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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



ALEXANDRE MARINO

 

 

Nasceu em Passos, Minas Gerais, em 1956. Na adolescência, no início da década de 70, fundou, ao lado de outros jovens escritores, a revista literária “Protótipo”, que foi apontada por Glauco Mattoso como “uma das pioneiras do movimento marginal”. Em Belo Horizonte, Alexandre formou-se em Jornalismo e Publicidade pela PUC-Minas e publicou seus dois primeiros livros, “Os operários da palavra” e “Todas as tempestades”. Vendeu cerca de 3 mil exemplares em bares, restaurantes e filas de teatro. Mudou-se para Brasília em 1982, onde foi um dos editores da revista “Há Vagas”. Publicou em 1999 “O delírio dos búzios”, pelo próprio selo, Varanda. Seu quarto livro, “Arqueolhar”, publicado pela Editora LGE em 2005, foi apontado pelo escritor e crítico Antonio Olinto, da Academia Brasileira de Letras, como exemplo “do que melhor tem o verso brasileiro no momento”. Em 2007 publicou “Poemas por amor”. Trabalha atualmente na Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Educação. Alexandre Marino mantém na internet o “Sítio do Alexandre Marino” (www.abordo.com.br/marino) e o blog “Poesia e outros olhares” (www.arqueolhar.blogspot.com).

 

Livros publicados: Poemas por amor (Varanda, 2007); Arqueolhar (LGE, 2005);O delírio dos búzios (Varanda, 1999); Todas as tempestades (edição do autor, 1981) e Os operários da palavra (Batanguera, 1979)

 

“O livro não se descuida um só momento da forma, do esmero com a linguagem, de seu embate com os abismos rítmicos e o bailado da versificação. O que há de mais cativante neste teatro é que nenhum dos objetos de sua construção é refém dos demais, que não há um imperativo de destaque, seja do argumento, da forma, do ritmo, seja do passado, do presente, do futuro. Apenas aparentemente o livro se organiza dentro do olhar, pois o faz com todos os sentidos.” Floriano Martins, no prefácio de “Arqueolhar”.

 

“Esse desvio do artificialismo da linguagem, aliado a uma narratividade oblíqua e ainda ao exercício não-constrangido de uma subjetividade que é una e múltipla ao mesmo tempo, confere aos poemas de Arqueolhar um traço diferencial, uma dicção singular. Ao invés de malabarismos verbais, Alexandre Marino opta por explorar as várias camadas de sentido da linguagem. A ausência de um formalismo explícito não significa, porém, uma recusa da forma. Percebe-se que o poeta urde a textura de seus poemas através de um trabalho intrínseco com o ritmo. A isso se soma ainda uma trama bem construída de imagens, que tendo por base a figura do labirinto, assegura o jogo crescente e vertiginoso de tempos divergentes, convergentes e paralelos que sustenta o conjunto.”  Maria Esther Maciel, no prefácio de “Arqueolhar”, escrito a quatro mãos com Floriano Martins

 

Poesia é, neste País, das coisas mais vivas e mais avançadas que existem. Volta e meia, poeta novo começa a fazer versos e a sacudir a mesmice dos estilos. Ou poetas já conhecidos alcançam pontos mais altos no exprimir o talvez inexprimível. (...) O mais evidente exemplo desse permanente renascer, de uma linha, e de outra, e de outra, é o do poeta Alexandre Marino, cujo livro "Arqueolhar" reúne poemas que, num desdobramento de temas, numa experimentação verbal própria, numa retração de sons e numa explosão silábica cheia de significados, atinge um nível de poesia que o situa entre o que de melhor tem o verso brasileiro do momento. (...) Além de sabedoria vocabular, revela o estilo de Alexandre Marino uma extraordinária elasticidade rítmica. Alguns de seus versos dão a impressão de que podem ser lidos ao contrário ou tomados em qualquer ponto, pois o ritmo como que parte dali e se integra em nova unidade. Atente-se para o sereno domínio do poeta sobre seus símbolos, suas realidades, suas palavras. (...)

Não hesito em colocar Alexandre Marino, com este "Arqueolhar", entre os grandes poetas do Brasil. A originalidade de seus temas, o bom e forte equilíbrio de seus versos, seu grave e necessário respeito pelas suas memórias, por inventar uma literatura para cada poema. Há um tipo de poesia que é matéria verbal, vocal, oral, visível, signo, sinal, e é no ritmo que a matéria se forma e ganha contorno. Fazendo poesia com palavras, conscientemente com palavras, o bojo vocabular de Alexandre Marino é de extraordinária riqueza.” 
Antonio Olinto, “O sereno domínio do verbo”,(Tribuna da Imprensa, RJ, 3 de maio de 2006), sobre “Arqueolhar”

Alexandre Marino é poeta de símbolos e metáforas impressivas dotadas de ritmo e significado. A alma do poeta é difusa – não por descontrole de expressão, mas do meio de captar a fluência do existir, do viver, do imaginário. Dispõe já do domínio da linguagem e da técnica. Buscou a síntese (a da intuição criadora) e imaginou o apocalipse (o da visão maior do humano do homem). Nos poemas desta seletiva a procura obsessiva da rota. A poesia verdadeira acha os sinais da descoberta.”  Pedro Paulo Ernesto, (texto inédito, Goiânia, setembro de 2003), sobre a participação do autor na antologia “Poetas Mineiros em Brasília”
 

 

Veja o E-BOOK do poema:

 

 

MARINO, Alexandre.  Arqueologias. Jaboatão, PE: Editora Guararapes EGM, 2015.  30 p.   ilus. col. 20x13 cm. Edição artesanal; editor: Edson Guedes de Morais, tiragem limitada. “Alexandare Marino “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

MARINO, AlexandreExília.  São Paulo: Dobra Editorial, 2013.   136 p.  14x21 cm.  ISBN  978-85-8282-004-0    Col. A.M.

 

Pompeia

 

Meu coração fibrila sob a terra

e arranca lágrimas do Vesúvio.

O corpo de outro sonho deserta

e refaz solitário

seu roteiro turvo.

 

Cada um ao vagar inerte,

além de memórias em refluxo,

escreve a sua odisseia

Entre rumores e tragédias,

mas é eterno o recomeço

nas finitudes de Pompeia.

 

É feita de tropeços a estrada

deste corpo fóssil assim exposto

aos olhos curiosos das estátuas.

 

 

 

O último verso de Celan

 

Margeia o rio o anónimo suicida,

a afogar-se na aridez humana.

Ainda lhe resta uma luz na madrugada,

realizar a morte como projeto de vida.

 

Não é um rio qualquer, é o Sena,

a dividir a civilização ao meio.

Testemunha de históricas tragédias,

que a paz dessas águas não serena.

 

Ele versejou no idioma dos carrascos

e procurou nas dores a beleza.

Quantos parasitas quebram o silêncio...

Cruza a ponte o morto solitário.

A noite parece leve a seus eflúvios.

Contra as feras, faz-se náufrago.

 

 

 


ARQUEOLHAR

 

O estranho

 

Não passas de um intruso nesta manhã de sol,
mesmo que mil olhos abandonem os espelhos
e se acerquem de teu desespero inominado.

 

Inóspito é o mundo a construir-se à tua volta.
São anticorpos a expulsar o objeto estranho
porque todos os tempos são indecifráveis.

 

Entregam-te o caos para que o ordenes,
o circo onde duelam felicidades e tragédias,
destroços de vidas para que as reconstruas.

 

Não há volta ou refúgios para a viagem,
mas um horizonte trancado a chave.
Ali interromperam a tua eternidade.


Arqueologias

 

As infinitas casas dentro de uma casa.
Incontáveis cômodos, entre corredores
e labirintos.
Passagens secretas,
quartos abandonados,
paredes falsas
por onde fantasmas navegam seus instintos.

 

No banheiro, sinais de uma presença
sem testemunhas.
Um nome proibido e seu vazio.
O perfume de sabonete Labas
e a gastura de fincar-lhe as unhas.

 

As gavetas onde o pai esconde as amantes,
uma flor seca entre as páginas do caderno,
as janelas invisíveis
onde mãe e filhas se debruçam para sonhar,
uma bola que nunca mais voltou à terra
e um muro que limita três mistérios.

 

E há outra casa e dentro ainda outra,
onde plange um violão doente de cupins,
um violão que se atira ao quintal
em noites de vendaval,
abre cordas e peito à ventania
e desperta um morto no jardim
para a última cantoria;

 

Mas há outras casas, e outras
enterradas sob a alvenaria,
onde se ouve o amor dos gatos no porão
e seus ecos no coração de uma tia
em eterna vigília no fogão,
enquanto chegam as notícias
à mesa da cozinha.

 

E no guarda-roupas do último quarto,
um espelho esclerosado
reflete sorrisos senis de crianças mortas,
na escuridão do dia ensolarado.

 

Ainda entre as paredes de outra casa escondida,
uma cortina veste o rosto da senhora arrependida,
e no oratório, santos expiam culpas
ouvindo confissões das filhas de Maria.

 

Mas há outras sombras soterradas
sob os alicerces de tantas epigamias,
entre ladrilhos rotos e canteiros d´alface,
jabuticabas maduras e rosas ressecadas,
o cão de guarda farto de fobias.

 

Sob a terra, vermes se embriagarão
com os restos da adega feita em lágrimas
e os suores de mortais enquanto vivos.

 

Não haverá poças após as chuvas,
frutas a colher, pássaros nos fios.
Não vou chorar pelo tombo na escada.
Não haverá escadas.
Haverá o espanto dos arqueólogos
ao desenterrar
entre choros
o meu sorriso.

 

 

Receita

 

No início, nada além de caos e fome
e uma rua que jorrava diante da janela.
Trouxeram farinha de trigo, açúcar, ovos,
que mãos remotas entornaram na gamela.

 

O mundo era um deserto sem destinos,
só um pouco de sal, bicarbonato, canela.
Havia ainda óleo de milho e margarina
para que a história se tornasse eterna.

 

Avó e tias trabalhavam com esmero
invocando o poder divino das essências
tempero do tempero de tantas iguarias;

 

O forno exalava calor e esperança,
que na mesa da cozinha se servia
para adoçar os abismos da infância.

 

 


POEMAS POR AMOR

 

Sentidos  

Olhos:
dois peixes abissais
que mergulham à procura de Deus.

 

Boca:
chave para a revelação
caminho em busca dos sete mistérios.

 

Jardim:
pomar da fruta mágica
alimento que dá forma à alma.

 

Mãos:
o fim das diferenças
carícias subvertendo desencontros.
 

 

Noite  

Adormecemos, e o mundo
não existe. Mundos nascem
em espiral
ao redor de nossa surpresa,
e no entanto silenciam
quando nos calamos.
Tua aflição imóvel.
Pássaros dormem,
grilos debatem o nirvana,
corujas meditam.
Há um sorriso
plantado nesse repouso,
sinto-o na escuridão
diante de tua luz,
claridade invisível
desta noite.
 

 

A mão sobre o ombro 

Esta mão em seu ombro deseja o impalpável,
o abstrato sob o visível, a utopia sem nome.
A pele compreende cores e asperezas,
expostas na melodia de sonhadores insones.
O movimento agônico da rotação da terra,
vozes dissonantes através da janela,
seu olhar e o perfume derramado,
frutos e essências de novas estações.
A paisagem de temporais atemporais,
sua mão sobre a minha e este trôpego coração,
perdido libertador de palavras enjauladas.
Entre desertos lunares e multidões marcianas,
eis a nossa liturgia, a mão sobre o ombro,
olhares como abismos, a luz da travessia.

 

 

MARINO, Alexandre.  O delírio dos búzios.  Brasília: Varanda Comunicação e Edições, 1999.  76 p.  14x21 cm.  ISBN 85-87200-02-X   “ Alexandre Marino “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Cenas & cenários

(versos para (in)compreender a solidão humana)

 

Fogem da lua os cavalos brancos de Dali

e vêm pastar na rua

os restos de fondue.

 

Rompem os círculos os relógios na primavera.

A consciência humana se desfaz

sob o sol de outras eras.

 

Há sinais de vida nos objetos.

Um homem invisível

vive na alma de um castelo.

 

Os mistérios perdem-se no karma.

Dali retorna insone

à noite de Gala.

 

A solidão é azul e secreta

como olhos fechados.

Um corpo feminino se desnuda e mira

o infinito

que penetra pelas frestas

das janelas.

O silêncio é branco e dói.

Uma estrela subverte a solidão.


 



Participante da I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA,

de 3 a 7 de setembro de 2008.


