| 
                   
                 NONATO FREITAS 
                  
                Jornalista, poeta, pesquisador, nasceu no Ceará, morou em Teresina (PI) e  se radicou em Brasília (DF). Graduado em Letras e Literatura Portuguesa e  pós-graduado em Literatura Brasileira pela Universidade Católica de Brasília. É  coautor, com José Américo de Almeida, do prefácio da Antologia Ilustrada dos  Cantadores (1976). Nonato é idealizador e  coautor do documentário da TV Senado sobre Orlando Tejo, autor do clássico Zé  Limeira, Poeta do Absurdo. Aliás, há quem assegura que Zé Limeira é uma ficção  de Orlando Tejo. Nonato Freitas tem vários livros inéditos. 
                  
                  
                  
                TEXTO EM PORTUGUÊS   -    TEXTO EN ESPAÑOL 
                  
                
                LINGUAGENS – LENGUAGENES /Edição bilíngue Português /  Español.  organização  Menezes y Morais; tradução Carlos Saiz Alvarez, Maria Florencia Benítez, Lua de  Moraes, Menezes y Morais e Paulo Lima..    Brasília, SD: Trampolim, 2018. 190 p. (7ª. coletânea do Coletivo de  poetas) ISBN 978-85-5325—035-6.    Ex.  bibl. Antonio Miranda 
                  
                DE BOMBAS & GIRASSÓIS 
                  
                  
                ...Y por que em vez das orquídeas e begónias, que até  ontem 
estalavam em delírios pelos campos, vicejam agora no coração 
                  dos homens os taciturnos junquilhos? 
                  
                Por que no lugar das bromélias e crisântemos  
                  nasceram jacintos onde outrora,  
                  nas manhãs de sol, o realejo dos pintassilgos 
                  vinha triturar de gozo o céu de nossos devaneio? 
                  
                Em que abismo se despetalou aquela pervinca sagrada  
                  onde ao seu lado sonhamos tocar a catedral dourada dos amantes? 
                Ah! que dias trevosos os de agora,  
                  em que não podemos falar de flores. 
                  
                Os tinidos das balas arrebentaram os nossos tímpanos,  
                  por isso não ouvimos mais o solfejar dos pássaros.  
                  A fumaça das bombas entupiu as nossas narinas, 
                  por isso não exalamos mais o cheiro das goiabas  
                  que nossos pais plantavam em nossos quintais. 
                  
                As chaminés do egoísmo envenenaram de tédio as nossas  
                  mentes, por isso não enxergamos mais as violetas e as dálias incendiadas de  viço nas manhãs de domingo. 
                  
                Mas eu não desistirei. Não resistirei à beleza dos  girassóis 
                nem ao canto dos sabiás. 
                Os abalos sísmicos cometidos pelas hienas 
                e ratazanas terão seu dia de juízo. 
                Já escuto, aqui da minha taberna, o João-Corta-Pau, 
                ígneo olhar de Têmis, entocaiadinho, 
                no fundo do taquaral, 
                a tocar as trombetas do Apocalipse!... 
                  
                  
                TEXTO EN ESPAÑOL 
                  
                Periodista, poeta e investigador, nació  en Ceará, residió en Teresina (Piauí) y se radicó en Brasilia (Distrito  Federal). Licenciado en Letras y Literatura Portuguesa y con una  postgraduación en Literatura Brasileña por la Universidad Católica de Brasilia.  Es coautor, junto con José Américo de Almeida, del prefacio de la Antología Ilustrada dos  Cantadores (1976). Nonato es  idealizador y coautor del documental de la TV Senado sobre Orlando Tejo, autor  del clásico Zé Limeira, Poeta do Absurdo. Por cierto, hay quien asegura que Zé  Limeira es una invención de Orlando Tejo. Nonato Freitas tiene varios libros  inéditos. 
                  
                  
                DE BOMBAS &  GIRASOLES  
                ...Y ¿por qué en vez de las orquídeas y begonias, que hasta ayer 
                reventaban en delirios  por los campos, brotan ahora 
                en el corazón de los  hombres los taciturnos narcisos? 
                ¿Por qué en lugar de  las bromelias y crisantemos 
                nacieron jacintos donde  antaño, 
                en las mañanas de sol,  el realejo de los jilgueros 
                venía a exprimirse de  gozo el cielo nuestros devaneos? 
                ¿En qué abismo se  deshojó aquella pervinca sagrada 
                  si a su lado soñamos  tocar la catedral dorada de los amantes? 
                  ¡Ah! que días  tenebrosos los de ahora, 
                  en lo que no podemos  hablar de las flores. 
                    
                Los silbidos de las  balas reventarán nuestros tímpanos, 
                  por eso no oímos más el  gorjeo de los pájaros. 
                  La humareda de las  bombas taponó nuestras narices, 
                  por eso no exhala más  el olor de las guayabas 
                  que nuestros padres  plantaban en los patios. 
                    
                Las chimeneas del  egoísmo envenenaron de tedio nuestras  
                  mentes, por eso no divisamos más las  violetas ni las dalias in 
                  cendiadas de lozanía las mañanas de domingo. 
                  
                Pero yo no desistiré.  No me resistiré a la belleza de los girasoles 
                ni al canto de los  zorzales 
                Las sacudidas sísmicas  cometidas por las hienas 
                y las ratas tendrán su  juicio en su día. 
                Ya escucho, aquí desde  mi covacha, al atajacaminos, 
                ígnea mirada de Temis,  camuflado, 
                bien dentro del  tacuaral, 
                ¡tocando las trompetas  del Apocalipsis!... 
                  
                  
                  
                Página  publicada em janeiro de 2020 
                   |