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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ROSALVO ACIOLI JÚNIOR


Rosalvo Acioli Júnior (1955), Maceió, capital do Estado de Alagoas, Brasil, é poeta, escritor, ensaísta, crítico literário e tradutor. Graduou-se em Direito pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC) e em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). 

Estreou na literatura brasileira com o livro Sonhos Imaginários (Poesia), publicado pela Editora Global, São Paulo, em 1984. A obra foi indicada ao Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Poesia em 1985, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), e ao Prêmio Olavo Bilac de Melhor Livro de Poesia em 1986, promovido pela Academia Brasileira de Letras (CBL).  

Em 1987, publicou Maceió (Poesia), Editora Senha, Maceió. Em 1988, publicou ensaio e co-organizou o livro Jornal de Alagoas – 80 Anos, (Ensaios) Editora Escopo, Brasília. Em 1989, fundou e editou dois números do jornal de literatura Página Aberta, distribuído no meio literário nacional e internacional.

Foi selecionado e incluído na Antologia da Nova Poesia Brasileira, organização, seleção, notas e apresentação de Olga Savary, publicada em 1992 pela Fundação Rio / Rio Arte, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Editora Hipocampo, Rio de Janeiro. 

A poesia de Rosalvo Acioli Júnior mereceu opiniões dos críticos e ensaístas Gilberto Mendonça Teles, Luciana Stegagno Picchio, Reynaldo Bairão, João Manuel Simões, José Paulo Paes e Paulo Rónai, e dos poetas Lêdo Ivo, Márcio Catunda, Ferreira Gullar e João Cabral de Melo Neto, entre outros escritores.  

Atualmente, Rosalvo Acioli Júnior edita a revista Página Aberta, que publica textos inéditos de escritores brasileiros e estrangeiros.

[ ACIOLI, Rosalvo ]  CARVALHO, Anete.  Presença de Rosalvo Acioli na literatura.  Maceió: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2012.  147 p.  15x22 cm.  ISBN  978-85-814228-0-7   Col. A.M.   Texto da jornalista Arlete Carvalho Machado de Oliveira sobre a obra poética, crítica e a atividade de promoção cultural de Rosalvo Acioli. Anete é formada pela Universidade Federal de Alagoas e é apresentadora da TV Educativa de Alagoas (Canal 03), emissora do Instituto Zumbi dos Palmares.

 

De
Rosalvo Acioli Júnior
MACEIÓ
Poesia
Maceió: Editora Senha, 1987.  59 p


Herança das águas

 

 

Rosalvo Acioli Júnior

 

 

I

 

Essas águas afloram peixes.

Essas águas bebem estrelas. 

 

 

II

 

Todas as águas que aqui murmuram

nasceram com a luz dos ventos:

as águas (génie de esperanças),

múltiplas, genitais, límpidas,

líquidos lírios brancos

que lavraram as sementes,

que estabeleceram as raízes. 

 

 

III

 

Aqui os homens fremem-se como peixes.

No fulgor da salsugem e maresia,

as águas crepitantes, a terra,

são evasões de sonhos e claridade.

 

Demais as criaturas sonham:

os goiamuns enlouquecidos

na lodosa flora da lagoa;

os mariscos floridos

nas areias etéreas do mar;

os peixes e o sururu embriagados

nas transparências em oferta.

 

Demais aqui, demais,

lírio de sal, plenitude de sol,

na fecunda constelação dos peixes. 

 

 

IV

 

Maceió, foz dos ventos,

de doidos sol e lua excursionistas

sobre este triste povo sorridente,

conservador e falso puritano,

grande parte pobre de fazer dó.

 

Maceió de ruas tortas

onde os transeuntes exalam mar

e estão a vagar, estão a vagar.

Ah, terra insular!

Ah, terra antigamente!

  

 

V

 

Por este azul-verde-sangue

resplendem os horizontes,

que a terra o céu habita,

e abraçados nos ventos livres

os coqueiros assonam em festa

as suas asas de anjo.