Click na imagem


II BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASÍLIA – Poemário. Org. Menezes y Morais.  Brasília: Biblioteca Nacional de Brasília, 2011.  s.p.  Ex. único.

 

Cabe ressaltar: a II BIP – Bienal Internacional de Poesia era para ter sido celebrada para comemorar o cinquentenário de Brasília, mas Governo do Distrito Federal impediu a sua realização. Mas decidimos divulgar os textos pela internet.

 

 

A criatura

 

No princípio, o inimaginável.
Até acender-se
a primeira palavra do poema.
Há um mundo a se compor,
universo com princípio e fim.
Não o fará um soberano absoluto,
mas um deus aleijado,
iluminado e pecador.

 

Depois de três bilhões de anos
de matéria construída e invisível,
a criatura o criará,
e em segundos o preencherá
com bombas e sinfonias,
enquanto se afoga
em seus próprios dejetos.

 

Virá a fome,
a boca a devorar os próprios dentes,
a ilusão da diáspora.
Eis o homem e seu caminho,
supremo paradoxo
entre redundância e metáfora,
entre a joia lapidada
e a demolição dos sonhos.

 

 

A face e o fóssil

 

Um Deus cigano sentou-se e chorou
entre as areias de um oceano extinto.
Mirava a Terra e os monstros que criou
e suicidou-se com as últimas gotas
de um lago de veneno.

 

Nada restou em Marte, apenas sua face,
feita fóssil, mirando a Terra desolada,
onde humanos ateus tentam fartar-se
dos restos da divina felicidade.

 

Naves cruzam o Universo à procura
das ruínas de seu sorriso insepulto,
Homens perplexos leem mensagens
nesse olhar voltado para o obscuro.

 

São divinas as criaturas e seus crimes,
sua fome, irreversível tristeza,
o dom da consciência a confundi-las,
ao mirar a máscara mortuária,
só visível ao Homem, ilusão de grandeza
que o apequena e esmaga.

 

 

De volta à ferrugem

 

Todos os automóveis sepultados no deserto,
cadáveres metálicos de volta à ferrugem.
Nas artérias da cidade transitam pensamentos,
árvores centenárias à sombra de si mesmas.
Arbustos, gramíneas, pequenos tufos verdes,
a brisa soprando a poeira nos cabelos.

 

A paisagem limpa de asfalto e metais.
Ruas vazias dormem ao som dos pardais.
Não há máquinas embriagadas a despertá-las,
nem faróis com seus fachos de fora.

 

Um paradoxo na cidade perfeita –
sem buzinas a boliná-la,
sem motores a movê-la,
só farfalhos de folhas,
murmúrios de fontes.

 

Um designer projeta pesadelos
na cama do manicômio.
Sete maníacos devoram a si mesmos,
enquanto cavam seus túmulos.

 

Um roteiro de sustos
no museu de alucinações.
Cemitério de chips entre ruínas.
Cenário de silêncios históricos.
Restos de paranoia em cada esquina.
Um congestionamento bucólico.

 

Oh, mundo, como eram feios os teus automóveis!

 

 

 

 

BRIC A BRAC  4- Brasília, DF: L3/J Empreendimentos Culturais Ltda, 1990.  Editores: Luis Turiba, Luis Eduardo Resende (Resa). Lucia Miranda Leão, João dos Reis Borges.   Capa: Resa Celaví.  96 p.  ilus. Col.  23 x 31 cm.    Ex. bibl. Antonio Miranda


 

 

 

 

1ª.  BIENAL DO B – A POESIA NA RUA.  26 a 28 de Setembro de 2012.   Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2011. 154 p. ilus. col.  17x25 cm. 

 

      

             Sangria

Um amor triste
expulso do recinto
revolto, revolta-se,
bate à porta, insiste.

Sou um deus farto de fantasmas e orações inúteis.
Pobre diabo,
só cometo pecados fúteis.

Poeta vulgar
rastejo no assoalho
doente de miopia
tateio o alcadafe —
será vinho ou sangria?

Na paisagem bordô,
sonho um bacanal.
Paixão sem pudor,
o líquido se agita,
o amor nada.

Entre os cacos da garrafa,
o sorriso do retrato.
Ah, sonho de cabernet!
Ah, pobre zurrapa!

 

 

 

 

 

 

Página ampliada e republicada em junho de 2019;

 

Página publicada em novembro de 2020

 



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