JOSÉ  DE MESQUITA 
                      (1892-1961) 
                        
                        
                      José Barnabé de Mesquita [(Cuiabá, 10 de  março de 1892 — Cuiabá, 22 de junho de 1961) foi um poeta parnasiano,  romancista, contista, ensaísta, historiador, jornalista, genealogista e jurista  brasileiro, formado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1913.  Exerceu as profissões de professor,  magistrado, além de haver exercido cargos políticos nas esferas municipal e  estadual.  
                        
                      Obra poética: Terra do Berço, Epopéia  mato-grossense, Três poemas da saudade, Escada de Jacó, Roteiro da  Felicidade  e Poema do Guaporé.  
                                                                                                                     
                        
                      CÓPIA OU ORIGINAL 
                        
                      Ter teu retrato assim, corpo inteiro.  Querida, 
                      é para mim, a um tempo, alegria e tortura, 
                      — alegria, pois vejo o sol da minha vida, 
                      que, após tão longa ausência, irradia e fulgura; 
                        
                      mas tortura, também, tantálica e doida, 
                      pois que te vendo assim, suave criatura, 
                      — cópia viva do que és, uma rubra ferida 
                      se me abre dentro d´alma, em imensa  amargura. 
                        
                      Como quisera ter-te aqui sempre ao meu  lado, 
                      dia e noite e poder beijar-te como beijo 
                      tua fotografia, o teu Corpo adorado! 
                        
                      Cansado de sonhar, eu aspiro ao real, 
                      e, no meu louco amor, o eu ora mais desejo 
                      é que me dês, em  vez da cópia, o original...                   
                        
                        
                        
                      CIVITAS MATER  * 
                        
                      "Meu carinho filial e meu sonho de  poeta 
                      Vêem-te, ó doce cidade ideal dos meus  amores, 
                      Em teu plácido vale, entre colinas, quieta, 
                      Como um Éden terreal de encantos sedutores. 
                        
                      Tuas várzeas gentis estreladas de flores 
                      Sagram-te do sertão a Princesa dileta 
                      E o Sol te elege, quando, em íris  multicores 
                      Na esmeralda dos teus palmares se projeta. 
                        
                      Nenhuma outra cidade assim à alma nos fala, 
                      Dos teus muros senis a tradição se exala 
                      E a nossa História inteira em teu brasão  reluz. 
                        
                      Ainda hoje em teu ambiente, ó minha urbe  querida, 
                      Paira dos teus heróis a sombra estremecida 
                      - Nobre Vila Real do Senhor Bom  Jesus"! 
                        
                        
                      *  Poema dedicado à cidade de Cuiabá. 
                        
                        
                      
                      ÁLBUM DE POESIAS.  Supplemento d´O MALHO.    RJ: s.d.  R$ 26,  117 p.   ilus. col.  Ex. Antonio Miranda 
                      
  
                        
                  Página ampliada e republicada em abril de 2019
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