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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

OLEG ALMEIDA

 

 

         Oleg Andréev Almeida, poeta lusófono de procedência eslava, nasceu em 1º de abril de 1971 na Bielo-Rússia que, naquela época, fazia parte da União Soviética. Formado em Letras (1992) e pós-graduado em Administração Financeira (1999), seguiu uma longa carreira de tradutor, analista e executivo na área comercial. Começou a escrever muito cedo e, nos anos 80-90, publicou vários poemas e artigos nos periódicos de Gômel, sua cidade natal. Veio radicar-se no Brasil em 2005. Desde então mora em Brasília e trabalha como tradutor do vernáculo russo. Os versos dele escritos em português integram diversas antologias da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE/Rio de Janeiro), do Movimento Cultural “Celeiro de Escritores” (Santos, SP) e outras editoras brasileiras, sendo também divulgados através da mídia eletrônica

 

“Surpreendente o domínio da língua portuguesa por um poeta eslavo! Degusta as palavras e os sentidos em poesia que linda com a prosa, de forma direta, confessional, sutil mas, ao mesmo tempo, incisiva. Aposto no talento dele.” Antonio Miranda 

 

Página web do poeta: https://sites.google.com/site/olegalmeida/

 

ENTREVISTA  de Oleg Almeida
na TV Câmara_03 de agosto de 2017

https://youtu.be/W_18tUi7fkQ

 

tvcacasadaspalavras 20170803 oleg bohumil

 

 

Ver>>>>  AQUARELAS DAS PALAVRAS (sobre a poesia de OLEG ALMEIDA), por JOÃO CARLOS TAVEIRA - ENSAIOS

 

 

VEJA o e-book do livro TU PAÍS ESTÁ FELIZ em russo, traduzido por Oleg Almeida:

http://issuu.com/antoniomiranda/docs/tu_pais_esta_feliz

 

Autorretrato.

 Não quero ser político

nem empresário, nem executivo;

ainda menos, líder da maioria vitoriosa.

Não me atrai a perspectiva

de viver preso ao telefone,

de dar entrevistas a torto e a direito,

de prestar contas ou, Deus me livre, depoimentos

no fim da jornada.

Não é que pregue a modéstia

que, aliás, não faz parte do meu caráter,

mas, vendo o ápice do Olimpo coberto de nuvens,

duvido que valha mesmo a pena atingi-lo.

De modo nenhum me seduz a glória,

sobretudo a póstuma,

bem como a opulência exagerada,

pois, com o tempo, esta perece nas baixas da bolsa

ou passa a juntar as baratas,

enquanto aquela cede lugar a outros louvores

falsos ou verdadeiros.

Não é que me curve perante a realidade,

mas, certo de que nas pontas da básica equação

ficam o tombo e o coqueiro igualmente concretos,

acho mais razoável manter-me na defensiva,

distante dos cargos de alto nível.

Não gosto, enfim, de vestir-me de preto e branco,

tampouco de integrar os esquemas

montados pela vontade alheia:

temo as cores monótonas,

e deixa-me trêmulo a simetria que se alinha à morte.

Não é que seja covarde por natureza,

mas, apegado a tradições seculares,

prefiro a lancha ao navio

e ao trombone, a flauta.

O íntimo sonho que tenho

consiste apenas em acordar cedinho –

toda manhã, de domingo a sábado – ,

abrir os olhos nessa penumbra cinzenta,

pela qual se costuma julgar de como será o dia recém-nascido,

ao lado da mulher amada,

que dorme de bruços, nua e confiante,

beijar os ombros aveludados dela

e, dando-me conta de que estou vivo,

agradecer, humilde, a quem criou a vida

por tê-la criado tão simples e cheia de bagatelas maravilhosas.

Numa palavra, evito acrescentar ao que foi concebido pequeno,

e, dada a mínima diferença entre vencido e vencedor,

não quero ser Davi nem Golias...

Quero ser Eu.

 

 

A Lua Morena

(fragmentos).

 

* * *

         O amor não morre,

         o amor não cansa,

com os anos não se desbota.

         O amor perdura,

         resistindo firme

a qualquer mudança que seja.

 

         Quem amou, procura,

         pela vida afora,

do amor errado livrar-se!

         Não consegue, mesmo

         se do seu passado

duma vez por todas desiste.

 

         O amor é bênção,

         o amor é praga,

feito um anjo sujo de enxofre...

         O amor nos fere

         e de ter ferido

nem brincando pede desculpas.

 

 

* * *

Pouco importa, menina linda,

que você calce sapatos de salto raso,

que dê gargalhadas a todo propósito,

que fume cigarro sobre cigarro,

dizendo que, lá no mundo das artes,

esse pecado é dos menores.

 

Pouco importa, menina doida,

que você goste de bater papo

sem nunca discernir o bom do ruim, o caro do baratíssimo;

que tinja a cabeleira de não se sabe que cor:

a gente vê e só encolhe os ombros;

que não entenda de etiqueta nem de política.

 

Pouco importa, menina minha,

que você sempre me sirva um jantar esturrado,

voltando eu do trabalho com fome,

e fique choramingando, quando reparo nisso,

como se no estômago

meu coração residisse.

 

Pouco importa, enfim, que você tenha

montes de pechas miúdas e perdoáveis!

O importante é que a vida nos outorgou a chance,

a única e divina chance de vermos o céu altivo de perto,

e que os beijos seus, em vez de saber a chiclete,

sabem a primavera...

 

 

* * *
Você sorri pra mim e pra ninguém,
pra todos nós, adultos e crianças,
pra todos os que crêem no porvir,
pra quem está em busca da beleza.
Você sorri, e com o sol travesso
das terras tropicais é parecido
seu modo de sorrir: o ar pulula
de tantas chispas rubras e azuis
que, tendo por saradas as mazelas
do dia-a-dia, cada um se sente
feliz ou, pelo menos, fascinado –
os homens sonham em amar demais,
em ser amadas mesmo, as mulheres.
Você sorri de modo que me deixo
levar por emoções, e não atino
com o porquê do júbilo sereno
que transparece no sorriso seu,
nas horas nada ledas, inclusive.
Talvez se ria corajosamente
das manhas e manias deste mundo;
talvez se regozije de fazer
meu coração bater descompassado;
Talvez, talvez... Mas qual a diferença,
se, mal me volta as costas, escurece,
e, num piscar de olhos, viram cinza
os cálidos matizes do viver?..

 

 

Ode a Brasília.

 

Brasília...

Cidade festiva, cidade tristonha,

cidade de siglas e algarismos,

de pleitos, escândalos e portarias,

tulipa de ferro plantada no meu coração.

 

Brasília...

Cidade sem raça, morena e branca,

cidade dos grandes chefões e pequenos ciclistas,

em cujo falar misturou-se o “erre” do Sul com o “tê” nordestino,

cidade de sonhos e pesadelos,

cidade da gente.

 

Vós fostes severa comigo, Brasília:

brigastes por nada,

servistes-me pratos azedos,

fizestes com que me sentisse bastardo

no meio dos filhos legítimos vossos,

porém não untastes com fel minhas falas baldias!

 

Quem sois para mim:

a menina que vende paçoca nas ruas;

a moça gastando três contos na ida pro Plano,

três contos na volta dali;

a mulher, cuja vida seria um filme francês,

se não fosse verdade?

Quem sois: minha prima, irmã ou madrasta?

Não sei, realmente não sei;

moraria em outro lugar, se soubesse!

 

Quem sou para vós:

forasteiro sem eira nem beira,

bichinho exótico,

homem que, lendo o “Correio”, não perde frieza,

caçula que tanto amais?

Não sabeis...

Se soubésseis,

talvez me tivésseis tratado de outra maneira,

mais branda e menos sincera.

 

Então, somos quites, Brasília,

cidade alheia, cidade querida,

pois, feitas as contas,

merece favores mundanos e graças divinas

quem anda descalço por pedras em gume;

aqueles que usam coturnos, pisando o capim, desmerecem.

E pelo rigor com o qual me curastes de vãs ilusões,

ensinando o moral dos pioneiros,

eu fico-vos grato, Brasília,

meu duro amor!

 

Memórias dum hiperbóreo

De
Memórias dum hiperbóreo
Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008

 

IV.

 

Cá no meu quarto semivazio,

à toa,

passo as tardes de julho abafadiças,

uma por uma.

Sentado na cama ou numa poltrona de palha,

leio Anacreonte.

Do alto andar, em que moro, vê-se

toda a cidade batida pelo mormaço:

míseros bairros e bairros de luxo

amalgamados,

vielas tortas e alamedas que dormem

a mesma sesta.

Vindos de fora,

o cheiro meloso das flores

e o zunido das moscas

unem-se as estrofes do velho bardo;

volta e meia,

berra, embaixo da minha janela, um asno desemperrado,

e apregoa o dono dele:

—Água, ó gente! Água!                y.

Quase não saio de casa — iria aonde?

Feias são as hetairas daqui,

além de caras;

nada de novo, há meses, no circo rola

nem no teatro;

fazem-se as palestras de jeito

que dói escutá-las.

Fico, pois, lendo sem pressa;

o vinho grego, dos raros,

que me fornecem uns traficantes,

está na mesa;
pede, maldito, para regar com ele
a minha ceia de sempre,
batata e peixe frito.

 

De
Oleg Almeida
Quarta-feira de cinzas e outros poemas
Rio de Janeiro: 7Letras, 2011.   110 p.
ISBN  978-85-7577-756-5

 

Oleg Almeida escreve uma poesia que se constrói como uma vitoriosa experiência artística entre as melhores propostas poéticas brasileiras do século xxi. O seu livro Quarta-feira de Cinzas e outros poemas apresenta, do ponto de vista da linguagem, a intenção de produzir um discursivismo enxuto, sem metaforização hiperpoética que se transformou em uma das infelizes marcas registradas dos representantes da chamada geração de 45. E também sem as paupérrimas reinvenções letristas da vanguarda concretista. Oleg sabe ainda livrar-se do difundido arremedo da dicção reiterativa da vertente metapoética de João Cabral. Também, não encontramos na poesia de Oleg Almeida nada que a aproxime do pieguismo pseudoerótico dos neorromânticos, poetas encharcados de sentimento, mas jejunos de arte e de técnica. Sem nada desse passado, ele soube, no entanto, retirar um pouco de cada uma destas expressões e vivências, criando a sua dicção própria, que depois reuniu em poemas, pólens, partículas criativas que inspiraram e montaram as suas obras originais.

                                                                           Cláudio Murilo Leal

 

peã

Romper

a neblina amarela das sumas cidades.

Quebrar

a corrente de chumbo que prende meus nervos.

Sair

do real, bem abertos os olhos medrosos.

Chegar

aos esconsos extremos do Sul e do Norte.

Trilhar

as veredas do sonho, por árduo que seja.

Fazer

com que suem as rochas e cantem os toros.

Lançar

desafio às indômitas forças do cosmo.

Vencer

a tenaz gravidade num salto tigrino.

Passar

pelas águas e flamas, incólume corpo.

Colher

os relâmpagos como se colhem as uvas.

Tingir

minhas roupas de púrpura, índigo, prata.

Beber

quintessências até me fartar de seu gosto.

Transpor

os detalhes dispostos em ordem perfeita.

a partida de damas de quem nunca perde.

Verter

para a língua dos deuses as falas mundanas.

Roubar

o lendário tesouro dos bélicos gnomos.

Caber

numa gota d’orvalho que brilha na relva.

Viver

um milênio num só movimento de cílios.

Querer

ser artista na boa acepção da palavra.

E ser

imortal, não bastando os artísticos louros!

 

 

soneto dos meus caminhos

 

Não defini nem predisse nenhum dos caminhos meus:

Foram aqueles caminhos que me conduziram, tortos,

Da placidez do meu lar ao mais amplo dos coliseus,

Onde se impunham os vivos poltrões por guerreiros mortos.

Houve delícias e dores, velórios e jubileus

Na transferência da terra natal para os outros portos;

Houve ideais que, tomados por obras do próprio Deus,

Pelas inépcias humanas seriam de todo absortos.

Quem – vencedor, perdedor, escritor ou, talvez, impostor –

Sou? Se pudesse escolher, que carreira então seguiria?

Não adianta contar quantas pétalas tem certa flor.

Mesmo sem ter alcançado a mínima sabedoria,

Sei distinguir, como os doutos, o tântrico ímã do amor

E a timidez ante o vácuo da írrita agorafobia!

 

 

quarta-feira de cinzas
(fragmento)

xii

Nem todo dia é festa, nem toda festa é farra.

Nem toda mulher é vênus, nem todo homem é macho.

Nem toda criança ganha seu doce de sobremesa.

Enquanto vivos,

seremos todos reféns do incerto e relativo

no que tivermos e desejarmos.

Há, todavia, dois sentimentos indubitáveis:

impaciência, com que se esperam as festas,

e apatia que lhes sucede.

Ambos os casos nos tornam, de certa forma, crianças –

ora doidinhas por guloseimas,

ora desenganadas com o sabor das mesmas.

 

 

 

 

ALMEIDA, Oleg.  Antologia cosmopolita.  Rio de Janeiro: 7Letras, 2013.  06 p.  14x21 cm. ISBN 978-85-421-0138-6   Col. A.M. 

 

 

SONETO SOLAR

 

Nasci num país poderoso demais

e destruído depois.

