CÍCERO PENTEADO
Poeta/DF - Natural de Formosa (GO). Cícero Penteado da Silva tem formação universitária. Formado em Odontologia e Direito. Escritor-poeta. Membro da "Casa do Poeta Brasileiro" - Seção de Brasília (DF). Membro do Grupo de Cultura Popular, João-de-barro. Sócio do Centro de Cultura da Região Centro-Oeste (CECULCO).
Descendente dos Mouras, vindos da Bahia perseguidos pelos Canguçus. Do lado paterno, descende da família Penteado, uma das quatrocentonas do Brasil. Seu pai, Jucudinho de Almeida Penteado, de Ponta Grossa, Paraná, foi um guerreiro profissional, que se alistou espontaneamente nas hostes legalistas que combateram contra Luiz Carlos Prestes. Cícero Penteado dedicou grande parte de sua vida à cidade de Orizona (GO) onde, como odontólogo, esculpiu sorrisos em muitas gerações.
OBRA - destacam-se: - O NADA - Sortilégio; Crônicas Poéticas - Sentimentália; Brasília Poética - Lugares e Outras.
FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
B R A S Í L I A
Brasília , sinfonia arquitetônica,
regida pela batuta faraônica
de um maestro ativo e genial, r
egente da grande orquestra social.
Brasília, numa idealização de um gigante,
rasgando com fúria arrasante,
a Pátria imensa e colossal,
espraiada na façanha de um titã,
e de um audaz e denodado tarzã
da serva agreste da evolução social,
enfiada na apoteose de concreto armado,
que projetou o Brasil amado,
no concerto harmónico e universal.
Brasília, na Marcha para o Oeste,
rasgando sulcos no sertão agreste,
a cavalgar o sonho e profecia
que Dom Bosco há muito já conhecia.
Brasília, a Terra da Promissão
a esticar estradas pelo sertão,
e a realizar o sonho dos de outrora
só efetivado pelos de hoje e de agora.
Brasília, a expressar a forma de um aeroplano,
a sobrevoar o alcantilado altiplano
da planura do imenso Planalto Goiano.
Brasília, da pujante irmandade,
unindo a unificante nacionalidade
concêntrica, em cores da auriverde bandeira
a representar a Nação Brasileira.
DEZ ANOS DE POESIA E UNIÃO. ANTOLOGIA 1988. Brasília: Casa do Poeta Brasileiro – Poebrás – Seção de Brasília, 1988. 226 p. 15,5x22,5 cm. Capa: pintura de Marlene Godoy Barreiros. Ex. bibl. Antonio Miranda
Oh!
Língua
Portuguesa!
és sonorosa e bela
e do antigo latim és a dileta filha
a mais linda e formosa irmã na alva mantilha
de cores e de tons na fímbria da capela
da grinalda florida álamos de mais tons
num falsete de voz de mil categorias
gramaticais num doce enlevo de harmonias
de notas musicais por escalas de sons
e semitons de suave e humana melodia,
que flui mui mansamente através nossa fala
em deleite constante e em disputa e porfia
do linguajar de santo e anjo do além no céu;
que a alma humana contente em maravilha embala
na superioridade outra fala de incréu.
IPÊ SOLITÁRIO
Na quebrada da serra,
que a solidão encerra,
lá
está
ele, — só e triste;
e sozinho, — persiste
enquanto o vento moleque
assopra sua fronde de leque
acoplada pela copa de grinalda de flores numa capela,
que a brisa
alisa
flabela
beija
e adeja
pela ramada
galhada
estourante de flores
no vaivém dos eflúvios dos olores
emanantes daquele eremita, que na virada
da montanha
com uma tal beleza tamanha
a alma da gente apanha.
Tu és, oh! ipê, — o símbolo da poesia,
engastada na encosta da serrania
espraiada pela atonia da tremenda solidão
dum coração.
E AMANHÃ?
Um sonho, uma ilusão
baila e plaina no coração;
e um desejo ardente
de riqueza
de repente
voa na leveza
da mente.
Outrora, — foi aquela luta
numa tremenda e audaz disputa.
Ontem, —uma batalha
transformada em mortalha
uma aspiração tida
na aurora da partida.
Hoje, — uma derrota
deixa na memória
a destruição de almejada
rota
de uma planejada
vitória,
E amanhã!
Ah! sim — amanhã será sempre, uma messe
de mais sonho e ilusão,
que se oferece
ao coração.
Página publicada em dezembro de 2019;
Página ampliada em outubro de 2020
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