  

 

VI

 

Há uma ilha de coração,

canto de núpcias, sal e sangue,

cercado de mar e eternidade.

 

Incrustada a alma do poeta

num golpe de rosa e solidão. 

 

 

VII

 

(A noite derrama suave

sua pátria de estrelas

no mar cheio de línguas.

Bebe da taça o sangue

da multiplicação dos peixes.

A terra recolhe a espuma

e os beijos de sal.

 

A noite no mar derrama

seu esplendor de bosque negro.) 

 

 

VIII

 

Lagoa Mundau

filha dos rios do norte –

Mundau rio

anseia os seus ocultos amores

entre canais e ventos

que o dia rumina criaturas

nas redes dos pescadores.

 

Lagoa Mundau

de negro ventre

grávido de sururu.

  

 

IX

 

Não lhes deixe, ó águas,

que o veneno dos homens

abortem os seus filhos

que a vida nestas águas

é mais doce que a vida.

  

 

X

 

Diversa fonte da esperança

diga porque os rios bebe –

estrondosa invenção dos peixes

em que trescalam em ondas

os murmúrios antigos de Netuno.

 

Mar de Maceió,

razão em fluxo e refluxo

no passo a passo cadente

do coração espargido de luzes

no infinito parto das águas. 

 

 

XI

 

Que outras águas,

que outros ventos,

que outras luzes,

poderão existir

além – e muito –

da vertiginosa Maceió?

 

Sagram-se no pendor

de sonho e esperança,

filhos que se banham,

que se iluminam,

que se arejam,

pelas lagoas,

pelas praias,

pelos verdes na terra.

 

Versejem o azul do dia

e a negritude noturna

aquosos de sempre.

  

 

XII

 

Sempre (senão sempre)

revivem e renascem

habitantes e turistas

devotos da palma branca

do areal das praias,

verde pedra líquida,

das algas mágicas

que silvam a maresia

nos narizes rubros

ardendo a música do sol –

o coração morno

que enlaça os horizontes

(deitando-se na noite)

com sua cantilena de sonho

banhando as vazantes.

 

Currais de homens

cercando as criaturas.

  

 

XIII

 

Aqui estou, ó terra minha,

pungente sangue do seu sangue

nas criaturas em sementes

e nos brancos lírios da manhã.

 

Aqui estou, ó terra minha,

nos dedos inéditos das suas águas

que me passam olhos verdes.

  

 

XIV

 

Maceió, rima e rumo, riso e siso,

nas vidas e contra-vidas de faces

que sustentam e habitam os homens.

 


 

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De

Sonhos Imaginários
(Poesia),

de Rosalvo Acioli Júnior,

São Paulo: Global Editora, 1984.

 

 

Manhã de Midas

 

A aurora nasce em abóbora

e o céu risca-se em ouro.

 

Na manhã de Midas

a luz treluz azul –

 

Os homens olham

com olhos de peixe.

 

Augusto dos Anjos

Em sombra, a alma do poeta canta
– o infindo Eu de Augusto abarco –,
em ardoroso sustenido, marco,
generoso eco de sua fronte santa.

Vertido semente, o vate é planta
à sombra do tamarindo de Pau d’Arco,
lúcida angústia torcida em arco
removendo a vida em poesia tanta.

No âmago do tempo a voz, além morte,
faz da aguda tristeza suporte
de suas catedrais em purpúrea afasia.

Cresce, Augusto dos Anjos, teu fado.
Sobe, tamarindo, contemplado,
ó singularíssimo templo de poesia.


Igual

Iludo-me do tudo.
Trago-me do nada.
Igual sou do todo
em minhas diferenças.

Antonio Miranda (diretor da Biblioteca Nacional de Brasilia) à esquerda, Galeno Amorim ( Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, à direita da foto) com o poeta Rosalvo Acioli Júnior em Maceió, em agosto de 2011.

 

 

Página publicada em novembro de 2010 . republicada em agosto de 2011.

 

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