Segundo os inéditos mapas astrais,

luziam então dois sóis.

 

Um sol se focava nos simples mortais,

o outro, nos grandes heróis.

Havia justiça, sem menos nem mais,

no mundo partido em dois.

 

Apenas um sol hoje brilha: feliz

a quem bronzear a tez.

À plebe só restam os sonhos gentis,

 

transcritos num vil inglês,

e a dúvida amarga se o homem o quis

ou Deus sem querer o fez.

 

 

 

 

ANTOLOGIA UBE. Organização de Joaquim Maria Botelho.  São Paulo, SP: Global Editora, 2015. 287 p.   ISBN 978-85-260-2128-0  Inclui Poesias, contos e crônicas.  Poetas: Anderson Braga Horta, Antonio Ventura, Aricy Curvelo, Beatriz Helena Amaral, Bety Vidigal, Carlos Vogt, Claudio Vogt, Dalila Teles Veras, Djalma Allegro, Eros Grau, Eunice Arruda, Francisco Moura de Campos, Gláucia Lemos, Hamilton Faria, Hélder Câmara, Luis Avelima, Moniz Bandeira, Mara Senna, Marco Aqueiva, Mariz Baur, Nei Lopes, Oleg Almeida, Péricles Prade, Renata Pallotini, Severino Antônio. 

 

 

ESTRADA MESTRA

 

     Oleg Almeida

 

 

Havia uma estrada na minha frente,

uma estrada mestra pavimentada de pedras,

uma daquelas estradas que só acabam

chegando, serpente que morde seu rabo, aos mesmos

lugares donde partiram, fechando o cerco.

Era bem reta e chamativa, embora

suas antigas pedras não fossem nada garbosas,

mas todas acinzentadas, além de postas

de qualquer jeito, faltas de simetria, manchadas

de lama - numa palavra, bastante feias.

Eu ignorava aonde a régia estrada

conduziria a quem porventura pisasse nela;

tive, ainda assim, a coragem de, doido

varrido, deixar-me guiar pelo sol que se punha,

seguindo o rastro dos génios e andarilhos.

Ia seguro de mim. Os altos pinheiros

nórdicos acompanhavam meu caminhar alegre.

O vento me dava tapas, molhava a chuva

minha cabeça cheia de sonhos extravagantes;

nada, porém, eu temia, pois era novo.

Era tão novo que sangue nos calcanhares,

insolações e pernoites ao céu aberto, dentre

tantas reviravoltas da minha viagem,

faziam com que ficasse mais pertinaz naquela

interminável corrida sem vencedores.

Anos e anos a fio, decepções à beça:

calos e cãs, e cansaço a triturar os ossos...

Maratonista por manhã da natureza,

fui carregado pela fatal rapidez dos dias.

"É fácil envelheceres, enquanto moço;

é fácil envelheceres em movimento;

é fácil envelheceres fora de casa, quando

nem os semblantes dos próximos nem as fotos

amareladas recordam o transcorrer do tempo!" -

tenho-me dito ao longo da minha marcha.

Vou fatigado, mas sem retardar os passos:

pouco mudara minha visão de mundo. As altas

palmeiras esguias me acompanham hoje,

as guardiãs da estrada mestra que continua,

pavimentada de pedras, na minha frente.

 

 

ALMEIDA, Oleg.  Desenhos a lápis. São Paulo, SP: Scortecci, 2015. 71 p.   14x21 cm.   ISBN 978-85-366-5462-1    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

“Este livreto foi inspirado por minhas estadas, breves, mas amiudadas, em Pauliceia, nessa Metrópolis pós-moderna que me marcou, para todo o sempre, com sua aparente frieza e seu calor subjacente. Sem esquecer que “do mal não se esconde debaixo da cama”, fico-lhe grato pela audaciosa vontade de desenhar que me fez sentir...”  OLEG ALMEIDA

 

       1

 

         Nessa cidade,
         onde os gregos fraternizavam com os troianos,
         havia de tudo:
         beldades e delinquentes,
         empresas e diversões,
         sentimentos que davam certo,
         ideias que não se jogavam fora,
         sonhos que se opunham à realidade
         para modifica-la de algum modo
         para sucumbir a ela.
         Só eu não morava nessa cidade: falha imperdoável...
         Agora moro...

 

 

         7

 

         Tudo se vende neste supermercado:
         sólida opulência e líquida euforia,
         sucesso por atacado e altivez a retalho.
         Vem cá, compadre,
         sapeca-me rápido um quilo de compaixão
         e um litro de amizade!

