OTÁVIO CABRAL 
                             
                        Natural do município de Pilar, estado de Alagoas, além de poeta,  Otávio Cabral é ator e professor de Literatura  Dramática na Universidade Federal de Alagoas. 
                          
                      
                      De 
                        Otávio Cabral  
                        NOVENA 
                          A Poesia de Alagoas 
                            Jaboatão, PE: Editora Guararapes, 2003.  
                            Gentilmente enviada pelo editor Edson Guedes de Morais. 
                        
                      POEMA (QUASE)  TROVADORESCO 
                        COM SOTAQUE PORTUGUÊS 
   
                          São duas estrelas senhora 
                          São duas estrelas cadentes 
                          E essa tristeza presente 
   
                          Dizei-me são males d´outrora 
                          Males que a carne devora 
                          Ou vêm do mel do pecado 
                          Quando nos olhos desovam 
   
                          Quisera poder abrandar-te 
                          Podar essa imensa tristeza 
                          Deitando marcas no corpo  
                          Somando fel à beleza 
   
                          Não sei quantas vezes adeus 
                          nem sei se ou quando ou talvez 
                          insultaste-me a memória 
                          sequestrando o corpo à fala 
   
                          Só sei quão severo é o tempo 
                          Senhora trançando as rendas 
                          Tecendo as malhas do corpo 
                          Com as penas vossas apenas 
   
   
  DOR 
   
    Não tenho de meu como há em Bandeira 
    uma casa inda que só na memória 
    Para abrigar o que restou da infância 
   
    Se é que restou tantas foram as mudanças 
    Nas casas por onde passei nenhuma 
    Ficou em meu peito para abrigar 
   
    Os pedaços de tempo sobraram 
    Ficaram apenas retalhos de rua 
    E as marcas das sovas da minha mãe 
   
   
                      APENAS CLARFA APENAS LUA 
                       
                        Bem mais que inútil 
                        Esse teu véu 
                        Se o desatas 
                    Quando está nua 
                Bem  mais prudente 
                        Esse teu céu 
                        Que te acoberta 
                        Se a possuo 
   
                        De que te serve 
                        Um véu ou céu 
                        Se cais tão bem 
                        Na roupa crua? 
   
                        Como nas vestes 
                        Em pele nua 
                        Apenas clara 
                        Apenas lua 
   
                        Quando te afago 
                        E me anuncias 
                        Que a noite alta 
  É quase dia 
   
                        E mais ousada 
                        Me reconvocas 
                        E me maltratas 
                        Ao fim da rua 
   
 
                        
                      
                      Extraído de: 
                            2011  CALENDÁRIO   poetas     antologia 
                        Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010. 
                        Editor: Edson Guedes de Morais 
                      
                      / Caixa  de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas  incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta,  escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de  Portugal. Produção artesanal.  
                        
      Página publicada em agosto  de 2010 
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