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                  MANOEL BUENO BRITO  (NEQUITO) 
                    
                  Nasceu em Crixás, Goiás, Brasil, em  1941.   Mestre em Filosofia e autor de Viagem da tarde (2007) e Candeia de canto (1997).  
                    
                           Extraído  de  
                  
                  POESIA  SEMPRE.  Número  31 – Ano  15 / 2009.  Rio de Janeiro: Fundação  Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura. 2009.  217 p.     ilus. col. Editor Marco Lucchesi.   Ex. bibl. Antonio Miranda  
                    
                          VERSOS  MARGINAIS 
                          O  tema         
                  
                    Pende no teu ombro 
                      e  clama um dilema 
                      apenas  o tema: a ave 
                      no  cajueiro do quintal. 
                      Querias vir colher a fruta, 
                      a  ave, principal, te chama. 
                             Vivida  nas humanas artes 
                      a ave, de se prezar livre, foge 
                      ao  amor fundo do teu olhar 
                      onde,  mais grave, o desejo: 
                      desde  quando, ser volúvel, 
                      frutificas,  passarinhas? 
                      
                   
                           O ESTADO (DE UMA AVE) 
                  
                    Falar em ave, teu espírito 
                      em  tal e tão vivo estado 
                      não  seja qualquer um 
                      (leviano  amor 
                      em  voo fácil). 
                             Encantador  de pássaros, 
                      desde  a nuvem fendida 
                      pelo  mesmo raio do olhar, 
                      és  bem a ave peregrina, 
                      sua  lenda e canto 
                      o  mais belo que ao ouvido vem 
                      em  cada pouso onde passas 
                      a  juntar penas 
                      (afinal,  bem sabes, 
                      apenas  passar adianta?) 
                             Caminhar  é preciso, dizia um 
                      bardo  de sereníssima figura, 
                      muito  mais e bem dentro de si, 
                      homem  pássaro, de penas raras, 
                      abatido  mal levantando do chão. 
                       
                     
                   
                           REPÚBLICA DOS SONHOS 
                                    Para  Nélida Piñon 
                   
                  
                    Esperança,  
                      que  armas se levantam 
                      da  palavra que acendes 
                      na  boca da noite iminente? 
                             Antígona,  renascida 
                      de  outra tempestade,. 
                      ?como enfrentar a lei 
                      na  alma da cidade morta? 
                             O que não direi, 
                      ao  rei,  se rei, 
                      serei  indiferente? 
                     
                   
                    
                  Página  publicada em setembro de 2018 
                
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