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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



CARLOS BARBOSA

Carlos Barbosa nasceu em 1958 e  foi criado no interior da Bahia. Estudou o secundário no Colégio Central da Bahia e graduou-se em Jornalismo pela UFBA e em Direito pela UniCeub, do DF.Atuou nas áreas de Comunicação Social da Caixa Econômica Federal e do Ministério do Planejamento, em Brasília.   Escreveu letras de música, participou de festivais e teve seu primeiro conto premiado no Concurso de Contos do Jornal da Bahia, em 1977. É parceiro de Dominguinhos em duas canções.   Publicou “Água de Cacimba”, livro de poemas, em 1998. Teve o romance “A Dama do Velho Chico” publicado pela Bom Texto Editora, do Rio de Janeiro, em 2002. Em 2001, foi premiado pelo Ministério da Cultura no Concurso de Desenvolvimento de Roteiros, com o roteiro de  “A Dama do Velho Chico”.  

Poemas seus venceram o Festival de Poesia de Ibotirama, em 2003 e 2004. Participou das antologias “Poesia de Brasília” e “Contos Brasilienses”, em 2004. Teve poema premiado no Concurso de Poesia da Revista iararana, em 2004.


A  PLACA

 

placa presa ao poste

diz

proibido transitar carroça

por eixos e vias da capital federal

 

o cavalo mouco faz pelec-plec

aos motores e buzinas

a arrastar feixes de papel

 

o magrelo que o guia

ignora placa

e

xingamentos

 

desatende a placa

por desentender clamor

que não seja desespero

 

entende de fome

o olhar

desse homem

atento

ao lixo dos edifícios

 

a placa no poste

espelha

a capacidade de o homem

aplacar a fome

de forma oposta:

 

ao impedir o milagre

da multiplicação do lixo

em leite e pão

mata a fome

antes que seja exposta

a circular de carroça

 

 

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

 

tenho dúvidas

a quem interessar possa

 

tenho dúvidas

de manhã de tarde de noite

inda mais tarde da noite

 

tenho dúvidas

de tudo que posso

de um certo gosto tipo insosso

 

tenho dúvidas

porque tenho vocês

não peço sais e tanto faz

 

tenho dúvidas

tanto quanto desejos

-        disso não me pejo

 

ah, duvidosos beijos...

 

tenho dúvidas

como essência e certeza

escuro e clareza

e definição de beleza

 

tenho dúvidas

além de medo

        de peito

        de-feitos

e uma certa tara por viés

 

duvido

quando estou certo

de estar certo

ou de estar errado

 

tenho dúvidas de tudo que é lado

 

tenho dúvidas

assim como me repito

como me refaço

 

dúvidas de pano, papel e aço

 

a grosso e a granel

 

dúvidas antigas, amigas e a descobrir

 

tenho dúvidas, pô!

pra onde devo deslocar o sol, por exemplo

 

tenho dúvidas

a realizar

e a me realizar

 

concretas e moles

qualquer uma me bole

 

duvido deste poema

 

uso ou não uso trema?

 

tenho dúvidas

úmidas e secas

amargas e doces,

ávidas!

 

tenho dúvidas

como dívidas internas

 

adoro a possibilidade

de eu não dar certo


CENA DE RUA

À moda de Manuel Bandeira

dez horas da manhã

 

um homem arrasta-se na calçada

em frente ao prédio da reitoria

de cócoras

 

defeca

 

limpa-se com a mão direita

que esfrega em seguida numa poça d’água

 

no instante seguinte

o sinal abre para os carros

que fecham a cortina

do breve humano espetáculo


AS FONTES NOTURNAS

a noite possui a cidade

em leve meio tom

a cidade possui a noite

em cinco marchas

 

ambas possuem o encanto das fontes

desesperadamente cálidas

 

é quando a fome de lâminas afiadas

se apossa das bicas arfantes

que os cães fuçam raízes de begônias

(se é que existem begônias

na cidade e na noite)

para babar loucuras e mistérios

 

os mistérios da cidade rifados na noite

 

a cidade dança na noite

coreografias esfaimadas

correntes e punhais de felicidade

celebram paz

e esticam fraldas de dor nos varais

 

a noite é falsidade de anzóis

pós-do sol que se oferece tépido

assovio de enigmas a cada esquina

um fio invisível a costurar nós e sina

 

um silêncio de procissão nebula a praça

 

 

CINEMA MUDO

 

o mundo paira em superfícies falsas

alinhavadas de medo

 

de madrugada a meio

uma luz branco-azulada

treme de uma parede a outra da rua

 

o mundo, ali, suspenso

entre cordas desfiadas de desespero

 

falta um roçar de pneus

para que se inicie a dança dos postes

 

o asfalto benze a luz que o beija

 

ao fundo

esvai-se em angústia uma janela traída

 

um homem expecta um gato de sacanagem

 

babeaça insone

entre cílios gomados

um cão louquecido de expectativas

 

as dificuldades extremas do grito

enovelam-se também úmidas

entre lábios suspensos

 

em algum canto de página colegial

glórias banhadas em lavanda

apenas aguardam

 

ponteiros giram trôpegos

por nuvens de lama e bílis

 

emoções usam suspensórios

pouco elásticos

porém bem presos à garganta

da grande-angular que mira

 

minha esperança de acordar é frágil

 

O ESPELHO

 

de repente

soube

         ler nuvens

         ouvir pedras

         cantar silêncios

         sentir doçuras em farpas

 

de repente

não soube mais

         o caminho da pia

         o sentido das placas

         ligar a luz

         esperar

         rir

 

de repente

nada mais acontecia

tudo era um só espelho

e nele você me ardia

 
 

 

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