| MARCELO FERREIRA CARÁMBULA ( Distrito Federal – Brasil )     1o. Prêmio Cassiano Nunes - Concurso Nacional de Poesia -  Seleção 2009.  Antologia.  Org.  Maria de Jesus Evangelista.  Brasília:  Universidade de Brasília -Biblioteca Central- Espaço Cassiano Nunes, 2010.    152 p.      14 x 21 cm.             Ex. bib. Antonio Miranda     BRASILIANAS   I O céu se abre ao infinitoTeus espaços são a capital dos meus pensamentos
 Sorri o busto que fundou esse sentimento monumental
 De poder, nas tuas letras, estar agora, brasiliana
 
 II
 Inauguram um monumentoMas é tua estampa
 Que transforma meus pensamentos
 Em traços curvos
 Que nem Niemeyer sonhou
 
 III
 Tempo EstioEm que corpo e alma tem mais sede
 Embora muita água possa ver, em realidade
 Não é fácil atingir teu lago
 Mesmo assim,
 Vou forjando uma orla
 Pela beira —
 Mar que, um dia, em sonhos verei
 
 IV
 Pesadelo aladoQue voa ao Norte
 Mas é para o Sul que vertem tuas velas
 No entanto, a alma, condor que vaga
 Do alto vê: é um avião!
 Quando enfim, ao leitor regresso
 Eis que uma voz de metal me chama
 Novamente ao teu aeroporto!
 
 V
 
 Ando em tua perspectiva
 Por uma avenida sem fim e se nome
 Estonteante velocidade colorida
 De sonhos em movimento
 No rosto do menino
 As luzes de uma cidade perdida
 Olho para frente
 O sinal deve abrir
 (Qual será o caminho mais curto até o teu ser?)
 
 VI
 Abrindo picadas no teu seioPelo cerrado
 Acreditando na visão
 Vou quebrantando tua fé de pedra
 Esse plano de gelo, bloco de certeza
 De quem não quer me habitar
 ET sentir a paixão dos pioneiros
 Com a força
 E os sonhos
 Nos quais sou operário
 Que despenca de todos os andaimes
 
 VII
 Brasiliana tem olhos de gataÍris de velha xamã
 Com tuas seitas
 Seus novos mistérios
 Feiticeira do altiplano
 De bruxa, de benzedeira
 E não foi a cruz em sua fortaleza
 Que lhe livrou desse feitiço
 De possuir toda a gente
 E a cidade
 Que no início
 Não tinha Deus
 Não tinha amor, nem nada
 Passou a crer mais na vida
 E os templos: a natureza!
 
 VIII
 
 Na noite em que parti
 Levantei poeiras e dúvidas
 Na bagagem que juntei
 Um mapa sem legenda
 E o coração como bússola
 Apenas na procura de teus jardins em mudança de estação
 Porque meus pastores
 São os pássaros que desenham em teu céu
 As luzes coloridas desses dias
 
 IX
 O expedienteO calhamaço, o ouro e o calmante
 O lilás de bocas trêmulas
 De longe brilham e fazem fama
 AD Brasiliana que me engana
 É uma miragem em reluzente deserto
 Sinuosa, prematura e disfarçada
 Que agora caminha distante
 Batendo asas
 Buscando a mortal travessia
 Em saltos loucos
 Nos meios-fios de Brasília
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