MARCOS FREITAS
Marcos Airton de Sousa Freitas nasceu em Teresina, Piauí, em 1963. Engenheiro Civil
pela UFPI. Professor e pesquisador da Universidade de Fortaleza, desde 1990, onde criou
o Grupo de Pesquisas em Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Computação Aplicada.
Ministrou aulas nos Cursos de Pós-graduação em Engenharia de Software, Gestão
Ambiental e Gestão de Recursos Hídricos. Tem mais de 60 artigos publicados em revistas
e anais de congressos nacionais e internacionais. Consultor na área de meio ambiente e
recursos hídricos. Atualmente, ocupa o cargo de Especialista em Recursos Hídricos da
Agência Nacional de Águas – ANA.
Poeta. Contista. Letrista. Participa em Brasília do Coletivo de Poetas. Lançou, em 2003, o
livro de poesia “A Vida Sente a Si Mesma”. Em 2004, na XXV Feira do Livro de Brasília,
lançou “A Terceira Margem Sem Rio” (poesias). Tem inéditos os livros de poesias “Moro
do Lado de Dentro”, “Quase um Dia” e “Quase mais um Dia” (poesias), além de “Staub
und Schotter“ (poesias em alemão). Participou da Antologia de Poesia, Contos e Crônicas
Livre Pensador (Editora Scortecci, 2003), Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos
Nº 04 e 24 (CBJE, 2004 e 2006), Panorama Literário Brasileiro 2004/2005: As 100
Melhores Poesias de 2004 (CBJE, 2004) e Antologia de Contos de Autores
Contemporâneos (CBJE, 2005). Premiado em 1º Lugar no II Concurso de Poesia do
Terraço Shopping, Brasília – DF, 2005. É verbete no ‘Dicionário Biográfico Virtual de
Escritores Piauienses”, de Adrião Neto, 2004.
TEXT IN ENGLISH- Textos em Alemão - Deutsche
Marcos Freitas, geboren 1963, studierte in Teresina und Fortaleza (Brasilien), Göttingen und Hannover (Deutschland) Bauingenierwesen. Von 1991 bis 2018 Lehrtätigkeit als Professor für Bauingenierwesen und Informatik an der Universität von Fortaleza. Mehr als 30 Gedichte Bücher im In- und Ausland machten sein Werk auch international bekannt. Er lebt seit 2001 in Brasília. Er ist Mitglied der National Association of Writers (ANE) und der Brazilian Union of Writers (UBE).
VERSION FRANÇAISE
LAVOURA DE GALÁXIAS
1.
Minha mãe
se foi
meio sem
de mim se despedir.
O poeta
se fez rouco.
O poeta
se fez mouco.
2.
Ser forte
era preciso.
Não chorar
era preciso.
Chorei.
3.
O cotidiano
se tornou um vazio
entre os meses do ano.
O céu, tédio:
nuvens de peixes
no cinza do rio.
Ruas e praças
sem nomes nas placas.
4.
A chave dos sonhos
abriu galáxias de estrelas.
5.
Já não me engasgo, mãe.
Apenas com o soluço
de tua ida,
aos mundos dos ventos.
6.
O terraço de minha infância
há de ser sempre
o entreabrir de teu sorriso.
(meigo, simples)
7.
Domingos serão locomotivas de auroras
brotando nas roseiras
cuidadas no jardim de casa.
8.
Um dia – sem querer –
inventarei de inventar palavras e sons.
Quando nasci, chorei.
9.
As horas (haverá relógio para medí-las?)
pátinas de um grande armário
repleto de fina porcelana chinesa.
Meras memórias de vozes e silêncios.
10.
Diafragmáticas rotas de ar.
(microvilosidades de sonhos)
Sopro de espantos, além.
11.
No sossego infinito do quarto vazio,
aonde
arrumar doravante teus chinelos
embaixo da cama?
12.
O que coser na velha máquina Singer?
Nossas antigas roupas de criança?
Dedilha, bem sei mãe, na nova harpa
sutis sons de galáxias,
estalos eternos de amor.
RUA DO BARROCÃO
no quintal da minha infância
brotavam goiabas
vermelhas, brancas.
no terraço de minha adolescência,
entre bolas e bilas,
cresciam amizades sólidas.
hoje,
homem maduro,
ainda planto sonhos
e aguardo frutos.
ESTADO DEMOCRÁTICO DE POESIA
que não se organize a poesia em parágrafos,
mas em versos e não versos.
que nas intermináveis listas de considerandos,
considerem-se todas as formas de poesia.
que nunca mais se torturem as palavras.
que se abominem as quadrilhas (somente
as quadras serão permitidas)
que não se dilapide o patrimônio poético nacional.
que se preserve o direito da palavra de ir e vir
e voar,
caso queira.
1ª. BIENAL DO B – A POESIA NA RUA. 26 a 28 de Setembro de 2012. Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2011. 154 p. ilus. col. 17x25 cm.
Irreversibilidade
o tempo presente,
presente de um deus?
o tempo passado,
passado sem os meus,
o tempo futuro,
futuro para os seus?
Traducción por el mismo autor
CULTIVO DE GALAXIAS
1.
Mi madre
se fue
medio sin
despedirse de mí.
El poeta
se quedó ronco.
El poeta
se volvió sordo.
2.
Ser fuerte
era preciso.
No llorar
era preciso.
Lloré.
3.
Lo cotidiano
se hizo vacío
entre los meses del año.
El cielo, tedio:
nubes de peces
en el gris del río.
Calles y plazas
sin nombres en las placas.
4.
La llave de los sueños
abrió galaxias de estrellas.
5.
Ya no me atraganto, madre.
Solo con el espasmo
de tu marcha,
a los mundos de los vientos.
6.
La terraza de mi infancia
ha de ser siempre
el esbozo de tu sonrisa.
(tierna, simple)
7.
Domingos que serán locomotoras de auroras
brotando en la rosaleda
emparrada en el jardín de casa.
8.
Un día —sin querer—
inventaré inventar palabras y sonidos.
Cuando nací, lloré.
9.
Las horas (¿habrá reloj para contarlas?)
patinas de un gran armario
repleto de fina porcelana china.
Meras memorias de voces y silencios.
10.
Diafragmáticas rutas de aire.
(microvellosidades de sueños)
Maravilloso aliento del más allá.
11.
En el infinito sosiego del cuarto vacío,
¿cómo
acomodar en adelante tus chancletas
debajo de la cama?
12.
¿Qué coser en la vieja máquina Singer?
¿Nuestra vieja ropa de la infancia?
Pulsas, bien lo sé madre, en la nueva arpa
sutiles sonidos de galaxias,
eternos estruendos de amor.
CALLE DEL BARROCÃO
en el patio de mi infancia
brotaban guayabas
rojas, blancas.
en la terraza de mi adolescencia,
entre pelotas y canicas,
crecían amistades sólidas.
hoy,
hombre maduro,
aún planto sueños
y aguardo frutos.
ESTADO DEMOCRÁTICO DE LA POESÍA
que no se organice la poesía en párrafos,
sino en versos y reversos.
que en las interminables listas de considerandos,
se contemplen todas las formas de poesía.
que nunca más se torturen las palabras.
que se abomine de las cuadrillas (sólo
se permitirán las cuartetas)
que no se dilapide el patrimonio poético nacional.
que se preserve el derecho de la palabra a ir y venir
y a volar,
si es que así lo desea.
FREITAS, Marcos. Na tarde que se avizinha e outros poemas. Columbus, S/USA: Kindle Amazon.com, 2019. s.p. Capa:Marcos Airton de Sousa Freitas. Prefácio: Antonio Miranda. ISBN 978-170236472-20 Ex. bibl. Antonio Miranda
QUIMERA
I
longe
de mim?
pois sim.
II
o dia amanheceu
o sol subindo
eu dormindo
III
empresto ao regato
meu corpo sujo
de verde lama
IV
te traço
sem o menor
embaraço
V
te descrevo
às claras
ou em segredo
VI
se amor
não era
o que me espera?
VII
será pólvora
ou festim?
diz para mim
VIII
vida
de cão?
pois não.
FREITAS, Marcos. Cem poemas escolhidos de Marcos Freitas. Brasília: Edição do Autor, 2018 Impçresso em /Middletown,DE, USA: Amazon.com.2019/ s.p. 15 X 23 cm. ISBN 978-17916489094
Ex. bibl. Antonio Miranda
CACIMBA BARRENTA
lassidão de horas na flecha do tempo,
o curumim chora, gente que sofre
baixinho
o índio aguarda
a aguada que nunca chega
imensidão de tempo
flecha de horas que chora
baixinho
poço seco, rio seco
nova roça
perdida
DESFERROLHADOS
e assim sou:
água boa
de Savary.
e assim vou
subir o morro
celebrar missa
(em latim)
com Waly.
e assim vou
apodrecer à beira-mar:
pera ou rio Anil
da ilha de Gullar?
e assim sou:
ou cogito ser
agora. -
FREITAS, Marcos. de arrodeios. Brasília, DF: 2017. Ilus. fot. Prefácio por Marcos Fabricio Lopes da Silva. Fotos de Marcos Airon de Sousa Freitas. Impresso Middletown, DE, AS, pela Amazon. Com 2018. ISBN 978-197-684-977-7-0 Ex. bibl. Antonio Miranda
Os poetas Abhay K., Maracos Freitas e Antonio Miranda no lançamento do livro no tradicional restaurante de Brasilia BEIRUTE, dia 25 de abril de 2018.
“Marcos Freitas projeta-se como poeta contemporâneo no sentido meritório que Giorgio Agambem empresta ao termo: “Contemporâneo é aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro”. O que caracteriza a poesia de Marcos Freitas é uma nítida preocupação existencial, sem descuidar de uma fidelidade muito peculiar ao universo íntimo/slsírico, com que transita sem derramentos, porém com fulturante cristalinidade. São instâncias em que a sua arquitetura prescinde de rodeios formais ou contorcionismos de linguagem para falar da geografia afetiva, das dores, dilemas & delícias do ser contemporâneo, tão deslocado nesses tempos de coisificação e etiqueta: “ MARCOS FABRÍCIO LOES DA SILVA
INFÂNCIA
correndo sobre os muros vizinhos
fugindo aos estrepes de cacos de vidros
até atingir ruinarias casas abandonadas
(intermináveis disputas cartoriais de heranças)
assentadas sobre lajens fraturadas
percorrendo oficinas de carros velhos
atrás de rodas para os carros de rolimãs.
correndo descalço em campos de terra batida
atrás de bolas velhas de couro rasgado.
escolhendo talos de cocos de cercas divisórias
para os futuros papagaios suras, coloridos.
sempre correndo, nunca parado.
sempre aprontado, algo.
LEMBRANÇAS
o vento terno me traz saudade de um tempo não vivido:
um quê de encanto doce e suave de flores de laranjeiras.
e na secura de setembro árido dos planos centrais, explode
como chuva esperada e feliz de primavera tórrida e tardia.
sua dança — água em talvegues — infiltra-se nas camadas.
saudade, saudade de um tempo que ainda não vivi.
ÊSTE MÊS
neste mês, teu beijo: canto de pássaro
neste mês, teu afago: balanço de águas
neste mês, meu deleite: fogo de brasa
neste mês, meu desejo: estampido de estrelas
Em Marcos Freitas, a palavra é substantiva, fala tanto pelo insinuado quanto pelos silêncios. Reverbera uma voz múltipla, intensa e com uma sutil carga metafórica que comunica um peculiar sentimento do mundo. Uma escritura que emerge do olhar profundo e cirúrgico de um autor que busca na condição humana e seus labirintos psicológicos e sociais uma rica matéria estética para refletir sobre a nossa incompletude e nossos desassossegos:
SHUUKATSU
não conseguirei escrever
nenhum verso com minhas cinzas.
com elas, sequer,
escreverei a palavra amor.
Não sei, ao menos,
se chegarei à hora marcada.
O livro de arrodeios é composto por versos pelos quais ecoam vozes que se entrelaçam, se confrontam e questionam a realidade, a existência e a própria linguagem num caleidoscópio de referências consagradas e alternativas. Estamos diante de um poeta claramente afeito ao risco permanente e avesso aos lirismo muxoxos. Sua poética destaca-se pela combinação virtuosa entre economia verbal e densidade de significados, reunindo, no labor criativo, poder de síntese com saber de análise.” MARCOS FABRÍCIO LOPES DA SILVA
FREITAS, Marcos. Sentimento oceânico (verdesveredas ou cantos de jurema nas quenturas do bê-erre-ó-bró). São Paulo: Catramano, 2015. 124 p. 14x21 cm. ISBN 978-85-64471-45-0
“Como vocês vão constatar aqui, Marcos Freitas está ainda melhor.” ANTONIO MIRANDA
LAVOURA DE GALÁXIAS
1.
Minha mãe
se foi
meio sem
de mim se despedir.
O poeta
se fez rouco.
O poeta
se fez mouco.
2.
Ser forte
era preciso.
Não chorar
era preciso.
Chorei.
3.
O cotidiano
se tornou um vazio
entre os meses do ano.
O céu, tédio:
nuvens de peixes
no cinza do rio.
Ruas e praças
sem nomes nas placas.
4.
A chave dos sonhos
abriu galáxias de estrelas.
5.
Já não me engasgo, mãe.
Apenas com o soluço
de tua ida,
aos mundos dos ventos.
6.
O terraço de minha infância
há de ser sempre
o entreabrir de teu sorriso.
(meigo, simples)
7.
Domingos serão locomotivas de auroras
brotando nas roseiras
cuidados no jardim de casa.
8.
As horas (haverá relógio para medi-las?)
pátinas de um grande armário
repleto de fina porcelana chinesa.
Meras memórias de vozes e silêncios.
10.
Diafragmáticas rotas do ar.
(microvilosidades de sonhos)
Sopro de espantos, além.
11.
No sossego infinito do quarto vazio,
aonde
arrumar doravante teus chinelos
embaixo da cama?
12.
O que coser na velha máquina Singer?
Nossas antigas roupas de criança?
Dedilha, bem sei mãe, na nova harpa
sutis sons de galáxias,
estalos eternos de amor.
ESTRADA, PÓ E POEIRA
estrada, pó e poeira:
marcos
das estradas mineiras.
lua,
transpor de pontes:
banhos de cachoeiras.
milho verde:
verdes olhos
a refletir desejos.
estrada, pó e poeira:
ora pro nobis
serras sem fim.
 |
De
Marcos Freitas
URDIDURA DE SONHOS E ASSOMBROS
(Poemas Escolhidos 2003-2007).
Apresentação de Antonio Miranda
Rio de Janeiro: Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2010
280 p. (Com apoio de FAC/DF)
POÉTICA
1
Que é Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados.
2
Que é o Poeta?
Um homem
que trabalha
com o suor de seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
FOTO TABOCA
Quem não deixou
sua alma aprisionada
em 3X4
no lambe-lambe
do Seu Chiquinho
na Praça da Bandeira?
QUATRO TEMPOS
na madrugada fria
tua alada companhia
na manhã quente
novo desejo de repente
na tarde morosa
tua língua saborosa
na noite sem dança
apenas uma lembrança
NADA A VAU
recrio-lhe
enchendo-lhe de chamego
mordo-lhe o pé
e o que mais quiser
sugo-lhe a vulva
qual a uma uva
faço-lhe esquecer o mundo
fácil... indo-lhe bem fundo
Extraído de QUASE UM DIA. Rio de Janeiro: Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2006. 95 p.
O POETA E O DESTINO
o poeta é um cretino
que ama sem destino
(o) certo
o poema é seu destino
apesar de cretino
o verso
existe porém
o verso certo
um ser cretino
e um destino?
QUADRO
hoje sim
quero te descrever
em cores
lambuzar-te de tintas
no lugar dos seios
riscos rápidos
no lugar dos braços
formas curvas
em perspectivas
no lugar das pernas
pingos, pingos e mais pingos
esparramar suave em ondas
teu ventre em chamas
hoje sim
adoraria borrar
todo esse quadro
com um jorro de tinta
PANO DE CHÃO
com que direito
o poeta invade sonhos
com que direito
o poeta causa danos
com que direito
o poeta tece palavras
como que pedaços de panos
AFLORAÇÕES
fuga de corrente?
quem sabe
meu coração
não tem voltímetro
súbito?
quem sabe
meu trapézio
não tem lona
chuva de maio?
quem sabe
meu querer
não tem ensaio
desvario?
quem sabe
minha calçada
não tem meio-fio
LEMBRANÇAS
nas barrancas do meu rio
habitam as lembranças
das garças brancas
ACIDENTE
não sei
se escapo
ileso
da batida
de teu
coração
NENHUMA CARTA EM MEU NOME
de soslaio
a memória de teu rosto
cravado na rocha da ausência: fotografia.
o vento quente sopra a cor do esquecimento:
sombria melancolia do dia-a-dia.
tentei entender teu nome e nossos minutos
como se houvera fruta na fruteira
de minha existência.
o domingo desabitado fareja o ronco do motor
de meu carro empoeirado.
nada, nada além de silêncio e pó.
há mais de um ano, nenhuma carta em meu nome.
NA TARDE QUE SE AVIZINHA
sejamos eternos, querida,
mesmo na plenitude de nossa ira.
chega de nossos discursos prontos,
não suportamos mais esperar o fim do verão.
estranhamos, em silêncio, conselhos dos mais velhos.
tentamos, inutilmente, reler os jornais passados;
o que buscamos nas páginas surradas?
a paisagem se adensa na geografia das ruas
de nossa cidade desconhecida.
mergulhemos no assombro de nosso desejo;
é sempre possível a palavra mais pura e límpida, querida,
mesmo fora de nosso dicionário.
o cheiro do feijão, em panela de ferro,
reacende o fogo de lenha da imaginação: o relógio da manhã.
herdeiros de nossa própria memória,
divisamos a rua de nossa fraqueza e ausência, na tarde que se avizinha.
o leito seco do rio aguarda a estação chuvosa nas cabeceiras;
depositemos, pois, iguarias e provisões na vazante de nossas horas.
sejamos eternos, querida,
mesmo na finitude de nosso dia.
FREITAS, Marcos. Eternal Return and Other Poems: the selected poems of marcos freitas: anthology in three languages (portuguese - russian - english) (English Edition) eBook Kindle
Veja / See the e-book no Amazon.com:
https://www.amazon.com.br/Eternal-Return-Other-Poems-portuguese-ebook/dp/B07ZG64VFG/
NEW BRAZILIAN POEMS. A bilingual anthology after Elizabeth Bishop.
Translated & edited by Abhay K.. Preface by J. Sadlíer. Rio de Janeiro:
Ibis Libris, 2019. 128 p. 16 x 23 cm. ISBN 978-85-7823-326-6
Includes 60 poets in Portuguese and English Ex. bibl. Antonio Miranda
Fronteira
ronda inútil
limites de meu nada
as horas longas de sonhos
as leves madrugadas alheias ao mundo
fronteira de alegria infinita
eis-me, novamente.
Frontier
useless round
limits of my nothingness
the long hours of dreams
the light dawn indifferent to the world
frontier of infinite happiness:
here I am again.
 |
FREITAS, Marcos. Inquietudes de horas e flores. Inquietudes de horas y flores. Edição bilíngue Português – Español. Tradução Carlos Saiz Alvarez. Rio de Janeiro: Livre Expressão Editora, 2011. 116 p. 14x21 cm. Capa: Enita Souto. ISBN 978-85-7984-262-7 “ Marcos Freitas “ Ex. bibl. Antonio Miranda
AFLORAÇÕES
fuga de corrente?
quem sabe
meu coração
não tem voltímetro
Súbito?
quem sabe
meu trapézio
não tem lona
chuva de maio?
quem sabe
meu querer
não tem ensaio
desvario?
quem sabe
minha calçada
não tem meio-fio
AFLORACIIONES
¿fuga de corriente?
quién sabe
mi corazón
no tiene voltímetro
¿súbito?
quién sabe
mi trapecio
no tiene red
¿lluvia de mayo?
quién sabe
mi querer
no tiene ensayo
¿desvarío?
quién sabe
mi carretera
no tiene acera
VERSION FRANÇAISE
FREITAS, Marcos. Nous sommes nos songes. Texte établi, traduit et présenté par Oleg Almeida. ´Brasília: Edição do Autor, 2019. Impresso em/ Middletown, DE, USA: Amazon.com.2019/ s.p. ISBN 978-17289099998 15 X 23 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
L'ÉTERNEL RETOUR
La poésie
m'effleure l'esprit
sans heure ni date choisies.
Quelquefois,
elle tarde à venir,
même lorsqu'on sue,
la plantant, une bêche à la main.
Ce n'est pas toujours
qu'elle pousse,
même lorsqu'on l'arrose
avec de l'eau ou du vin.
Et pourtant,
elle rentre toujours
dans mon cœur
et me rend fou
de bonheur.
ETERNO RETORNO
a poesia
aflora
sem hora
sem data marcada
a poesia, às vezes
demora
mesmo plantada
a pá, a enxada
a poesia nem sempre
brota
mesmo regada
a muita água ou vinho
a poesia
no entanto
sempre retorna
e me entorna
de alegria
THÉORÈME
À chaque coin de rue,
je me disperse :
y a-t-il un poème sans émotion ?
A chaque coin de rue,
je me résous :
une équation sans solution.
A chaque croisée, j'extrais
la racine cubique
de mon cœur.
A chaque quartier,
je me vois carré,
les rues de cette cité
n'ayant pas de coins.
Serait-ce là mon destin,
ce comptage
sans fin ?
TEOREMA
a cada esquina
me disperso
há poema
sem emoção?
a cada esquina
me resolvo
equação sem solução
a cada quina
o triplo de mim
raiz de meu coração
a cada quadra
me desenquadro
nesta cidade
sem esquina
é minha sina
irracional
enumeração?
Página atualizada em julho de 2015.Ampliada em agosto de 2016; Página republicada em abril de 2018; amapliada em maio de 2019;ampliada em novembro de 2019; PÁGINA ampliada em novembro de 2020
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