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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

FERNANDO BATINGA DE MENDONÇA

 

 

 

Fernando Batinga de Mendonça: Salvador (BA), 13.09.1943- Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia.

Em 1966, publica seu primeiro livro de poemas, Convocação da Palavra, com apresentação de Ildásio Tavares. Em outro livro seu, Lucas Dantas, o violeiro (com duas edições clandestinas: a 1a de 1966 e a 2a de 1968), conta, em cordel, três histórias do cacau.

Em 1977, no exílio, recebe uma carta de Nelson Werneck Sodré

comentando seu então publicado livro de ficções Viagem ao Mundalucinado deste Agora — Testemunho Fantástico: "Tem a tristeza do exílio e guarda as marcas de tudo aquilo que você assistiu e de que participou, e isso tudo não foi pouco. (...) testemunho importante de uma época, a nossa época, nesta amargurada América Latina, cujos sofrimentos nos fazem irmãos". E encerra: "não considere protocolares estas palavras".

Em 1978, escreve-lhe Carlos Drummond de Andrade, comentando o mesmo livro: "uma das leituras mais vivas para mim, nos últimos tempos. Vivas e impressionantes". Ficcionista, ensaísta, dramaturgo, tradutor.

 

 

A PAIXÃO PREMEDITADA: Poesia da Geração 60 na Bahia.  Org. Simone Lopes Pontes  Tavares.  Rio de Janeiro: Imago; Salvador, BA: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2000.  368 p.     (Bahia: Prosa e Poesia)  ISBN 85-312-0737-1  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

SONETO RURAL

 

trago medo amargo travo

dos cajus precipitados

que o tempo projetou

fora dele, separado.

tenho medo que amanheça

sem a luz e sem o grito

pela noite antecipado

pelo rosto percorrido.

tenho medo das estradas

pela ponte interrompidas.

onde as águas, onde as pedras?

abeirando o precipício.

 

tenho medo que amanheças

sem o sono dos meus olhos.

                          

CONTEMPLAÇÃO DOS ABISMOS

          Para Osvaldo Sampaio

 

navego pelo silêncio
ao outro porto do lado
distância que vai de mim
ao outro rosto ancorado.

navego pelos abismos
dissolvendo geografias
ao longe, no fim da tarde
exílio longo dos dias.


navegasse pelo abismo
e tudo se acabaria.

 

INFÂNCIA
(fragmento)


e rompo de repente
o tenso véu e denso
emerjo à flor do lixo:

e luto com os mendigos
na luta envelhecida
das coisas esquecidas
ferrugem pó e vidro.

e assim pelos monturos
recolho e participo
pedaços de objetos
brinquedos que fabrico

reinando neste reino

que faço e me detrito.

 

[Canto de Amor e Guerra]

 

 

 

BREVE ROMANCEIRO DO NATAL no ano de mil novecentos e setenta e dois do      nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.   Salvador: Editora Beneditina Ltda, 1972.   ilus. s.p.   22,5x 30 cm.    Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

 

COMPOSIÇÃO DE MENINO

 

 

1.

no fundo da sala
seus dedos de arraia
indicam paredes,
não dizem palavras.

 

 

seus olhos escuros
transitam na sala,
bem dentro de mim
meninos, arraias.

 

 

2.

a infância operária
— em plena manhã,
compõe os brinquedos
achados no frio.

 

manhã operária
de cal e fumaça,
brinquedos achados
molhados de frio.

 

 

3.

à porta da casa
meninos espiam
os homens que passam
levando marmitas.

 

no mundo das latas
a simples comida,
tijolos, a máquina
de fogo aquecida.

 

no tempo operário
labor integral,
seus dedos explodem
os muros, a cal.

 

 

Página publicada em novembro de 2014.Ampliada e republicada em setembro de 2019.

 


 

 

 
 
 
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