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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



POETAS DO AMAZONAS

Coordenação: Donaldo Mello  e  Inês Sarmet



Ilustração de Inês Sarmet

 


TENÓRIO TELLES

 

Tenório Nunes Telles de Menezes nasceu em Anori (AM) em 1963. Membro da Academia Amazonense de Letras, Professor de Literatura Brasileira, é formado em Letras e em Direito pela Universidade Federal do Amazonas. Coordenador editorial da Editora Valer, em Manaus - Am, a ele se poderia creditar em grande parte a tão intensa publicação literária daquela Editora, ainda tão pouco conhecida fora dos limites do Estado. Tenório é uma figura humana tão extraordinária que, se dedicando incansavelmente à promoção do livro e da leitura, pouco cuida quanto à publicação de seus próprios textos. Em 1988, publicou sua primeira reunião de poemas, Primeiros fragmentos:, e em 2004, a peça A Derrota do Mito. Lançou o CD Vida e luz  em parceria com o poeta Thiago de Mello.

 

O imenso amor aos livros e uma esperança silenciosa, cultivados pelo editor incansável, talvez venham ajudando Tenório Telles a cumprir humildemente a tarefa do poeta, tal como faz e também entendia Paul Valéry, dando-nos a sensação de união íntima entre a palavra e o espírito.

Quando magnificamente se aventura no texto teatral, Tenório resgata um determinado olhar do “poeta-narrador” que vê com frisson o deserto nas ruínas do poder: a derrota do mito. Uma memória que traz a imagem de civilizações destruídas. Algum sentido à visão do trágico e das lembranças como possível resposta à consciência consolante tão típica de Tenório. Quem sabe, sutil resposta da Musa ao poeta de que a sorte do homem neste vale de lágrimas é precária.

O sofrimento natural que todos padecem se são poetas, e que Tenório transmite em seus versos, se transfigura em um instrumento a serviço da luz, evocando as razões da existência e a inevitabilidade do destino.

Como músico autêntico dos seus peãs, Tenório é toda a música. Anunciando a angústia do aniquilamento que a fumaça do monte não cessa de avisar, parece nos dizer que, neste mundo tolo e soberbo, resta ao coração sentir e pensar. Um pensar que, como para Leopardi, seria aprender a morrer. Ou, também, um exercício de acreditar, olhos postos no mais Alto. Tocados pela fantasia e pelo devaneio na canção da esperança de Tenório Telles, edificante. Flanando libertos!

 DONALDO MELLO, em Brasília, na noite de 27 de março de 2006

 

  

Canção da esperança

 

Para Michele

 

Neste tempo desolado

de sonhos subtraídos

e utopias amortalhadas

- ergo este canto para celebrar

a esperança entressonhada

 

Neste tempo de partos sem flores

de silêncio e de almas violadas

- ergo este canto para celebrar

a semente que arde em luz.

 

Neste tempo de vidas fraturadas

de olhos imantados e corações ressecados

- ergo este canto para celebrar

a inocência e o brilho da infância.

 

Neste tempo de morte e de sombras

de guerras e de campos devastados

 - ergo este canto para celebrar

a vida e os que tombam pela liberdade

 

Contra toda desesperança

Contra toda cegueira e emudecimento

Contra toda indiferença

 

- Ergo este canto para celebrar

 a manhã. os rios

as florestas e seus enigmas

- Ergo este canto para celebrar

os pássaros - suas cores e cantos

as flores. o ser humano e a utopia

e também os olhos da amada.

 

É para vós

este canto de esperança

- que mesmo sendo pranto ­

se eleva como música luminosa.

 

É para vós

este canto de exaltação

- que floresça em vossos olhos

- que se faça verdade em vossas bocas

e nasça como verdade em nossas vidas. 

  

 


 

Salexistência

 

Salário

 

Sal

 

salga meus sonhos  

meus olhos

 

Sal

 

que fere

minhas chagas

salmouradas

salgada existência

 

A vida por um salário

salexistência

O sal da terra

salga-nos os ossos.

