Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Foto:  http://www.jornaldepoesia.jor.br

 

 

SOARES FEITOSA


 

Francisco José SOARES FEITOSA, 19.1.44, Ipu, CE, órfão  de pai no mesmo dia em

que nasceu, é filho único. Infância na cidadezinha de Monsenhor Tabosa, também no Ceará. Seminário de Sobral, aos 13 anos. Dos 14 aos 15, morou em Nova-Russas, na mesma região norte do Ceara, na casa do tio, padre Leitão. Toda a infância e juventude permeadas com os matos, os campos, os sertões, a caatinga, a Seca e os invernos: fazendola Catuana, às margens do rio Macacos, de sua mãe viúva, Anísia-parteira.

 

Foi jornalista na juventude, em Fortaleza; caixeiro-viajante no Piauí; depois funcionário do Banco do Brasil. Aos 20 anos já era Fiscal do Consumo. Sempre por concurso. Aos 22 anos, casou com uma serrana, Glaucineide, e com ela tem cinco filhos.

 

Viveu no Recife de 1980 a 1994. Transferido para Salvador, divide hoje residência

entre as três grandes capitais nordestinas.

 

Em 1993, às vésperas do meio século de vida, escreveu seu primeiro poema. Em

1996 iniciou a publicação artesanal do livro Réquiem em Sol da Tarde. Ainda em 1996, fundou, na Internet, o Jornal de Poesia. Em 1997 publica o seu primeiro livro.

 

 

Veja o e-book de uma edição artesanal do poema RÉQUIEM EM SOL DA TARDE do poeta SOARES FEITOSA:

https://issuu.com/antoniomiranda/docs/soares_20feitosa

 

 

FEITOSA, Soares.  Quaesitio. [Fortaleza, CE]: Edição do Autor, 1997?  200 p.   18,3x24,5 cm.  “Soares Feitosa” Ex. bibl. Antonio Miranda



 

 

 

SOARES FEITOSA

De
Soares Feitosa
PSI, A PENÚLTIMA
Salvador: Papel em Branco, 1997
I9SBN 85-900248-2-2

 

 

Cumplicidade

 

         para Dora Ferreira da Silva, poeta.

 

 

Chamar pássaros

com alpiste de amá-los livres,

procuradores eles serão,

ad judïtia,

ad negotia,

pleni,

plenipotenciários,

procuradores meus,

asas livres aos meus azuis.

 

Eles me pousam os parapeitos:

uma sombra,

tem que haver uma sombra cúmplice:

seja de aproximar,

seja de chegar bem perto

— parece que é.

 

O que garante o medo

é o gesto das duas mãos,

as duas,

conchadas de pegar

em quase...

a alma do pássaro

 

-não, não:

"avoe, meu bichim",

que não lhe devo...

 

            A intimidade é sutil
                  (dos pássaros)
                   não só a deles:

                   é sutil

                   quando estremece
                   e pousa.

                            Sempre.



Salvador, noite leve, 16.1.96

 

 

Réquiem em Sol da Tarde

 

Grita, para ver se alguém te responde.

(Livro de Jó, 5, 1)

 

         Sim,

a porteira do caminho do rio

         ainda era a mesma.

,A direção do rio também;

         presumo não tenham mudado o rio.

 

         O benjamim,

disseram, morrera na seca do 93;

         arrancaram-no pelo tronco.

Não replantaram sombra,

         nem pássaro.

 

O banco de aroeira,

         racharam-no em lenha de fogo.

O curral das vacas,

         também.

 

O chiqueiro das ovelhas,

         À esquerda da casa,

e o dos bodes,

         à esquerda do das ovelhas,

sumiram todos.

 

         O batente da porta-da-frente,

 e abaixo dele outro batente,

         onde uma pedra,

com um caneco d'água

         lavei os pés,

ainda estão lá,

         os batentes;

 

e nos batentes também estavam

         meus rastros em riscos de fogo,
que continuam.

 

         Os canários amarelos,

os mofumbos florados,

         não os vi;

 

nem flor...

         que também não vi.

 

         Os armadores da rede,

na sala-da-frente, sim,

         estavam no logar,

parecem,

 

outra vez prontos para rangir.

 

         E daquelas pessoas,

quando perguntei por elas,

         fizeram-me um gesto distante.

 

         Perguntei por mim;

ninguém sabia quem era.

 

         Eu disse:

é um conhecido meu que gostava muito

         daqui.

 

         Perguntaram-me quem eu era.

Um amigo, disse,

         e fiz um gesto

ao tempo.

 

Ficaram sentidos por não saberem

         nem de mim, nem do "outro".

 

Um menino pequeno começou a chorar,

          lá dentro.

 

A mãe correu

         para acudir.

 

Despedi-me

         sem dizer palavra.

 

 

 

Salvador, boca da noite, 14.5.95

 

 

 

 

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO  ESTADO DO MARANHÃO.   Dilercy Adler, org. São Luis: Estação  Produções Ltda, 1998.  108 p.  Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil        Ex. bibl. Antonio Miranda 

 

        CHAMA    

 

             Essa chuva me molha depois... E, depois, outro
percurso úmido de uma brasa que não seca chama a vida.
Chama mais de mais jeitos de umidade, antes que a
saudade não possa de querer; antes que a vontade não possa
mais de tanto ser.
Chama que venha e se instale sem escapar desse sonho.
Chama que venha a que, também, às vezes, finja-se por
um fio e que seja, depois, feito tocha entre árvores em noite
de ventania.
Chama de tocha, então, esse sentir que não estanca.
Chama de chama, então, essa entrega que molha,
depois, esse percurso de chuva.

 

Edição (em gráfica caseira) de Edson Guedes de Moraes – Jaboatão dos Guararapes – Pernambuco.



 

 

Página publicada em janeiro de 2010; ampliada em agosto de 2016. Página ampliada em outubro de 2019

 

 

 

Voltar para a página do Ceará Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar