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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

LIBERATO BARRETO

 

LIBERATO JOSÉ DE MIRANDA BARRETO, filho de José de Miranda Barreto e d. Maria de Araújo Barreto, nasceu na fazenda Ferrugem, município de Novo Mundo, no Estado da Bahia, a 1.° de novembro de 1907.


Exerceu o magistério particular e foi secretário da Prefeitura Municipal de Morro do Chapéu. Escrivão, por concurso, do foro de Jacobina, e depois, escriturário da Caixa Económica em S. Félix. Publicou numerosas poesias em jornais e revistas de seu Estado natal e n'0 Malho» da Capital Federal. Faleceu a 9 de novembro de 1944.

 

 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p. 
15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda
 

 

RIO   DO OURO

 

 

De um lado e de outro

serras, montanhas, despenhadeiros

alcantilados e majestosos;

bocainas, cortes e grupiaras;

rochas erguidas como castelos

de parapeitos intransponíveis,

pedras chanfradas,

pedras talhadas

nuas, gritantes

na rigidez das arestas,

na acuidade dos vértices

múltiplos, multimodos, fatais...

lembrando, aquelas, gumes de alfanges

e êsses lembrando, claros, faiscantes,

pontas agudas de punhais;

pedras vestidas de limo e líquen

e outras, de musgos, de formas, cores

variegadas e caprichosas;

flores singelas, multifárias, perfumosas

e um verde imenso, forte, vibrante,

palpita em tudo e ao sol cintila...

parece mesmo que o chão, que a terra,

também tem vida de clorofila.

E entre isso tudo corre, sonoro,

plácido, quérulo, transparente,

de águas douradas como um tesouro

sôbre pedrinhas e areias fulvas,

o rio do Ouro!

 

Rio do Ouro!

quanta história na tua história!

Quanta riqueza desconhecida!

Quanta beleza incompreendida

no teu correr, na tua vida!...

Quantas vezes, ó rio amigo,

não deste beijos longos, silentes,

nos seios virgens, rijos, ardentes,

das mais belas virgens paiaiases!

E quantas vezes as tuas águas,

sob os luares, marulhantes,

não escutaram a endecha, as mágoas,

as nostalgias dos bandeirantes!...

Tempos distantes, muito distantes...

quando o Brasil era pequeno,

se é que pequenos nascem os gigantes.

E quantas vezes não contemplaste

o garimpeiro cheio de sonhos,

dorso vergado, suando, luzindo,

sob a adustão do sol de estio...

braços hercúleos, pernas retesas

no jigajoga quotidiano

dos carumbés e das bateias...

o garimpeiro audaz, vindo de longe

para rasgar o coração da terra,

arrancando a ganga, do cascalho,

ouro a granel, ouro a mancheias!

Tempos distantes... tudo morreu!

Só tu ficaste, cantando sempre,

gemendo sempre,

como se fôsse a alma do passado

que arrastasse sobre areias.

 

Rio do Ouro!

Passas correndo,

corres rolando,

rolas levando

mais de trezentos anos de labor

e as bagas de suor de muitas gerações

vertidas no teu seio,

e os sorrisos e os sonhos e as riquezas.

e as lágrimas, quem sabe?

Choradas sobre ti, murmuro veio!

Tudo... tudo morreu!

E tu sempre a cantar!

E tu sempre a correr!

Calmo, doce, tranquilo, no verão;

borbulhante, a gemer, nas trovoadas;

no mato, entre pedreiras e montanhas,

na cidade, ao vozear dos aguaceiros,

das lavadeiras,

entre o cimento das balaustradas.

 

Rio do Ouro!

És humilde e pequenino...

Rio menino que brinca com os meninos...

mas tens toda a grandeza deste mundo!

E se não tens o relevo que mereces,

é somente porque

não tens perau, arrecife, nem esconso,

nem pororocas, nem vitórias-régias,

nem cachoeiras de Paulo Afonso!

Mas eu gosto de ti, porque, além de tudo mais,

tu me enches as horas de cismar,

e porque, sem seres poeta, rio do Ouro!

sabes gemer, sabes cantar.

 

 

Página publicada em dezembro de 2019

 


 

 

 
 
 
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