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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

ELIARDO FARIAS

 

 

Nasceu no Ceará, onde foi secretário do Jornal literário “José”. Retirou-se da vida literária e civil em 1951.

 

 

 

A NOVA POESIA BRASILEIRA. Organizado por Alberto da Costa e Silva.  Lisboa, Portugal: Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil em Lisboa, 1960.  291 p.  19 x 27 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

 

POEMA

 

 

Os olhos da prostituta estão me perseguindo

E parecem-me grandes lágrimas latejando na noite triste

Na noite triste... Os olhos da prostituta adolescente, irmão!

Da prostituta quase menina perdida no tanque.

Eles são belos e enormes, inocentes e obcenos:

Flautas quebradas, fetos de jardins,

Lírio embrionário, estrangulada manhã.

São do tamanho do sobrado antigo, do céu do poeta,

Do tamanho de sua dor

E estão me perseguindo por toda a parte,

onde quer que me encontre.

Multiplicam-se com o desespero de úlceras

No corpo leproso do sonho.

Multiplicam-se na lâmpada e no anel,

No horizonte e na escultura, latejando!

Olhos evadidos dos corpos. Me perseguindo!

(Rosas desconhecidas. Simplesmente rosas.)

Ressuscitai Van Gogh e conquistai a vida real!

Os olhos da prostituta adolescente. Só os olhos.

 

 

 

                                    in «Revista Branca», n.° II

 

  

CAPTAÇÃO DA ESSÊNCIA

 

A Durval Aires.

 

        

 

Montado numa canção cabelos invejando pássaros
pela rua vou.

Lojas abertas panochapéus

eis a multidão a mim tudo dizendo.

Ouço a multidão. Dela recebo o ejlúvio,

o conselho, a experiência.

Com a multidão converso em mudo solilóquio.

Sonho pelos bairros o grande abraço.

Encontro o amigo liberto já estou do letal mutismo.

Amigo és mesmo um Poeta!

Foste camponês, foste soldado, mas és um Poeta!

E agora estás rindo comigo pelas vielas.

Comigo sentiste a fascinação do ventilador

comigo ficaste longo tempo a olhar quadros em abril

— ó animalescas mulheres de Floriano:

ó vacas ó jumentas. Mas ó admiráveis mulheres

que tendes uma personalidade, que sois diferentes.

 

Amigo o meu adolescente bigode

o sapato alto que ela usa pela primeira vez.

Ela que é bela e que é fútil.

Fútil, fútil, fútil. Mas bela.

És tão alegre. Não sofres do fígado?

Estou pensando no bombeiro

no bombeiro que viu o fogo e virou génio.

Acaso não sabes da canção feita de génio e fogo?

Sou assim amigo. Penso nos guerrilheiros

que morrem fuzilados. Pelas manhãs fuzilados,

pelas noites fuzilados, fuzilados, fuzilados.

Penso nas mulheres fantasmas deitadas nas estradas

fazendo parar as locomotivas trazidas pelos traidores

da greve. Não são mulheres fantasmas, são mulheres heróicas.

Não estás arrepiado amigo?

 

Sim lembro-me de que te chamei a atenção

para o gazeteirinho do rosto sujo. Ouves agora a voz

do menino que canta canções populares por um pedaço de pão.

 

Na noite pintámos poemas

nossas vozes, nossos corações ^

se aclamaram pelas calçadas e

tinham a forma de letras de alcatrão.

Depois a prisão. Era a mais alegre.

Es contra a poesia hermética?

Está certo não briguemos mais.

Nesta praia amigos silenciosos aprofundaram cristais.

 

Aqui sonharei vendo os veleiros.

 

 

                                                         in  Cla», n." 10

 

 

 

Página publicada em março de 2020


 

 

 
 
 
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