EDMUNDO DANTÊS PASSOS

( Minas Gerais – Brasil )

Nasceu em Cláudio. Em 1942, diplomou-se em Farmácia.  É poeta, prosador, jornalista, tupinólogo.
Foi viajante, gerente de laboratório, propagandista e vendedor.
Pertence às seguintes entidades culturais:
Academia de Letras de São João del Rei, Instituto Histórico e Geográfico de São João del Rei, Academia Barbacenense de Letras, da qual é colaborador no Anuário.
Seu pseudônimo é Monte Cristo.
Tem os seguintes livros publicados: Poesias (1940), Mosaicos de um Viajante (prosa), Catuíra dos Araxás (1960, Libreto da Ópera com Árias em Tupi, do professor Luiz Melgaço, Eternamente Judas (1980) teatro.

SANTOS, Diva Ruas.  Antologia da Poesia Mineira.  Belo Horizonte: Ed. Cuatiara, 1992.            192 p.  Capa e montagem Maxs Portes. Editora: Diva Ruas Santos    - Apresentação: Alberto Barroca. 
Ex. bibl. Antonio Miranda 

Foto: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/corrego-do-lenheiro-em-
sao-joao-del-rei-passara-por-despoluicao.ghtml

CÓRREGO DO LENHEIRO

Corta São João del Rei o murmurante
Córrego do Lenheiro, bandeirante
De outrora a penetrar em matarias,
Antes de Borba Gato, Fernão Dias.

A sonhar, convulsivo, palpitante,
A correr, serpenteando nas orgias
Das águas, ora vago, fuzilante,
A refletir o céu em pradarias.

Arrancando de seu seio impoluto
Milhões, em toneladas de ouro bruto,
A dor, depois, nas água retrata:

Morte... Emboabas... Bárbara Heliodora...
Inconfidência... e o riacho ainda chora
Pela cidade, num caudal de prata.

O BAMBU

Bambu que deita quando sopra o vento,
Ramagem verde que no céu balança,
Fazendo sombra n´água que vai mansa,
Por entre pedras, no rolar bem lento.

Bambu soberbo, esguio catavento
Aberto em quietos leques na bonança,
É o mesmo bambu que se não cansa
Quando abatido no parcelamento.

Mais humano, se prosta, reverente,
O alto bambu. Estala, range, sente
Que há Deus vivo na voz da ventania.

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