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                   RODRIGO BARROSO  
                    
                  Rodrigo Barroso  Fernandes 
                    (1964, Belo Horizonte,  Minas Gerais) 
                      Poeta  diletante, consultor na área de economia da cultura, 
                        formado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais. 
                    
                    
                  
                  MELLO, Regina.  Antologia de Ouro III. Museu Nacional da Poesia – Organização. Belo             Horizonte : Arquimedes Edições,  2014.   136 p.   
                    15 x 21 cm.              ISBN 978-85-89667-50-0     
  Ex. bibl. Antonio Miranda,  exemplar enviado por Regina Mello. 
                    
                    
                                  Ridiculum Vitae  
                     
                    Já fui rígido,  intransigente. 
                      Hoje,  flexível e plural. 
                      Carrego  contradições, 
                      carradas  de desejos, 
                      pletora  de frustrações. 
                      Detesto  covardias, 
                      adoro  gentilezas. 
                      Quando  tudo vai mal, 
                      blasfemo  e rezo, 
                      choro  e reajo. 
                      Sou  tímido na vida, 
                      mas  não economizo emoções. 
                      Detesto  arrogâncias, 
                      adoro  o silêncio. 
                      Antíteses  me definem: 
                      simples  e complexo, 
                      transgressor  e tradicional, 
                      minimalista  e barroco, 
                      marginal  e convergente. 
                      Ora  ateu, ora crente, 
                      busco  o divino no profano. 
                      Sou  meu melhor amigo, 
                      mas  também meu pior inimigo. 
                      Vaidoso  e humilde, 
                      gosto  quando me aplaudem, 
                      mas  aprendo mesmo é com as vaias. 
                      Nasci  peixe, no verão. 
                      Quero  morrer estrela, no inverno. 
                      A  poesia pra nada serve. 
                      A  poesia é minha lucidez. 
                    
                    
                    
                         Obsessão 
                     
                    Me  especializei em te esquecer. 
                    Superar  pensamentos recorrentes. 
                    Fugir  do looping da memória. 
                    Separar  você de mim. 
   
                    Você  era meu centro. 
                    Numa  tentativa vã de esquecer, 
                    te  coloquei na periferia de minha vida. 
                    Minha  cartografia afetiva se reconfigurou 
                    e  a periferia logo o centro se tornou. 
   
                    Você  era meu norte. 
                    Numa  tentativa vã de te esquecer, 
                    inverti  os polos do meu afeto. 
                    Minha  referência geográfica se reconfigurou 
                    e  o sul, o norte se tornou. 
   
                    Você  era meu soneto perfeito. 
                    Numa  tentativa vã de te esquecer, 
                    me  livrei da rima e da métrica. 
                    Meus  versos apaixonados se reconfiguraram 
                    e,  mesmo na liberdade da forma, 
                    você  é minha inspiração poética. 
   
                    Não  te vejo mais, 
                    mas  te encontro sempre, 
                    no  tempo-espaço 
                    da  saudade-esperança.          
   
                   
                    
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                  Página publicada em fevereiro de 2021 
                
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