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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MANOEL CAETANO BANDEIRA DE MELLO

 

MANOEL CAETANO BANDEIRA DE MELLO
(1918-2008)

 

 

Poeta, ensaísta, advogado, nasceu em Caxias, Maranhão, em 1918. Foi membro da Academia de Letras do Maranhão.

 

Obra poética:  A viagem humana (1960), O mergulhador (1963), Canções da morte e do amor (1968), Da humana promessa (1976), Uma canção à beira-mar (1977), Durante o canto (1978), A estrada das estrelas (1981), Da constante canção (1983).

 

 

 

 

 

De
DA HUMANA PROMESSA
Rio de Janeiro: IMAGO; Brasília: INL, 1976.

 

(fragmentos, poemas iniciais do longo poema)

 

 

I
busca em tamanho tempo pelo meio
entre silêncio alheio a nossa vida
alheios nós também que não a enleio
de pessoa uma a outra prometida

não era silêncio o que em torno estava
mas vozes indiferentes olhos distantes
enquanto o mesmo tempo nos andava
que é o mesmo sempre o tempo viajante

o mundo apartara antigas ânsias
agora novamente as aproxima
de volta percorridas as distâncias
o amor esvanecido paira acima

das distâncias do mundo não palavras
mas mútuos mas sentidos pensamentos
saudades de venturas antessonhadas
depois da vida inteira de lamento

por nunca ter ousado essa presença
temeroso de ouvir esse chamado
amor se esvai no tempo quando pensa
que o espaço protege os afastados

se esvai mas volta como era dantes
o espaço pelo tempo conquistado
pela memória somos viajantes
para sermos repostos lado a lado

tal noutros tempos apesar de mudos
os olhos conversavam com espanto
do que diziam revelavam tudo
que outra linguagem não esclarece tanto

o mundo pequenino se afigura

a quem o realiza pelo sonho
triunfante de névoa outrora escura
entre passos dos anos de abandono

não procurado apenas sendo imposto
segundo a lei de existência aceita
atrás do novo rosto o outro rosto
a figura de amor nunca desfeita

 

 

**********

 

De

ANTOLOGIA POÉTICA

São Luís: Edições AML/Gráfica Alcântara/SIOGE, 1994.



O velho e a noite

Ó noite negra, noite das noites.
Ó noite fonte da própria fonte,
com o teu silêncio, com a tua sombra,
com a tua ausência, com o teu sono,
com a luz que te peja e que ocultas,
presa ao teu peso que a subjuga.
Ó protetora dos que não acham
a paz senão quando se apagam
no teu refúgio, perdidas faces.
Ó noite, noite, nunca passasses.


Os Bêbados

Ciranda e homens e mulheres
de cozinhadas epidermes.
As duras barbas,
roupas rasgadas.
E estas mulheres descabeladas.
Olhos vermelhos à luz do dia
que dissipara a noite amiga
de onde chegaram.
Todos por fora desbocados,
Porém por dentro caramujos.
Todos se rindo, de ares soturnos,
vindos da praia
cambaleantes
como marujos.
Todos vieram do mar noturno,
do mar de areias salpicantes.
Todos sujos.


Hoje Amanhã

No hoje todo o amanhã, no espaço o objeto.
Tudo o que é será o seu futuro.
A pedra, o sangue, o lodo, o lírio, o afeto,
flor humana que nasce do monturo.
As estrelas mudaram o seu aspecto
no caos que gera ou não o nascituro.
O nascente clarão rompe direto
da dor da fricção do ventre escuro.
Sendo eu o que serei, serei já sendo
inelutavelmente condenado
ao meu próprio amanhã e ao de tudo.
Porvir indiferente se o prevendo,
quer veja o dia de hoje ou o outro lado,
quer grite nesta cela ou fique mudo.


A Viagem

O que de sombra atrás do silêncio dos véus,
atrás do gelo das luas,
do reflexo das estrelas
nos corpos em rota centrífuga.
E depois espaços cegos.
O que de linha vazia.
O que de olhos desnecessários
De princípio sem fim e sem princípio.
De ausente verbo, de negro vôo.
Fundo sem fundo do fundo oriundo.
Curvas de marcos impossíveis,
de círculo iluminável,
súbito, na escuridão.
E no silêncio a imensidade.

 

 

De
Henrique L. Alves, org.
POETAS CONTEMPORÂNEOS.
São Paulo: Roswitha Kempf ed. 1985.

 

UM CORPO DE MULHER

 

Este corpo de mulher

cálido

me atrai com seu mistério

trágico

 

A curva da costa

se funde

na curva da sombra

 

Este corpo de mulher não aterrado

Infenso ao trágico

 

As longas coxas morenas

confundidas com a sombra

descerram a guarda mais negra que vela no fundo

que vela um abismo

entredisfarçados pelos sobre o abismo

atrás do qual lateja o sangue estrelado

do universo

 

 

único verso

 

                                      de A ESTRADA DAS ESTRELAS

 

 

 

SONETO DA SAUDADE

 

A volta aos dias claros da viagem

quando meu corpo esguio adolescia

e o espetáculo do mundo transcorria

a meus olhos leveza de miragem

 

Quando o brilho do campo era a imagem

do que dentro de mim acontecia

era tudo manhã do mesmo dia

encontrada nas cores da paisagem

 

Ainda escuto vozes peregrinas

ensurdecidas distanciadas sinais

que se passaram céleres no vento

 

Ontem tudo tão vivo, hoje desmaia

não há asa de vôo que não caia

na laje deste meu esquecimento

 

 

HOJE MANHÃ

 

Todo hoje tem amanhã, como o eu o objeto,

Tudo o que é será o seu futuro

A pedra o sangue o Iodo o lírio o afeto

flor humana que nasce de monturo

 

As estrelas brilhando em céu dileto

refervilhavam em caos prematuro

o irradiante clarão provém direto

da dor da fricção do ventre escuro

 

Sendo eu o que serei serei  já sendo

inelutavelmente condenado

a meu próprio amanhã e ao de tudo

 

então se cumpra logo o ciclo horrendo

sendo eu o meu porvir mas apagado

no vivo mar desafogado    mudo

 

 

 

BANDEIRA DE MELLO, Manoel Caetano A Viagem humana. Poesia.  s.l: Leitura, 1960.    139 p. Capa de F. Confort.  .   “Manoel Caetano Bandeira de Mello “ Ex. na bibl. Antonio Miranda 

 

NAVE  ESFÍNGICA

 

Navega o navio temerário

que voga pelo mar silencioso

espelhando no bordo refratário

os ardores do astro tormentoso

 

Quanto destino humano, quanto e vário

destino ele conduz a fim forçoso

à procura do termo imaginário

que se perde no oceano vaporoso.

 

Vindo de longe a luz que lhe ilumina

o voo e que dá vida às criaturas

através de contínua solidão,

 

ao mesmo tempo a alma peregrina

parece proceder de iluminuras

estampadas na funda escuridão

 

Veja o E-BOOK do livro:

BANDEIRA DE MELLO, Manoel Caetano.  Soneto da Saudade.  Jabotão, PE: Editora Guararapes, 2015.  20 p.  ilus. col. Editor: Edson Guedes de Moraes.  Ex. bibl. Antonio Miranda   Poesia brasileira – poesia maranhense. 

 https://issuu.com/antoniomiranda/docs/manoel_caetano_bandeira_de_mello

 

 

Página publicada em janeiro de 2009, ampliada e republicada em agosto de 2014. Ampliada em setembro de 2016


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