 

( De Primeiros fragmentos)

 

 

 

Destino

 

Para te saudar

a manhã luminosa

derrama sua torrente de cores

 

Fiapos áureos

são tecidos pelas horas

e o tempo com seu olhar fosforescente

esculpe teu rosto terno

 

A vida é uma tapeçaria

de acontecimentos

e circunstâncias cotidianas

 

Como um quadro

que se inscreve na memória

teus dias e destino se desenrolam

 

Nessa travessia

em que tudo se esvai

só a lembrança que guardo de ti

há de ficar - como a borboleta amarela

que pousava nos arbustos

que margeavam os caminhos da infância

 

Que possas levantar

as velas do teu barco

e que os ventos protetores

te conduzam para águas calmas

e possas cumprir tua geografia de sonhos

 

Esperarei o retorno de tuas viagens

as notícias de um tempo

feliz para o homem

os relatos dos teus triunfos

teu canto temperado pelo mar

e as dores purgadas sob o furor dos ventos

 

Que o teu destino se cumpra

e possas chegar à outra margem

onde encontrarás as miragens que te seduziam

 

E então saberás que estão em ti

os tesouros

que buscaste.

 

(Poemas transcritos de Poesia e Poetas do Amazonas, antologia publicada pela Editora Valer, Manaus, 2006, organizada por Tenório Telles e Marcos Frederico Krüger.)

 


POESIA SEMPRE. Ano 17. Número 34. Poesia híndi contemporânea.  Editor Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. 228  p.  No. 10 386
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA

 

        Busca

     
Navegante de mim mesmo:
       mar inconsútil de lembranças
       do que fui
       do que poderia ter sido
       do que sou

       Tudo o que perdi
       os sonhos da infância
       o pai não chegou ao porto
       as primeiras dores
       a descoberta da morte
       a descoberta da vida
       os seres encantados do rio
       os amores que não se cumpriram
       as flores que não se abriram
       os poemas, os livros que planejei
       a esperança que não floresceu
       os amigos que partiram
       tantas promessas perdidas

       O que não fui e perdi
       renasceu no que sou
       — matéria do meu canto
       flores do meu jardim

       Sou essas perdas
                   esses sonhos inconclusos
                   esses amores partidos
                   esses poemas sem voz
                   esses livros sem história

        Sou esse mar e seus náufragos
        Sou esse céu sem estrelas
        Sou esse deserto florido.

 

 

        Utopia

        Rios mares viajei
        — o desconhecido e a distância
        eram as miragens que me moviam.

        Não encontrei os tesouros que buscava.
        Tampouco cheguei à cidadela do sonho,
        à ilha da fraternidade.

        Por onde passei
       
— nos lugares mais longínquos —
        meus olhos esmaeceram ante a calamidade.

         Em todas as ilhas,
         em todas as cidades
         havia agitação e medo
         — a liberdade era um sonho,
         um fruto gerado no ventre
         da mais ensandecida e fria noite.

         Como loucos — todos sem território —
         os homens caminhavam no deserto,
         também nos portos
         em que atraquei meu barco
         — nau de sonhos e esperança —
         não encontrei olhares chamejantes,
         as bocas hirtas estavam,
         sem eco os ouvidos.

         Os rostos eram dias sem sol.
         Silenciosos e indiferentes
         os homens fugiam do porto
         — tinham medo do mar
         e da liberdade de seu infinito.

         Mas agora era a margem
         — por isso naufragaram
         nas águas temerárias
         e invisíveis do cotidiano
         — teia de ilusões se morte.

         Quando empreendia a última viagem
         — por um estranho afluente
         daquele mar de náufragos
         — ao longe estranha e desconhecida ilha
         aflorou da distância e do vazio dos meus
                                                           olhos:
          as vagas me levaram a um porto de
                                                águas negras
          — estranho jardim de jacintos e vitórias-
                                                           régias.

          O pássaro de fogo incendiava a manhã
          e ao despertar estava ancorado
          nas margens do teu corpo.

 

*
VEJA e LEIA outros poetas do AMAZONAS em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/amazonas/amazonas.html
Página publicada em junho de 2025.


         
         



 


 

 

 
 
 
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