 

 

         21

 

       Esta cidade cercou-me de muros e medos,
         fez que provasse do seu veneno,
         encheu minha caixa postal de contas
         e meu celular de mensagens,
         ambas de igual crueldade.
         Não a detesto, porém:
         vivo nela,
         e tanto mais me aprazem suas toxinas
         quanto mais me intoxicam.   

 

 

         34   

 

       Como se sabe,
         aquele prédio de curvas vertiginosas
         tem trinta e cinco andares,
         vinte elevadores,
         dezenas de lojas
         e cerca de mil residências:
         ora o tomam por uma colmeia ciclópica,
         ora por uma monumento aos anos dourados.
         Um corretor perguntou, como quem não quer nada,
         se não me apetecia
         comprar por ali uma quitinete.
         “Será que os móveis retangulares” —
         sorri em resposta —
         “combinam com as paredes arredondadas?”,
         porém omiti o xis do problema.
         Seria, talvez, mais sábio 
         pular lá de cima,
         virar um pássaro,
         derramar minha sombra pelo asfalto.

 

 

         62 

 

       Na Marginal Tietê,
         ao sair do trabalho,
         fiquei, dia desses, preso
         num infernal congestionamento.
         Por pouco teria jogado meu carro no rio,
         seja Deus testemunha,
         e acabo de vez com tudo,
         mas me contive...
         Dei uma lícita buzinada.

 

 

 

 

II ANTOLOGIA DE POETAS LUSÓFONOSLeiria, Portugal: Folheto Edições & Design, 2009. 
Inclui poemas e Oleg Almeida, p. 389-390.

 




A LUA MORENA
(fragmentos)

O amor não morre,
o amor não cansas,
com os anos não se desbota.
O amor perdura,
resistindo firme
a qualquer mudança que seja.

Quem amou, procura,
pela vida afora,
do amor errado livrar-se!
Não consegue, mesmo
se do seu passado
duma vez por todas desiste.

O amor é benção,
o amor é praga,
feito um anjo sujo de enxofre...
O amor nos fere
e de ter ferido
nem brincando pede desculpas.


 

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Antonio Miranda e Oleg Almeida durante a Pré-Bienal Internacional de Brasília,
auditório da Biblioteca Nacional de Brasília, 14 e 15 de outubro de 2010. Foro: Ivan Malta

 

 

OLEG ALMEIDA apresenta (em russo) o livro de poemas TU PAÍS ESTÁ FELIZ, do poeta brasileiro  Antonio Miranda, da Editora Thesaurus, Brasília, 2011. Poeta de origem bielorrussa, Oleg Almeida é o tradutor da obra que serviu de texto para a montagem do espetáculo poético- musical do mesmo nome, que deu lugar aos grupos teatrais RAJATABLA (Venezuela) e CUATRO TABLAS (Perú).

 

ОЛЕГ АЛМЕЙДА представляет по-русски поэтический сборник ТВОЯ СТРАНА СЧАСТЛИВАЯ бразильского поэта Антониу Миранды, выпущенный издательством Тезаурус (Бразилиа, 2011). Поэт белорусского происхождения Олег Алмейда перевёл произведение, послужившее текстом одноимённого музыкально-поэтического спектакля, поставленного театральными коллективами РАХАТАБЛА (Венесуэла) и КУАТРО ТАБЛАС (Перу).

 

 

OLEG ALMEIDA lê (em russo) os poemas “Mataram o boi” e “Por um amor integral”, integrantes do livro de poemas TU PAÍS ESTÁ FELIZ, do poeta brasileiro Antonio Miranda, da Editora Thesaurus, Brasília, 2011. Poeta de origem bielorrussa, Oleg Almeida é o tradutor da obra que serviu de texto para a montagem do espetáculo poético-musical do mesmo nome, que deu lugar aos grupos teatrais RAJATABLA (Venezuela) e CUATRO TABLAS (Perú). 


ОЛЕГ АЛМЕЙДА читает по-русски поэмы «Забили вола» и «За целостную любовь» из поэтического сборника ТВОЯ СТРАНА СЧАСТЛИВАЯ бразильского поэта Антониу Миранды, выпущенного издательством Тезаурус (Бразилиа, 2011). Поэт белорусского происхождения Олег Алмейда перевёл произведение, послужившее текстом одноимённого музыкально-поэтического спектакля, поставленного театральными коллективами РАХАТАБЛА (Венесуэла) и КУАТРО ТАБЛАС (Перу).

 

 

 

Página publicada em abril de 2008; ampliada e republicada em 2010

 


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