Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


POESIA BRASILEIRA DE VANGUARDA

CAMARGO MEYER

Poeta e jornalista, nasceu no Rio de Janeiro em abril de 1941. Radicado em Brasília desde 1979. Seu primeiro livro, “Cartilha” foi editado pela Massao Ohno Editora, de São Paulo (1964). Um trabalho que, segundo depoimentos de seus companheiros da época, como o poeta Armando Freitas Filho, influiu em toda a poesia de vanguardas daqueles anos. 

Seu primeiro livro foi publicado às vésperas do golpe militar. Perseguido político, refugiou-se na Europa, de 1967 a 1969. De regresso ao Brasil, viveu na clandestinidade.  Preso em 1972, foi torturado na prisão da Ilha das Flores.

Os poemas a seguir foram extraído de A CICA A CICA TRIZ [conhecido como Cicatriz, para facilitar...], editado em  Brasília em 1989. 

CAMARGO MEYER

ESTUDO B

a quilha                        o barco
a flora    (de  dentro
                 ou    f o r a

do arrastão)

no  convés  a  fartura
e  telvegue,  a   vez
de  quem  talvez
               navegue

na medula
da procela

         de  quem,   grumete

         o   bote
         a    vela

valera,  a  galera  nau
frágil    (e  a  enguia
              que   a   guia)         vale

a   força   dos   remos
e   bate   a    rede

o   cabo
                  na   bátega   a   batela

 

ESTÁGIO  2

no  fosco  estanho  estranho  rosto
desenha-se

                            negro   grafite
sobre  o  espelho                túmulo

uma  figura           lápis       lápide
que  se  especula
(clara-escura  colisão)

e indaga                          (adega)
de   um  ruir  ruído
de   pálpebras

no  engavetar-se
de  um  no  outro             (ostra)

urge,  quando
forma-se   a   borra
sob  a  garrafa                 (gravata)

vestir                                 a   dala
jarro                               de  jarras
 

 

TÁXI-DANCING

         “...  e convidei-a para dançar.”      
          CHICO BUARQUE DE HOLLANDA

Ali, quem me leva
nessa embalagem inédita,
embrulho ensimesmado.
E eu, de mim, ao próprio lado,
comensais do mesmo prato...

Mas ao mesmo tempo
já sem tempo e desolado
não do que foi, e está parado,
e vai-se, de quem está vendo.

Quem me leva assim,
o peito na mão, cruzado,
assistente de quem passa ao largo,
andante no sinal quase fechado.

Quem assim me veste e calça
para ir aonde não fico, pasmo,
papel amarelo posto quase de lado.

Quem ao mesmo tempo me leva
nesse passo de valsa,
se eu mesmo me seguro a alça?

 

SÍNCOPE

     Um finado  vôo,
     despassarado  e  sincopado,

tão  fino
que  o  trinado
           soava  mais  entoado

que  um  salto
       de  sapato
              no  bulício
                     no  andar  de  baixo.

Um  ruído  que  ainda


masco
           quando  trisco  e  risco
o  miocárdio.

E  não  é
que  até  no  peito
há   uma  zona  de  meretrício?

Ou  uma  flor  de  tacho.
Cheguei  cedo  mas  já  era  tardo.

 

CANTO  DO  CERRADO 

         para um Ipê Roxo

Um  tronco  de  ipê
            desaviado,

um  beijo
              no  peito  murcho
de  mamilo  arroxeado.

Mesmo  ipê,
ele  florava,
seu  pistilo  quase  de  pé.

Nas  solas,
um  talvez
e  uma  bolha  de  sensatez
no  assunto  quase  encerrado<

Todo  fósforo
acende  outra  vez.

CAMARGO MEYER

De
cartilha
(1959-1963)
São Paulo: Massao Ohno Editora, 1964
72 p. Capa de Rubens Gerchman

(Obs. Mantivemos a ortografia original)

 

PONTA SECA

punhal de aço

ah o fígado
e depois o baço

(cem mortes
se trançam
no seu gume)

mogorão: punhaço

a parola
vem do corte

 

ALBA

êste o nú
monumento
ao vento

o gesto
monuvento
no lençol:

ama há amão aman
(branca branca...

esse

hemos, ambos
no casulo


OPUS

os dédalos
no teclado

no telhado

o gato
salta

e pára
na corola do regalo

peixe        gato?

pissicato


QUADR

três em torno à
mês-m-a

a fome
contorn
ando  a

Mésula, o peixe
no prato
de si se de:

trans
form
torn

ando feixe circumar, sem istmo

 

MIRAVE

um pássaro

p

ousa o seu
e niv

Ela, a manhã
entre dois pios

croquis de PL
uma flor eólica
fibra no ar fino son
ido por um postal

a

dio

 

ACIDENTE

ZRo a face
na esquina

xpect
altiva de ver
D

no meio da Ru
a pressão mal
sã?ssim

o grito em ramas
na lata
Ria

(a côr tb. va
Ria

o pedal stop mero
ho

Mem


ATOL

a armando freitas filho

      1

um rosto
obstrui o r
Astro de outra face de alvorada

ombros e a
Braços que se anelam
                       nulam

                       que

um dedo estrala na
rótula de um isqueiro

cinco no atol

um polegar calcula:

                      digi

talo

                    o sol


ATOL

a armando freitas filho

       2

o grupo na praça des
Anca, a noite enrod
Ilhada

um cotov
-ÊLO)  ajeita  cinco mechas de cab

afaceafaz-se
seu perdido

          ELO?

Tempo feminil atento
à linha dos corpos
que se des

          MANCHA

em carantulas de perfil

                    16/11/61

 

ESTRUTURA

que escuro se articula
no mais escuro, cego
se apoiando no muro

a coisa vaga, vácuo
medo

sôbra rua, sem ossatura

quando quêdo
o corpo   está
                     telado

carente de
                      lume

sonoro oco soco bueiro
que pouco se ou
                          vira

da fratura

                     o osso   buço
                     nem o soluço         

 

ESTRUTURA 2

      a mauro gama

o vôo:    tropo-
gráfico, o esqueleto

de um páfalo!

(coice de asa tropel
ÊÇO.   o tropo  no  ar)   voar, o com-

                  um
                 ôlho
                revela

         o    espássar    o      

o canto mais sêco
a zínia  mais  son
ora
no  bico  orto  

g:  onal,  áfrico

st  mr  pr  vc,  dálo

O p´fl,  o phl?                                                                


Página publicada em outubro de 2008.


Voltar para a  página do Distrito Federal Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar