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                   Foto  do autor por Clicio Barroso 
                    
                  LUIZ FERNANDO FAVILLA 
                  ( Rio de Janeiro –  Brasil ) 
                    
                  
                    O  autor se considera o “mais mineiro dos cariocas”... Redator publicitário,  letrista de música,  
                      fotógrafo amador. 
                    *** 
                    Luiz  Fernando Favilla Carrilho 
                    Possui  graduação em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho (1978),  especialização em Linguagem  
                      e Comunicação em Práticas Profissionais (Lato-Sensu) pela Pontifícia  Universidade Católica do Rio de Janeiro  
                      (2008) e mestrado  em Design pela Pontifícia  Universidade Católica do Rio de Janeiro (2011).  
                      É professor do quadro complementar da Pontifícia Universidade Católica do Rio  de Janeiro.  
                      Orienta os projetos de conclusão de graduação em Comunicação Social. E exerce a  função  
                      de diretor de criação da Agência.Com - Agência de Publicidade da PUC-Rio.  
                      Atua principalmente nos seguintes temas: Design estratégico, Comunicação  Social,  
                      Educação, Novas Tecnologias, Criatividade e Leitura do mundo. 
                    Informações  coletadas do Lattes em 27/06/2020 – ESCAVADOR 
                    Faleceu  em 2019. 
                      
                      
                    
                    AVILLA, Luiz Fernando.  Amante  de primeira viagem. Layout, capa e diagramação: Vitor Lemos.  
                      Ilustrações: João Carlos Olivieri.     [Rio de  Janeiro; Impressão: Quimigráfica Ind. e Com. S. A. , 1981   s. p 
                      Ex. bibl. de Antonio Miranda, doação do livreiro Jose Jorge  Leite de Brito.  
                      
                   
                  
                                  Parodiando  Fernando Pessoa 
                       
                      No fundo  
                        eu  sou um fingidor 
                        fingindo  ser o que não sou. 
                        Canastrão  convicto 
                        sigo  recitando frases feitas, 
                        plagiando  emoções céleres 
                        as  quais consumo 
                        com  sede de meio copo d´água. 
                         
                         
                        Anéis 
                           
                          Estou  cercado, 
                        cerceado, 
                        num  diâmetro alargado 
                        pelas  circunstâncias do que me fiz. 
                        Como  num zoológico 
                        equipado 
                        tenho  um espaço 
                        determinado 
                        numa  falsa liberdade. 
                        E  dentro dele vou fingindo 
                        que  não vejo suas grades, 
                        suas  muralhas. 
                        E  calado 
                        no  acomodamento vou ficando 
                        sem  saber o que fazer 
                        dentro  ou fora daqui. 
                        Mesmo  quando o vigia 
                        adormecido 
                        ou combinado 
                        deixa-me  escapar em fantasias, 
                        pois  sabe que 
                        por  ser amestrado 
                        vou  voltar. 
                        Por  não ter aonde ir. 
                         
                         
                        Mutação 
                           
                          Como  o tempo passa 
                        e  como 
                        passando  não passa 
                        de  ilusão. 
                        Como  dia corre 
                        e  como 
                        correndo  colore 
                        a  escuridão. 
                        Como  a noite venta 
                        e  como  
                        ventando  inventa 
                        nova  estação. 
                        O  tempo, o dia, a noite 
                        passam  por cores lentas 
                        que  se revelam incertas 
                        como  toda mutação. 
                      
                                  Flor do meu crescer 
                       
                        Mais uma prova de amor 
                          eu  desisti. 
                          Mais  uma rota sem descaminhos 
                          eu  me perdi. 
                          Questão  de medo dos meus segredos 
                          revelar, 
                          questão  covarde fugir do alarde 
                          que  é o amar. 
                          O  meu castigo é ir pro abrigo 
                          e  me esconder. 
                          Me  semear na escuridão 
                          arar  de novo o coração 
                          e  só sair quando for tempo 
                          de  brotar flor em meu crescer. 
                   
                  
                      
                                 Ama-dor 
                       
                      Você,  que se vende por um olhar, 
                      por  um gesto ameno 
                      ou  por um corpo obsceno 
                      se  deixa levar. 
                      Você prostituto barato    
                      com  emoção de amador, 
                      pivete,  trombadinha 
                      que  rouba migalhas de amor. 
                      Você,  ninho sem dono 
                      um  corpo estranho dentro de mim, 
                      que  quando vê uma presa 
                      dispara  suas rajadas de festim. 
                      Você,  que só inspira musa triste, 
                      que  desafina a canção 
                      onde  os poetas cantam ser você, 
                      poço  de amor, ó coração. 
                      
                      
                      
                                 Quando marejei  os olhos de um amigo 
                      (para Jonga  Olivieri) 
                         
                        Não  chore por mim, 
                      não  vale a pena 
                      porque  minha dor 
                      não é mais problema 
                      é  caso de chama 
                      que  apagou e não queima 
                      este  peito que vive 
                      a  duras penas. 
                      Não  chore por mim, 
                      agora  é besteira 
                      o  que já fiz 
                      não  teve maneira 
                      de  apagar esta dor 
                      com  arma certeira, 
                      de  dizer que este amor 
                      só  foi brincadeira. 
                      Não  chore por mim, 
                      é  perda de tempo 
                      que  passou veloz 
                      espalhando  vento 
                      naquilo  que me fez 
                      ficar  isento 
                      da  calmaria 
                      que  é aviso de tormento. 
                      Não  chore por mim, 
                      é  só prejuízo 
                      pois  esses valores 
                      que  agora vivo 
                      são  falsos, egoístas  
                      como  tudo em que piso 
                      com  medo de outra vez 
                      escorregar 
                      em  terrenos tão lisos. 
                       
                     
                   
                  
                                
                    
                      Mofo 
                       
                      Esse  olho entupido de lágrimas 
                      que  não conseguem jorrar, 
                      esse  meu coração surdo 
                      que  não ouve o chamado do amar. 
                      Essa  carência escorrendo dos poros 
                      por  não ter não ter onde estocar. 
                      Essas  palavras rasgando a garganta 
                      e  morrendo antes de vingar. 
                      Não  sei o que faço 
                      com  tanto amor guardado 
                      mofado 
                      por  não saber usar.  
                       
                      * 
                   
                  
                  
                
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