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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OTACÍLIO DE AZEVEDO

OTACÍLIO DE AZEVEDO


 (Redenção, 11 de fevereiro de 1892 — Fortaleza, 3 de Abril de 1978) foi um pintor, desenhista e poeta brasileiro membro da Academia Cearense de Letras e fundador da Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia.

Nasceu na zona rural de Redenção e foi morar em Fortaleza no ano de 1910, aos 14 anos. Começou nas artes plásticas como pintor de tabuletas de cinemas e de letreiros de lojas. Trabalhou na loja Fotografia N. Olsen onde teve oportunidade de conhecer artistas plásticos e escritores cearenses da época, como Ramos Cotoco, Gérson Faria, Clóvis Costa, Paula Barros, Herman Lima, Quintino Cunha e muitos outros mais. A partir de então começou a desenvolver suas habilidades como pintor e poeta.

Participou, juntamente com outros nomes cearenses, do Salão Regional realizado em Fortaleza no ano de 1924. Fundou em 1934 com Gérson Faria, Pretextato Bezerra e Clóvis Costa o primeiro ateliê de pintura na cidade. Figurou como sócio fundador do Centro Cultural de Belas Artes (CCBA) que tornou-se a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), chegando a ser eleito vice-presidente da SCAP e participou dos I, II e III Salões Cearenses de Pintura (Fortaleza - 1941, 1942 e 1944) e de vários Salões de Abril.

Além de paisagista, Otacílio de Azevedo era grande retratista, sendo de sua autoria uma boa parte dos retratos dos governadores do Estado do Ceará expostos em palácio. É autor da obra Fortaleza Descalça, na qual apresenta traços biográficos dos artistas e escritores de sua época.

Obras: Dentro do Passado - 1916; Alma Ansiosa - 1918; Musa Risonha - 1920; Sugestão do Luar - 1921; Réstia de Sol - 1942; Redenção - 1944; Desolação 1947; Últimos Poemas - 1958; A origem da Lua - 1960; Adágios, Meisinhas e Superstições - 1966; Fortaleza Descalça - 1980 e Trigo sem joio - 1986. Fonte:
http://pt.wikipedia.org

 

MORRER

 

Morrer... fechar de leve as pálpebras sombrias,

das mortas ilusões no eterno anoitecer,

sentir da morte as mãos como lâminas frias

de invisíveis punhais! Volver ao pó... Morrer!

 

Nunca mais te beijar as claras mãos macias

e nunca mais amar, nem ser amado, e ser

transformado o meu corpo — e em tão céleres dias!

— em lama, em cinza, em poeira e nunca mais viver!

 

Podem brilhar no azul miríades de estrelas

e a terra rebentar num turbilhão de flores;

que importa se já morto eu não poderei vê-las!

 

Pode o mundo rolar numa explosão medonha,

pois não pode sentir pesares nem dulçores

quem não vive, quem não medita, quem não sonha!

 

 

ÚLTIMA PAGINA

 

         A José Albano

 

Como o viajor que em meio do deserto

encontra, ao pôr do sol, plácido abrigo,

— repouso, agora, solitário, certo

de que só mágoas dormirão comigo...

 

Meu coração — tristíssimo jazigo

de mil sombras de angústia hoje referto

fechou das ilusões o áureo postigo

depois que para o amor foi todo aberto!

 

Preso à teia de aranha da saudade

o que mais me tortura o vão sentido

e de amarguras o meu peito invade

 

é o remorso cruel de haver mentido:

— pois se do amor cantei mais da metade

metade não cantei do que hei sofrido...

 

 

DESILUSÃO

 

Meu verso é um lago onde erram, doloridas,

à hora em que a luz do sol morre em palores,

sombras de árvores velhas, esquecidas,

que morreram sem frutos e sem flores.

 

No apagado cristal em que, diluídas,

se debruçam, tristonhas e incolores,

semelham, no ermo espelho refletidas,

passadas ilusões de meus amores...

 

Mal sabeis vós que o lago nunca estanque

de que vos falo é o doloroso tanque

do pranto amargo que fazeis verter

 

todo o meu coração desiludido,

neste inferno de amor incompreendido

que se eterniza no meu próprio ser!

 

 

 

 

SONETOS V.2.  Jaboatão, PE: Editora Guararapes EGM, s.d    p. 151-302. 16,5 x 11 cm.  ilus. col.  Editor Edson Guedes de Moraes.  Inclui poetas brasileiros e de outras nacionalidades. Edição artesanal, tiragem limitada. 
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

                O BEIJO NA TREVA

 

       Noite. Plange, convulsa, a harpa do vento. A terra
dorme. O espaço, lá fora, é tempestuoso, escuro...
Nem sequer uma estrela, as pálpebras descerra,
se as pálpebras descerro e uma estrela procuro...

        É nesta hora de amor que me ajoelho e murmuro
doce nome de alguém, que, entre saudades, erra...
Surge, indiciando ao sol de seu sorriso puro,
áurea visão de luz que só perfume encerra!

        Abro-lhe os braços! Vem... E o seu cabelo loiro
deixa ver através de uma neblina de oiro
todo o seu corpo em flor que de alma luar se neva.

        Mas se tento oscular-lhe o alvo colo macio,
foge, e eu sinto, tristonho, abandonado e frio,
o meu beijo rolar na solidão da treva.

 

       O CATA-VENTO

 

 

 Alto, de frente ao revoltoso oceano,  
e exposto à eterna rispidez do vento,                                   
levanta-se ao prestígio soberano                                  
dos músculos de ferro, o cata-vento.

 

Pulse-lhe a vida a cada movimento                               
e  parece oxidar-lhe o desengano,
quando se lhe transforma num lamento
todo o seu vão clamor, vezes humano.

 

 Pregado ao solo, numa infinda mágoa,
de mil sonhos, talvez, sobre os escombros,
chora, enchendo de pranto a caixa d’água...

        É que ele, preso à angústia de existir,

        sente a revolta de suster, aos ombros,

        asas de ferro, e não poder subir!"

 

 

 

        CARRO DE BOIS

 

Rodam, tardas, gemendo, as rodas, arrastando

os pesados pranchões de pau-d´arco. Angustiado

ora altivo e roufenho, ora moroso e brando,

todo carro de bois é um soluço abafado...

 

A hora viúva e glacial do crepúsculo quando

o sol desce, o seu canto é tão doce e magoado

que ora nos prende à terra, ora nos vai levando

na asa de oiro de sonho a um longínquo passado.

 

Choram, tristes, à frente, os bois mortos de sono...

Há uma vaga tristeza, uma ansiedade em tudo

e a paisagem dir-se-ia um pôr-de-sol, no outono...

 

Oh! Natureza — Mãe! Sei quanto sofres, pois

vejo, ansioso, rolar todo o teu pranto mudo

pelos bons olhos melancólicos dos bois.

 

 

 

REBELDIA (I)

 

Sê o reverso de mim que, o descoberto,
vaga a nau dos humildes, frágua a frágua,
aos caprichos brutais do vento incerto,
sobre um mar de aflição, que não deságua.

 

Se encontrares alguém  pelo deserto,
morrendo, ao sol, por débil gota d´água
se a tiveres, derrama-a que, estou certo,
pouparás no futuro eterna mágoa!

 

Fecha os olhos e o ouvido à angústia alheia,
que em teu peito rebelde e causticante,
negra aranha do mal distenda a teia!

 

Ao contrário, teu mal será atão fundo,
que hás de morrer amaldiçoando o instante
em que abriste os teus olhos neste mundo!

 

 

 

 

TROVAS 5 - [Seleção de Edson Guedes de Morais]  Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2013.  5 v.  17x12 cm.  edição artesanal, capa plástica e espiralada. 
                                                          Ex. bibl. Antonio Miranda








 

 

 

 

 

Página publicada em agosto de 2010; ampliada em dezembro de 2019.

 

 

 

 

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