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NARCISO LOBO

(1949-2009)

Narciso Júlio Freire Lobo nasceu no dia 17 de outubro de 1949.

Texto extraído de http://www.ncpam.com.br/?view=sidebar:

Narciso Lobo, foi docente do curso de Comunicação Social, do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Foi chefe do Departamento de Comunicação Social, pró-reitor de Assuntos Comunitários e presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA).

Graduou-se, em 1977, em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense. Em 1981, na UFAM, concluiu especialização em Psicologia do Ensino/Aprendizagem, mestrado em Cinema pela Universidade de São Paulo (USP), em 1987, e doutorado em Ciências da Comunicação, em 1997.

Foi membro efetivo da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Autor de Tônica da descontinuidade: cinema e política no Amazonas (1994); Ficção e política: o Brasil nas minisséries (2000), dentre outros, além de textos publicados em revistas acadêmicas e jornais.

O Coordenador do NCPAM, professor Ademir Ramos lembra também que, em 1978, Narciso Lobo integrou a equipe do Jornal Porantim, em defesa da Causa Indígena, quando juntos editavam o jornal do Conselho Indigenista Missionário (CIMI - Norte I) em forma de tabloide, denunciando a destruição da floresta e de seus ecossistemas em favor das Estradas e dos mega projetos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), o que feria de morte os povos indígenas da Amazônia.

 

 APRENDENDO A VER

 

I

      rataplan
pedrinho vai mudar de casa
maria clara também
zezinho também

pedrinho tá triste pelos amigos
maria clara não
zezinho também não

mãe pai chico tião
“novos amigos” “nova casa” “nova rua”
pedrinho triste

pan pararan pan pan      

 

 

II

Pedro Pedrinho Padroca
dona maria clara
sêo Zezinho: “bons dias”
pan pararan Pedrinho CPF-INPS-FGTS
guerra fria morte do papa joão 23 golpe

— Upa cavalinho! Upa! Upa! Como vai Pedrinho?


III

Pedrinho soletrou mun-do
Pedrinho soletro mu-do
Pedrinho mudou de casa
Pedrinho mudou de rumo

     (De Ebulição da escrivatura – 1978)

 

BOATOS SOBRE A FELICIDADE

 

N`algum lugar,
Dizem que na terra de Maikovski,
Existe um povoado onde todos são felizes,
Dizem...
Que num distante local da selva amazônica
vive um povo
misterioso e único
(que nunca teve qualquer contato com a chamada civilização)
Que também conhece a felicidade e que este encanto
Acabará no dia em que ali chegar o primeiro homem dito
civilizado.
Dizem também, outros que alegam tudo saber,
Que o homem nunca foi feliz e nem nunca o será.
Dizem outros que existe o céu, outros mais,
Que o céu é na terra.
O certo é que em todos os países homens procuram
Felicidade
Por insólitos caminhos e diferentes razões
No Campo
Na Cidade
Nos Amontoados
Nos Ônibus Superlotados.
Se na terra de Maiakoviski havia felicidade
Não sabemos. Ele se suicidou.
Quanto ao povo encravado num distante local
Da selva amazônica, o Governo já definiu:
Vai localizá-lo e integrá-lo à nossa civilização.

(De Aió - 1990)                          

Página publicada em janeiro de 2020