Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


GIOVANNA CARLA

GIOVANNA CARLA

Brasiliense com raízes potiguares, Giovanna Carla de Oliveira começou a escrever poesias aos 11 anos e, desde então, nunca mais parou. Formada em Publicidade, com pós-graduação em Marketing, publicou dois livros, participou de coletâneas, coleciona alguns prêmios em concursos literários e é membro correspondente da Academia de Letras Rio – Cidade Maravilhosa. Poesia para Giovanna Carla não é hobby, terapia ou profissão. É necessidade vital – e arte em que encontrou uma forma imprescindível de criar e permanecer, além de extravasar. Contato: giovanna.carla@gmail.com
 

De
Mesmo Assim
(Edição independente, 2008) 

 

9 MESES  

Enjôo, xixi e azia.
Xixi, hipersensibilidade.
Espinha, xixi e estria.
Xixi, sono e ansiedade.

Falta de ar, xixi e inchaço.
Xixi, prisão de ventre e receios.
Varizes, xixi e cansaço.

Indisposição, dor nos seios.

Apesar de transformada,
Me sinto realizada.
As expectativas são boas.
O sacrifício compensa.
A felicidade é intensa.
E eu me sinto a mais bonita das pessoas.
 

POESIA E CHUPETA 

Sem tempo para a poesia
E o rosto cheio de olheiras,
Troquei toda essa magia
Dos versos por mamadeiras.

Eu percebi que minhas rimas
Ficaram obsoletas
Ao tentar rimar vacinas
Com fraldas, choro e chupetas.

Desfiz todo meu soneto
Antes de sentir o orvalho.
Poesia é leite no peito,
Ao som de cantiga e chocalho.

Deixei de sonhar de dia
E contemplar lua e estrela.
Deixei de escrever poesia
Pra começar a vivê-la.

Deixei de escrever poesia,
Mas ainda sou completa.
Tenho nos olhos mais brilho
Quando encontro em meu filho

A razão de ser poeta.
  

DAI DE COMER,
DE BEBER
E DE VESTIR

Seu pé era meu sapato.
Sua pele era meu roupão.
Bebi suor açucarado.
Seu corpo era refeição.
Cansei do brinquedo usado!
Como tenho um grande coração,
Embrulhei tudo de mal amado
E fiz doação.
 

AMARULA 

Remédio contra alergia.
Cabelo no carpete.
Álbum de fotografia.
Rascunhos de poesia.
Shampoo no toalete.

Um CD do Santana.
Alguns textos de Freud.
Quase nada de grana.
Um recado sacana.
Revista, livro e tablóide.

Taça suja de licor.
Uma velha margarida.
E de todo nosso amor,
Isso é só o que sobrou
De mim na sua vida.
  

PRATO VAZIO
NÃO SE AGÜENTA EM FÉ 

Acho que a vida se esqueceu de mim...
Nesse quarto escuro e mal construído.
Na parede, buraco. Na madeira, cupim.
No silêncio da noite, só um ruído.

Ruído de fome, da miséria do homem.
Comeria com gosto o desgosto da vida.
Esperança vã que os dias consomem.
Olhos abertos em noite não dormida.

Procura-se emprego, vende-se desespero.
Na real, quem janta os males espanta.
Que preço eu pago por não ter dinheiro?
Vida que se engole a seco e arranha a garganta.

Acende uma vela que cortaram a luz,
E aproveita e reza pr’aquele seu santo
Aliviar um pouco o peso dessa cruz.
Castigo assim ninguém merece tanto.
 

 ÓCIO 

Estava ali sentado,
Olhando pra vida.
Um tanto cansado.
Mente distraída.

Idéia apagada.
Nada diferente.
Um pouco de nada,
Quase nada de gente.

Ser assim, como é que pode?
Sem pensamento ou expressão.
Ócio que implode
A cabeça e o coração.

Viveu sem deixar registro?
Qualquer coisa, qualquer arte?
Acreditou em Jesus Cristo
E achou que fez sua parte?

Deixe de ser moribundo!
Ócio duro de roer.
Colabore: enriqueça o mundo.
Faça sua existência valer.
 

AFIADAS PONTAS

A ordem agora é mudar!
Mudar de cargo, mudar a vez,
Mudar de mesa, mudar de horário,
Mudar o chefe, mudar as leis,
Mudar conceitos e honorários.

Mudar a ordem e invertê-la;
Mudar a lua de quem sonha
E criar somente uma estrela
Vermelha... vermelha de vergonha. 

Estrela de afiadas pontas
O que me diz do agora?
Você, afinal de contas,
É estrela ou é espora?
 

O DISFARCE 

Outra roupa, outra mala.
Uma nova cidade.
Outra passividade.
Outros móveis na sala.
Outra voz que se cala.
Outra vez outra idade.

Outra cor no cabelo.
Outra maquiagem.
Outra abordagem.
Outra carta, outro selo.
Outra reza, outro apelo.
Outro plano de viagem.

A mesma dor, outro remédio.
Um curativo, outra ferida.
Sensação de coisa mal parida.
O mesmo eu, o mesmo tédio.
Um objetivo, outro intermédio.
Simulacro de gente, simulacro de vida.

 De
Outro Dia
(Edição independente, 2002)
 

TRAIÇÃO DO DESTINO  

Enquanto um age,
O outro sente.
Enquanto um jura,
O outro mente.
Um Deus e um Diabo
Lutando por uma mesma mente. 

Se um me aflige,
O outro me acalma.
Um me machuca,
O outro me espalma.
Um Deus e um Diabo
Lutando por uma mesma alma. 

Tudo de uma só vez
Numa mesma proporção:
Um pouco de lucidez,
Cautela, raciocínio, razão;
Um pouco de embriaguez,
Loucura, impulso, explosão.
Um gatinho siamês
Brincando com um leão. 

Se o inferno é tão perto do céu,
A dúvida, então, me conduz
Por caminhos cercados de fel
Ou por estradas repletas de luz?
Beijo a boca, melada de mel,
Do pecado. Sinto gosto de pus. 

Medos, riscos e enganos
São fortes como o soar de um sino.
Me fazem ter atos insanos.
Olha que traição do destino:
Me fez limite de tudo que há de satânico e divino.

 

OUTRO DIA 

Trancou com chave a porta do quarto.
Disse que nunca mais sairia.
Disse que era dor de enfarto
E que nem o tempo curaria. 

Jogou-se abruptamente na cama.
Mostrou não ter medo da queda.
Maldisse todos os que mais ama.
Jurou que o troco vem na mesma moeda. 

Chorou por todos os oceanos.
Gritou rancores, blasfêmias e palavrões.
Xingou seus pais, sua vida, Deus e os humanos.
Adormeceu com a gilete nas mãos. 

Acordou quando o sol já brilhava.
Ainda tinha o rosto vermelho.
Mas vestiu a roupa que mais gostava,
E abriu a porta após sorrir pro espelho.

 

SADISMO 

Puxei os pontos da sua ferida.
Pisei, de salto, em cheio no seu calo.
Servi pra sua mãe mortadela vencida.
E joguei minha aliança no ralo. 

Deixei rachado todo o seu espelho.
Declarei meu amor na lataria do carro.
Marquei sua camisa com batom vermelho.
Pulei na cama com pé sujo de barro. 

Botei groselha no seu doce vinho.
Inventei um amigo imaginário.
Dei veneno pro seu passarinho.
Esqueci o casamento e o aniversário. 

Derramei a água pra matar sua sede.
Menti o horário de tomar remédio.
Pichei meu nome na sua parede.
Pra sua aventura, fiz cara de tédio. 

Cocei com unha sua brotoeja.
Comprei supérfluos no seu cartão.
Coloquei água na sua cerveja.
Servi laxante na reunião. 

Queimei todas suas cartas bregas.
Quebrei todas suas caras regras.
Gostei de fazer o que fiz.
Eis a minha nova tática:
Mostrar minha versão mais sádica
E começar a me fazer feliz. 

 

Página preparada por Angélica Torres Lima e publicada  em fevereiro de 2009.

Voltar para a  página do Distrito Federal Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar