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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOÃO DE MORAES FILHO

JOÃO DE MORAES FILHO


(Salvador, 1977) é poeta, professor de literatura, gestor cultural, co-fundador da Casa de Barro Ações Culturais, onde coordena a Oficina de Investigação e Criação Literária Poesia Ouvida e o Caruru dos Sete Poetas. Em 2004,recebeu o Prêmio Braskem de Cultura e Arte para autores inéditos pela Fundação Casa de Jorge Amado, com o livro de poesia Pedro. Retorcida. Representa no Brasil o Festival

Internacional de Poesia de Cartagena de Índias, Colômbia e administra os blogs

"joaodemoraesfilho.blogspot.com" e "póesiaouvida".

 

 

Portuário

        

                   à Teresa Parias

 

Nada jamais continua

Tudo vai recomeçar.

Mario Quintana

 

Tudo faz do tempo criança,

sorrindo. Nada impera

ou recria por trás da janela.

 

Acreditar no tempo é colher jardins.

 

Tempo fechado nos olhos;

sobrevive ao fogo, corre

nos quintais e nada espera.

 

 

NESSE NINHO, NESSE NINHO TEM UM ANJO...

 

 

Verei, veremos, um dia,

Que a vida é vento...

 

E que somos cisco,

E que ninguém

Nos pega pelo bico...

 

Que só há ar em volta....

Nada além disso.

 

Mayrant Gallo

 

 

uma lata

resume a criança

esquecida sob o viaduto.

 

numa lata, um soluço

engasgado de quem sorri

escancarado e sem atenção

 

nessa rua chuvosa.

uma lata, estrume e criança.

escuta. Ela Chora.

 

chuva, pega essa criança

que parece uma careta.

brincadeira de ciranda

 

se refaz em lágrimas,

e chove. Ela chora, escuta.

uma lata esquecida sob o viaduto.

 

escancarada e sem atenção.

 

 

EM NOME DOS RAIOS


                   A Oya Balé


a chuva escorre.
leva canoas disfarçadas de palitos de fósforo
à esquina, por onde vai o canto do passeio.

deságua nas panelas suas melodias
caídas do telhado, batucando
um samba doido com os trovões.

chove. espelhos e santos
cobertos com pano branco
e tradição. a chuva enfraquece;

não seremos punidos. o canto,
santo remédio curador do silêncio,
assusta a maldição, o vento

descobre os embuços...

partiu a chuva com os passos
daquela nuvem
inscrita nas rugas,

e a imagem e a semelhança
perdidas em algum céu.

 

 

ORAÇÃO PARA NOSSA SENHORA DA GOTA D’ÁGUA


nos olhos
mudos,

o
lixo
goteja
surdo.

preso
na chuva
do céu.
– meu divino São José!

o
bicho
deseja
tudo,

o
bico
fareja
mudo
– meu divino São José!

 

 

Antes do Silencio

 

                   para Jotacé Freitas

 

O céu laranja no fim do dia

esquece o suor

do preto desse café,

tão esperado na chuva do sertão.

 

Homens rasgam a terra

traçada em nossas mãos

e cismam que aquela raiz

vingue a outra estação.

 

Soluça um menino calado,

entre nuvens, azul de tome,

 

despeja lágrimas suficientes

na cara do roçador

como areia presa na ampulheta,

 

escorrendo tempo certo

em cada lampejo esperado.

Mais um dia... de tarde,

 

pássaros estalam rezas

a todos os Santos e Silvas,

a quem o Rosário entrega

 

calendários, profissões diárias

e decisão divina. E a tarde

continua pela noite,

 

sonolenta, de brilho fosco.

Tudo é um embaçamento da retina,

do não inquieto da mulher que passa

 

abraçada e desfruta a fruta podre

caída da árvore da verdade

que se deixa existir.

 

 

 

Extraídos de
XXI POETAS DE HOJE EM DIA(NTE)
organizado por Priscila Lopes e Aline Gallina
Florianópolis: Letras Contemporâneas,2009.  157 p.
ISBN 978-85-7662-044-0

Página publicada em junho de 2009

 


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