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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



PAULO MELO SOUSA

 

 

Paulo Melo Sousa*  (São Luís /MA). Poeta, jornalista, escritor, designer, pesquisador de cultura popular, ambientalista, membro fundador da Sociedade de Astronomia do Maranhão e da Academia Ludovicense de Letras. Mestre em Ciências Sociais, detentor da Medalha do Mérito Timbira, grau de Comendador do 4º Centenário de São Luís, pelos relevantes serviços prestados à cultura maranhense. É ainda presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão. Autor de sete livros, quatro deles de poesia, todos premiados, dentre os quais Vi (s) agemBanzeiro e Vespeiro. Integra a antologia A Poesia Maranhense do Século XX, organizada por Assis Brasil.
*Aparece na internet também como Paulo Melo Souza.

 

 

Poema Descalço

 

se me devoro

é porque tenho fome de mim

todo silêncio

possui a palavra que merece

qualquer existência

pode ser camaleônica

um mar inexplicável

habita minhas

entranhas

há muita sede no mundo

bem poucos sabem beber

 

 

Maré de Lua

 

caminho todas as tribos

mas não sou de nenhuma

cada animal é dono de uma astúcia

antes de conhecer o miolo das coisas

viventes

precisa pelejar

pra ter entendimento das saídas

labirinto é bicho

esquivado

entrar é fácil

 

Bem antes do primevo Adão

 

as vísceras da pedra

são devoradas

pela fome dos séculos

 

(Melo Souza, Paulo. Visagem.

São Luís: Lithograf/FUNC, 2002. p.31-35)

 

Disputa

 

negras palavras florescem

nos olhos da ruína

garras afiadas disputam mundos

almas delicadas

não suportam o fascínio da morte

o coração do poeta

pediu aviso prévio

bebe o crepúsculo na esquina

jogando pôquer com o destino

 

 

Ariadne

 

deglutia flores

amassadas na maionese

acionava os alarmes da aurora

despertava no país do sono

brincava de cabra-cega na beira dos precipícios

palitava os dentes

à espera do apocalipse

 

 

Hermético

 

o cadáver da pedra se apavora

com o esqueleto da própria sombra

no músculo das palavras

cabe toda a carta celeste

o maxilar da morte anoitece

devorando omoplatas de cetim

um poeta se diverte

espancando os dentes na máquina de escrever

 

 

Está tudo bem quando eu sangro

e os outros dormem

 

Faço de mim meu próprio espetáculo

caminhando nu pela praça

mijando estátuas

com bigodes e paletós

gritando ao mundo a palavra orgasmo

quando a lua cínica me seduz

e me trai

pontualmente

mês após mês e até sempre e sempre

Então saio pela noite feito um lobisomem

bebendo a cântaros

oferecendo brindes à minha própria loucura

 

 

Parto

 

a poesia dispensa guarda-costas

ela é medula

habita a flora da linguagem

constrói sua febre

das cinzas do céu e do inferno

fênix da palavra

basta a si mesma para explicar sua gênese.

 

(Oráculo de Lúcifer - Livro inédito)



 

SOUZA, Paulo MeloOráculo de Lúcifer.  Poesia.  São Luis, MA: SIOGE, 1994.  144 p.  14x23 cm.   Capa: Iramir Araújo.  ISBN 85-7207-08-1-8

 

ATESTADO

          ando só
                     comigo
 muito mal acompanhado
                    sou
                         para sempre
                    meu inimigo público número um

 

 

 

          VIAGEM


          De Sirius a Belatrix
                       sete segundos bastam
formigas adoram navegar
                          em mapas celestes

 

SOUSA, Paulo MeloVespeiro.  Poesia.  São Luis: FUNC, 2010.  60 p “Premiado no concurso literário e artístico ´Cidade de São Luis´ 2009 – Prêmio Sousândrade“  Col. A.M. (EA)

 

 

tresnoitado    

                l

                                                           noite demorosa

                    relógio carcomido que foi do meu avô

crucificado na parede caiada

                              tic tacteando as luas que me restam

     o poeta mascando sua intragável solidão

                                       no irrisório chão da cozinha

do teto escorre uma luz mortiça

                              sobre a mesa tetraplégica

                                       escapulindo das orelhas do prato

                    zumbe

                      a escandalosa conversa dos talheres

          apenas um rascunho de alma

                   assombra os deslimites da alquebrada casa

o poeta debulha seu karma

                              engolindo a contragosto

                  a triste cartilagem

                                         de um indigesto silêncio

 

 

além dos quânticos buracos de minhoca

 

    a criatura navega

                              em busca de novos pastores

                                                 testemunha

         mais um neófito anti-universo

                                       desembrulhar seu mapa

    conspirando desconformidades

                                       o desfile das novas gerações

         não trouxe o ânimo da fé

é hora de assoprar

                          um outro cosmos

                                          livre do martírio do barro

 

SOUSA, Paulo Melo. Banzeiro.  Poesia.  São Luis, Maranhão: 2010.  60 p.  “Premiado no Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luis” 2004.  Prêmio Sousândrade.  Composto em tipologia Elante corpo 11-15, impresso em papel Offset 75 gr., capa em papel cartão supremo 250 gr.  Col. A.M. (EA)

 

 

 

                              curral de peixe

 

 

          quando pareço raso

                                                 aí é que sou profundo

   oração adora o fogo

                mas não gosta de muita zoada

                                      alpinizo cumes inalcançáveis

que habitam o precipício torto das próprias ideias

                          no caroço do sonho destrambelhado

         armo arapucas fantásticas

                                o real do poeta é um assombro

    emprenhado

                   pelas imaginárias teias da sutileza

 

 

                                ventos gerais

 

                         a primeira ventania de setembro

                espantou a campainha da casa

                             um cajueiro debulhou sua primeira flor

 espalhando a notícia para as borboletas

 

                                 Miudinha espiou desconfiada

            a poeira crescer dentro do quarto

 

 e disse que fiapo de manga lhe dava uma agonia nos dentes

 

 

 

UNS & OUTROS.  Poesia e prosa. O terceiro.   S.l, sem editor, s.d.                                                      Ex. bib. Antonio Miranda


 

Página preparada por Zenilton de Jesus Gayoso Miranda, publicada em out. 2008. ampliada e republicada em março de 2012

 




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