um bando de raparigas 
Que já soubessem dos teus amores...

Rosa colhida pelo valado, 
Era teu dote para o noivado 
Tua alma simples de camponesa. 
- Rosa colhida pelo valado, 
Tanto perfume, tanta pureza...

Tua vivenda branca e isolada 
Seria o pouso dos pobrezinhos... 
Como que rindo perto da estrada, 
Tua vivenda branca e isolada 
Por entre flores, por entre ninhos...

 

 

Extraído de

 

 

 

POESIA SEMPRE.  Ano 18.  2012. Número 36.  Edição dedicada a Minas Gerais. Rio de Janeiro: Ministério da Cultura, Fundação Biblioteca Nacional, 2012. Editor Afonso Henriques Neto.

 

 

 

RIBEIRÃO DO CARMO

 

Levavas as dolentes nostalgias

Das choupanas, dos campos, das cidades,

E é por isso que murmuro seguias

Como quem segue cheio de saudades.

 

Nas tuas águas límpidas e frias

O luar sonhava brancas virgindades...

Eras tão triste assim que parecias

Feito do pranto eterno das idades.

 

Mas não paravam nunca as tuas águas;

Talvez para matar as próprias mágoas,

Sem te deter corrias sempre além...

 

E vendo-te passar como um demente,

Eu tinha às vezes o desejo ardente

De ir ao teu lado, de seguir também!

 

Página publicada em agosto de 2015

 
 
 
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