Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

DAGMAR DESTÊRRO

(1926? - 2004)

 

Dagmar Destêrro e Silva, poeta, foi membro da Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a vice-presidência. Autora de Segredos Dispersos (1957).

 

 

Êxtase

 

Amor, bem sabes tu como te quis...

No afeto que minha alma te ofertou,

dei-te tudo... Ilusão... Dei-te carinho...

uma alma vibrante,

- essa taça de vinho que sorveste feliz,

o vinho delirante

que tua vida embriagou.

 

Amor,

bem sabes tu como te quis.

Na volúpia de querer a tua vida,

Tua alma na minha alma confundida,

retratei-me toda inteira nos meus versos...

Meus segredos dispersos!

 

Amor, bem sabes tu quanto te quis.

No momento supremo, iluminado,

que ainda agora o coração bendiz,

nos encontramos,

e nos amamos

o meu olhar no teu continuado.

 

Meu ser estremeceu,

vibrou minha alma, num lampejo.

Senti, na terra, o céu.

Tive em mim a volúpia de um desejo.

 

Tudo, agora, porém, é solidão.

Já não voltas, não podes mais voltar.

A minha alma lamenta em triste pranto,

nunca mais te encontrar.

Lamenta este meu coração

não haver gozado,

não haver te dado,

carinhos que me deste e eu não aceitei,

os beijos que pediste e não te dei... 

 

(Segredos Dispersos,1957)

 

 

 

São Luís

pequena sala de objetos antigos

do nosso imenso e querido Brasil.

 

São Luís

dos sobradões de azulejos,

do lendário Ribeirão,

do cuxá com peixe frito

e do gostoso camarão.

 

São Luís

da canção dolente

que mexe com o coração da gente

na voz doce de um Romeu.

 

São Luís

é antiga

e tão cheia de ladeiras!

Nestas, as casas inclinadas

parecem moças cansadas,

recurvadas,

fatigadas,

depois de um baile infernal.

São Luís é tão linda!

É minha terra natal!

 

São Luís

de Ana Jansen,

Pai-Avô

e o pobre Maia,

que pela rua, cantando,

deixava a gente pensando,

dava trabalho à memória:

qual será sua história?

 

São Luís

é saudade!

Dantes havia,

bem me lembro,

casinhas pobres,

na porta,

uma luz vermelha,

morta,

era a trombeta silenciosa

anunciando·a existência

da tainha frita, gostosa.

 

Isso foi quando eu era

bem criança.

Essa luz vermelha, morta,

guardei sempre na lembrança.

 

São Luís

é sala antiga

é o retrato da saudade;

desafio da esperança

transformado em realidade.

 

Vibrante, alegre, altaneira,

romântica e cultural.

São Luís é terra linda.

É minha terra-natal! 

 

(Parábola do Sonho Quase Vida,1973)

 

 

Corrida

 

O avanço do tempo corre a vida,

mas nesse tempo há pedras espalhadas,

pedras agudas, carnes esfarrapadas,

sangue jorrando de cada ferida.

 

o tempo açoita a vida noite e dia

e ele chora, tropeça, levanta e continua.

Só e esperança anima a travessia;

e a alma corre, descabelada e nua.

 

E a vida não tem tempo, ao tempo, em meio,

de ver o belo existente no caminho;

não perder na corrida é o seu anseio;

sua atenção conserva em desalinho.

 

No embrião da vida, no tempo, avanço.

Subidas e descidas - tantas conheço:

e na vertigem do correr me canso.

Procuro, em vão, meu horizonte do começo.

 

(Pedra-vida,1979) 


 

O que é a verdade

 

Lancei a minha semente

na terra que conquistei.

Com cuidado e água crescente

aquele meu chão reguei.

 

Esperei com esperança

esse dia que chegou.

Fiz sorriso de criança

quando a plantinha vingou.

 

Retirei pedras pequenas,

pedras feitas de maldade;

com agudas pontas-penas,

arestas de falsidade.

 

Adubei com meu amor

o meu pedaço de terra;

pedaço pequeno, sei,

grande, porém, no que encerra.

 

Arranquei ervas daninhas,

afastei gestos diversos.

De manhã cantei modinhas.

A noite, disse meus versos.

 

Meu próprio sangue eu usei

para dar à planta alento.

Em muitas noite fiquei

vigilante e ao relento.

 

No meu chão está plantada.

Lutou, cresceu, prometeu.

Por muitos foi sufocada,

mas reagiu e venceu.

 

Minha vida é aquele chão,

pedaço da humanidade.

E a semente, simples grão,

é minha própria verdade.

 

(Canto ao Entardecer, 1985)

 

 

Página preparada por Zenilton de Jesus Goayoso Miranda e publicada em out. 2008.




Voltar a página do Maranhão Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar