Mestre em Lingüística, com pesquisas na área de Análises de Discursos. Cearense de nascimento, vive em Brasília desde 1972,
onde se formou em Letras. Antes de se tornar Consultor Legislativo do Senado Federal, atuou como professor de português e literatura
no Ensino Médio e com Alfabetização de Adultos, no Movimento de Educação de Base, da CNBB.
Livros publicados: amador amador, de poesias, Ed. do Autor, Brasília, 2001; Pirenópolis pedras janelas quintais, de poesias, com fotos de Sílvio Zamboni e arte de Wagner Alves, Ed. Plano, Brasília, 2002; A fome que não sai no jornal, ensaio de lingüística, Ed. Plano, Brasília, 2002; Era uma vez uma maria farinha, infantil, com ilustrações de Daniele Lincoln, LGE Editora, Brasília, 2003;; Teoria do beijo, poesias, com arte de Ana Lomonaco, Ed. do Autor, Brasília, 2003; Passagens terrâneas e subterrâneas, com arte de Ana Lúcia Lomônaco, LGE Editora, Brasília, 2003; Romance do Vaqueiro Voador, com arte de Wagner Alves, LGE Editora, Brasília, 2003; Palavra de Presidente - discursos de posse de Deodoro a Lula, LGE Editora, Brasília, 2004 e 2006; Palavra de Presidente – Sob o signo de Rui Barbosa, LGE Editora, Brasília, 2006; O jipe cangaceiro na Chapada dos Veadeiros (infantil, com arte de Ana Lomonaco), LGE Editora, Brasília, 2005; Uma traça de casaca na Casa de Ruy Barbosa (infantil, com arte de Renato Palet), LGE Editora, Brasília, 2005; Chronica de D. Maria Quitéria dos Inhamuns - poema-em-drama , LGE Editora, Brasília, 2005.
Veja também: POESIA INFANTIL de João Bosco Bezerra Bonfim
BONFIM, João Bosco Bezerra. Chronica de D, Maria Quitéria dos Inhamuins. Brasília: LGE Editores, 2004. 48 p . ilus. col. 31x23cm Apoio Secretaria de Estado da Cultura do Distrito Federal - FAC . ISBN 85-7238-220-8
Ex. bibl. Antonio Miranda
Gravura de Maria do Socorro Torquato Maia, ou Clôca:
BONFIM, João Bosco Bezerra.
Passagens terrâneas e subterrâneas.
Brasília, DF: LGE, 2003. 82 p. 15x15 cm.
De
João Bosco Bezerra Bonfim
in feito.
Brasília: edição do Autor; FAC, 2009. 48 p.
ISBN 978-85-902031-3-1
lavradores do mar
nessa faina em marinha terra
muitas velas se há de içar
essas ondas já cravadas
que charrua ousaria arar?
no fundo, as covas já sementes
não aceitam, prenhes de mar
nem covas, lâminas ou velas
a velar, podar, plantar
só os soluços, as vagas, as horas
no oceano aceitam brotar
tanotomaquia
I
quem haverá por dor
a própria morte,
se esta é ausência?
I
no mármore, inscrições caladas
voando no vento do inverno
imperam as palavras aladas
II
esse vulto que - diz - me sonha
em convulsão delirante
não é nem metade do meu
desejo de beijo, cortante
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Romance do Vaqueiro Voador
(Trechos do poema)
Quem em noite de lua
Da Esplanada dos Ministérios
Se aproxima há de ouvir u’a
Voz que ecoa, entre blocos
E um aboio assim sentido
De onde vem? Mistério!
(...)
Que segredo esconde
Essa aparição medonha
Será milagre de Deus,
Será alguma peçonha?
Se quer saber então ouça,
Não faça cerimônia.
Era de janeiro primeiro,
Nos idos anos cinqüenta
Quando voou um vaqueiro
De altura sem tamanho
Espatifou-se no chão
Teve da vida o desengano.
Agora vamos saber
Quem terá sido esse tal
Que despencou do prédio
Cavalgando que animal?
Voou de que maneira?
Gente de bem ou cria do mal?
(...)
Antes de tudo vaqueiro
Que era sua profissão
Até que da roça veio
Para a lida de peão
Pois domar boi ou martelo
Exige os mesmos calos na mão.
Mas era um vaqueiro leso
Meio gaiato e doido e meio
Gastava o tempo em lorotar
Em mentir, rir e sonhar
Ser o mais rico cavaleiro
O mais hábil montador.
Mas era pobre operário
Retirante sem valor
Versejador de mão cheia
Analfabeto e ladino
Fazia troça da dor
Na morte tirava fino.(...)
Quando o prédio quase pronto
Teve a última laje assentada
Vaqueiro ali subia
Quase fazia morada
Escalando os andaimes
Parecia alma penada.
Horas a fio passava,
Observando a paisagem,
Admirando de certo ou
Então vendo visagem,
Pois se arriscava de fato
Mais teimosia que coragem.
(...)
Ainda ontem cantava
A passagem de ano
Agora alimenta – massa –
O concreto, que desengano
Saltou de seu cavalo-asa
Para boi voador diáfano.
Mas em Brasília não há
Bois encantados a voar.
Há, sim, os amansados
Bois de carga, bois de eito.
Vão do pasto à malhada
E do alojamento ao canteiro.
(...)
Então, na primeira lua,
Se ouvia aquela cantiga
Tão familiar a todos
Aquela voz tão amiga
A cantarolar aboio
Um lamento sem guarida.
O que no princípio era medo,
Tornou-se consolação.
Todos esperavam a lua,
Para ouvir aquela canção
Que era triste e lamentosa
Mas falava ao coração.
(..)
Ei-lo voando entre os prédios
Para o campo paramentado:
Peitoral, perneira, gibão,
Chapéu passado o barbicacho.
Voou no rabo da rês
Mas só chão havia embaixo.
(...)
Ed. LGE, 2003.
Passagens Terrâneas e Subterrâneas
(LGE, 2004) Trechos
a alma de
ferida tão
medonha
que o curá-la
é a peçonha
que esperar desse espiralado
campo?
se ao céu se só
elevam as sementes
que fazem cavadas
no chão
essas covas?
céu e inferno
iguais em si
aguardam.
para qual?
não pergunte
jogue a pedra
e pule
saltando de um
só pé
aguardam
em si iguais
inferno e céu
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